A inovação tem um papel fundamental dentro do cooperativismo. Desde o seu surgimento, as cooperativas mostram como inovar com propósito, sempre pautadas pelas necessidades das pessoas. E a Cooperativa COMIGO, localizada em Rio Verde, é a prova de que é possível inovar através dos pequenos passos do dia a dia.
Encerrando mais uma edição da Tecnoshow COMIGO, a cooperativa mostrou eu seu palco, novidades que irão impulsionar a atividade rural, auxiliando os produtores a atingirem o seu máximo potencial. Mas como inovar de forma sustentável?
A MundoCoop, presente durante a Tecnoshow 2024, conversou com exclusividade com o Gerente de Geração e Difusão de Tecnologia na Cooperativa COMIGO, Eduardo Hara. Na conversa que você confere a seguir, ele comenta sobre suas perspectivas sobre a inovação dentro do cooperativismo e como o tema tem sido adotado pela COMIGO.
Confira!
Poderia explicar qual a sua função dentro da cooperativa COMIGO?
Atualmente, eu estou como gerente de geração e difusão de tecnologia e o meu papel aqui é dar suporte e apoio para minha equipe de pesquisa.
Hoje, eu tenho sete pesquisadores, todos com doutorado, sendo seis agrônomos e um veterinário. E eles trabalham fazendo pesquisas relativas à área de pecuária e agricultura, buscando novas soluções, validando tecnologias que possam estar acessíveis para minha equipe técnica de veterinários e agrônomos e também aos cooperados.
O que você tem observado de inovação dentro do cooperativismo? O que você pode trazer para gente?
A própria busca da inovação já é uma inovação! O fato das cooperativas realizarem hackathons e eventos nesse sentido, pensar diferente, já é uma inovação. Eu vejo isso como um ponto muito positivo!
Muito se fala em inovação, mas atrelada a tecnologia, justamente. Na inovação, nós temos que falar também de pessoas.
A inovação são pessoas e processos. Acho que essa questão é muito importante. As vezes falam “ah, para inovação vou inventar um novo software, um drone, uma coisa científica”, mas não é só isso porque são pessoas que estão por trás disso. Além de tudo passar por uma série de processos, que também envolvem pessoas.
Então, na inovação temos que desmistificar essa questão de só ser sobre tecnologia. A tecnologia representa como isso vai acontecer, mas não a inovação em si. Ou seja, a inovação é o fim. Às vezes, a própria mudança de um processo é uma baita inovação.
E a inovação também não precisa ser algo grandioso, pode ser uma inovação pequena, não é?
Tudo faz parte! As pessoas às vezes quando pensam em inovação, podem pensar “ah, eu não sou criativo, eu não vou inovar”, mas esquecem que uma pequena mudança no processo, uma pequena diferença na forma de olhar já é capaz de gerar uma transformação que pode ser inovadora.
Quais inovações vocês têm conseguido trazer para a cooperativa?
A própria OCB arganiza há dois anos um hackathon envolvendo as cooperativas parceiras aqui de Goiás e, no ano passado, no GO COOP 2, que é essa maratona de inovação, nós ficamos em primeiro lugar, levando uma proposta de inovação que seria uma ferramenta voltada para parte agrícola chamada DRIS COMIGO, com o objetivo de ajudar na diagnose da adubação foliar na cultura da soja.
E melhor, é uma ferramenta específica para nossa região, para as nossas cultivares de soja. Ou seja, nós vamos customizar a solução para o nosso cooperado ter uma compra mais assertiva de produtos e para o nosso agrônomo fazer uma recomendação mais assertiva.
Após venceram esse hackathon, o projeto já está sendo colocado em prática?
Nós estamos em processo de validação. Nesse sentido, validamos com algumas propriedades de produtores testando a plataforma e a nossa ideia é sim, na próxima safra, já ter isso disponível para nossa equipe de agrônomos poder fornecer um serviço melhor para o nosso cooperado.
Sua equipe é composta por pesquisadores e ocupa um papel importante nas atividades. Qual o incentivo da cooperativa na atuação de vocês?
Esse incentivo acontece, principalmente, na questão estrutural. Áreas para fazer trabalhos, maquinários, mão de obra, equipe de apoio. A cooperativa dá todo o suporte necessário para podermos desenvolver os trabalhos.
Em uma situação de aquisição de máquinas, por exemplo, a cooperativa investe, em valores muitas vezes maiores, acreditando que com a colhedora específica nós vamos ter resultados melhores e ainda mais assertivos para validar nossos experimentos.
Durante nossa conversa, você nos contou que a equipe fez uma viagem para a China. Poderia nos contar um pouco do que trouxeram de lá?
Essa viagem foi referente a premiação ao primeiro lugar que nós conquistamos no GO COOP 2, que foi a maratona de inovação. Aqui na cooperativa nós somos uma equipe de três colaboradores e nós fomos premiados, assim como outras posições, para fazer uma viagem técnica para China, para conhecer o ambiente de inovação, o ecossistema de inovação chinês. E foi muito!
Primeiro, culturalmente é uma quebra de paradigma muito grande e, tecnicamente, você vê um jeito diferente de pensar, com muito pragmatismo, mas pragmatismo com ação muito voltada para resultado final em benefício à sociedade.
Vocês tiveram contato com alguma ação de lá que possa ser aplicada aqui na COMIGO?
Sim! O que eu vejo muito é sobre a questão estrutural, que é fundamental para o produtor rural que está nas regiões mais distantes, de difícil acesso.
Na China, existe uma população rural de 500 milhões de pessoas vivem no mundo rural e essas 500 milhões de pessoas tem 90% de internet de cobertura. Isso é fundamental para obter informação e fazer negócios. Então, essa é a lição que eu tive que pode ser aplicada ao nosso mundo rural. Se quisermos dar qualidade de vida ao nosso produtor rural que está mais distante, é preciso levar a informação para ele e é extremamente importante ter infraestrutura porque hoje em dia internet é uma questão estrutural fundamental para o produtor.
Por aqui os cooperados acabam largando a função no campo e indo para a cidade?
Eu não diria que existe esse êxodo, mas algumas atividades, principalmente na pecuária, que tem sofrido nos últimos anos, muitos produtores têm abandonado a atividade ou arrendado para outras culturas, como soja. Nisso, eles continuam na propriedade, mas não exercem a atividade, arrendando a terra.
Agora, voltando para o tema principal que é a inovação. Como que você enxerga essa juventude de cooperados que está iniciando no campo?
Olha, eu enxergo o primeiro com otimismo, porque provavelmente a geração dos pais, os avós, era uma geração que não era digital, e esse pessoal vindo com a cabeça digital, eu acredito que vai fazer uma mudança muito maior na propriedade, poder fazer uso de ferramentas que vão gerar agilidade, confiabilidade, mais dados para tomada de decisão.
Eu acredito muito nessa juventude, desde que ela esteja aberta a isso!
Hoje não é possível mais expandir horizontalmente, você tem que verticalizar a produção. E para verticalizar não basta só ter insumos e máquinas, é preciso ter conhecimento. E esse conhecimento pode ser a chave para alavancar a verticalização da produção. Isso tudo com tecnologia e inovação.
Como que você enxerga o futuro do cooperativismo e do agronegócio?
Eu vejo com bastante otimismo. Indo para a China nós vemos que existe uma demanda muito grande do mercado por causa de soja, por exemplo, e não existe um país em condições tão boas como nós para fornecer isso. Mas temos que estar preparados e fazer isso de uma maneira sustentável, produzir da maneira correta, como o produtor faz, procurando ter menos, menos impacto no meio ambiente, como já é feito hoje em dia. Eu vejo um futuro bem promissor!
A cooperativa COMIGO está trabalhando em alguma novidade quesito de inovação para um futuro próximo?
Sim, nós estamos. A cooperativa sempre fortaleceu a inovação fomentando cursos e fomentando as equipes e a nossa ideia é, em futuro breve, criar um comitê de inovação com várias áreas, para que a inovação não ocorra só na agricultura, mas também na parte administrativa, na parte de TI e assim por diante. Temos pessoas de várias áreas que podem contribuir para criar um comitê de inovação e poder direcionar as demandas que chegam para cada área.
Cobertura exclusiva
Convidada pelo pool de jornalistas oficial da Tecnoshow COMIGO, a MundoCoop esteve presente durante toda a Feira, trazendo conteúdos exclusivos e os maiores insights a respeito dos temas que foram destaque e que serão essenciais para o futuro das cooperativas agro e todo o setor.
Para conferir as principais novidades da Tecnoshow COMIGO 2024, confira o portal da MundoCoop e as redes sociais, para conteúdos inéditos.
Por Redação MundoCoop
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