O Sistema Cresol é um dos grandes expoentes do atual momento do sistema financeiro nacional. Com ampla atuação no país, as cooperativas do sistema se destacam em municípios de até 50 mil habitantes, e hoje caminham para a marca de 1 milhão de cooperados, com mais de 870 agências e perspectivas para chegar a 1.500 nos próximos seis anos.
Em pleno crescimento, com agências em São Paulo e Mato Grosso, a Cresol caminha rumo ao Norte do Brasil com grandes expectativas, para em breve estar presente e atuante em todas as cinco regiões do país. Com foco nos pequenos e médios produtores, e indo também muito além disso, é fato que o momento é de virada, rumo a novos horizontes.
Para celebrar esse momento e trazer um panorama completo sobre essa fase de expansão, a MundoCoop conversou com exclusividade com o Presidente da Cresol, Cledir Magri. Em entrevista, ele fala sobre o histórico do sistema cooperativo, traz uma reflexão sobre os desafios atuais do cooperativismo de crédito e ainda, compartilha expectativas sobre o futuro da Cresol e do sistema como um todo.
Confira na íntegra!
Com um crescimento consolidado nos últimos anos, a Cresol apresentou como objetivo alcançar a marca de 1 milhão de cooperados até o final de 2024. Quais são as estratégias para atingir tal marca? Como expandir o movimento cooperativista de forma efetiva?
As estratégias passam pela ampliação no número de cooperados em cidades onde nós já possuímos agências há mais tempo, mas também o propósito de ampliar o número de cooperados em novas regiões, novos estados, um movimento que ganhou força aí nos últimos anos. E isso tudo só é possível porque, de fato, lá na gênese do sistema, os nossos pioneiros criaram uma organização não só para eles, mas uma organização que pudesse crescer e atender tantas outras pessoas que necessitam de produtos, serviços, soluções financeiras, da experiência da Cresol. E isso seguramente dialoga muito com a marca de 1 milhão de cooperados.
Entendemos que o crescimento do movimento como um todo passa por um conjunto de aspectos que precisam ser articulados. E quais são eles? Eu entendo que passa pelo aspecto da educação, pela educação cooperativista, educação financeira; passa pelo princípio da intercooperação, de uma aproximação e uma articulação maior entre os sistemas e entre os diferentes ramos do cooperativismo; passa por um processo mais unificado de comunicação com a sociedade sobre os diferenciais, os propósitos, as entregas, efetivamente, que o cooperativismo acaba produzindo.
A expansão de agências físicas segue como uma grande meta da Cresol. Por que é tão importância investir em espaços físicos mesmo em um momento com predominância digital? Como equilibrar esses dois aspectos de forma que contemple todos os públicos?
A Cresol seguirá, sim, com a estratégia de abertura de agências físicas, até porque nós estamos num momento ainda em que o perfil do nosso público demanda ainda muito esse atendimento presencial. Nos últimos anos, nós ampliamos a abertura de agências, mas, ao mesmo tempo, nós avançamos também de maneira significativa na estrutura do atendimento virtual, por meio da nossa Cresol Conecta. O grande esforço do Sistema Cresol está em colocar à disposição da comunidade, a possibilidade de escolher a maneira que pretendem serem atendidas.
Nós entendemos que esta situação do físico e do digital se apresenta como o maior desafio do cooperativismo financeiro brasileiro. Então, se nós tivermos a sabedoria, a capacidade de equilibrarmos esse atendimento presencial, físico, humanizado, e seguir qualificando e ampliando a estrutura do atendimento das plataformas tecnológicas, seguramente esse será um fator de sucesso.
Trago isso à tona porque, a grosso modo, a indústria financeira brasileira possui três grandes modelos: nós temos um modelo mais tradicional, mais convencional, que ele é quase centenário, no Brasil e no mundo; nós temos esse movimento recente da estrutura totalmente digital, 100% digital, onde não há possibilidade de você ir até uma agência. E temos o cooperativismo, que busca disponibilizar essas duas possibilidades, segue no processo de abertura de agências e, ao mesmo tempo, intensifica o processo do atendimento pelas plataformas digitais. Acreditamos que este será o modelo e seguiremos com esse modelo aí pelos próximos anos.
Nós avaliamos que o nosso futuro seguirá sendo extremamente promissor, importante como geradores de renda e qualidade de vida, mas, acima de tudo, grandes geradores de prosperidade, de felicidade na vida das pessoas. Isso é uma característica intrínseca do cooperativismo e eu acredito que nós seguiremos assim.
Recentemente, o Relatório de Sustentabilidade da Cresol mostrou uma expansão das ações de impacto social e ambiental, com o sistema incorporando 3 novas ODS da ONU. O que isso representa na prática da instituição? Como esse tipo de incorporação impacta cooperados e colaboradores?
Aqui de novo se faz necessário nós realizarmos uma viagem no tempo e voltarmos lá em 1995, de maneira especial naquele 24 de junho, quando os 27 agricultores constituem o Sistema Cresol. Se nós buscarmos os depoimentos desses, fica muito evidente que, naturalmente, à época não se falava em ODS, não se falava em ESG, mas as intenções e as ações que foram organizadas por eles lá no início do sistema já carregavam um extraordinário compromisso com essa temática.
Nos últimos anos, com a publicação do nosso Relatório de Sustentabilidade, nós temos maiores condições de termos dois movimentos. O primeiro movimento é de conseguir materializar tudo aquilo que nós fizemos do ponto de vista efetivo em iniciativas que dialogam com os nossos hoje 14 ODS e também nos ajudam a demonstrar pra sociedade aquilo que nós fizemos dentro da questão social, ambiental e de governança.
E, ao mesmo tempo, a produção do relatório nos permite identificar as oportunidades e avanços que ainda se fazem necessários dentro da nossa estrutura, até porque essa é uma pauta inesgotável, que amplia cada vez mais a sua relevância. A Cresol segue muito atenta e muito comprometida com as ações concretas e efetivas e, dentro da nossa área de atuação, nas nossas agências distribuídas Brasil afora, buscamos traduzir em iniciativas que dialogam com essa temática.
Como a Cresol enxerga o segundo semestre desse ano para o cooperativismo financeiro brasileiro? Como o cenário atual pode impulsionar as cooperativas nos próximos anos?
Nós vivemos, enquanto sociedade brasileira e sociedade global, e de maneira recorrente, grandes desafios. Desafios econômicos, desafios políticos, desafios climáticos. Aqui não há como não destacar a situação envolvendo a catástrofe no Rio Grande do Sul, que traz uma reflexão importante sobre a nossa relação com o meio ambiente. Vale destacar também que o cooperativismo, neste caso, tem cumprido um papel de fato valoroso e primordial no apoio às comunidades, no apoio à reconstrução do Estado.
Neste segundo semestre, a gente vai seguir tendo impacto desses cenários, sendo eles por vezes nacionais ou internacionais, e nós entendemos que, historicamente, nos momentos de maiores dificuldades, de maiores crises, o cooperativismo precisa dar ainda mais as respostas da sua relevância, da sua constituição.
Nós olhamos este segundo semestre com possibilidades de seguir crescendo. No que diz respeito a esse aspecto de como o cenário atual pode influenciar as cooperativas nos próximos anos, sempre é bom dizer que o cooperativismo é um movimento oficialmente constituído lá em 1844, então é um movimento secular. Nós avaliamos que o nosso futuro seguirá sendo extremamente promissor, relevante, importante como geradores de renda e qualidade de vida, de bem-estar, de riqueza, mas, acima de tudo, grandes geradores de prosperidade, de felicidade na vida das pessoas. Isso é uma característica intrínseca do cooperativismo e eu acredito que nós seguiremos assim.
Por Leonardo César – Redação MundoCoop
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