A previdência complementar historicamente representa um desafio para as instituições financeiras, justamente por ser um produto de longo prazo cujo valor efetivo só se revela com o tempo. No entanto, no universo do cooperativismo, ela ganha uma nova dimensão: deixa de ser apenas uma solução para a aposentadoria e passa a atuar como um produto âncora, capaz de impulsionar a fidelização dos cooperados, diferenciar a cooperativa no mercado e sustentar estratégias de crescimento no longo prazo.
Produtos que constroem vínculos e fortalecem o ecossistema
Enquanto muitos produtos de previdência no mercado tradicional, especialmente os oferecidos por bancos e seguradoras, operam com taxas de administração que variam entre 1,3% e 3% ao ano, comprometendo significativamente a rentabilidade dos participantes, as entidades fechadas de previdência complementar (EFPCs) se destacam com taxas médias muito mais baixas, em torno de 0,28% ao ano. Essa diferença impacta diretamente os resultados líquidos dos planos e tem se mostrado um importante diferencial competitivo.

Seguindo esse modelo mais justo e transparente, a cooperativa financeira Unicred reafirma seu compromisso com os princípios cooperativistas por meio do Precaver – maior plano instituído do Brasil, é uma previdência associativa exclusiva para cooperados e colaboradores. Com uma das menores taxas de administração do mercado, apenas 0,25% ao ano, o Precaver amplia os ganhos futuros dos participantes ao reduzir a margem institucional e colocar o cooperado no centro da estratégia.
De acordo com a CEO da Quanta Previdência, Denise Maidanchen, esse movimento está alinhado à tendência global de customer-centricity, em que o foco está na geração de valor para o cliente, e não apenas na rentabilidade da operação.
“Essa lógica segue o conceito de produto âncora: soluções que entregam valor real e constroem relacionamento duradouro, permitindo que a cooperativa desenvolva uma jornada financeira completa para o cooperado. A previdência, nesse modelo, atua como porta de entrada para seguros, investimentos e crédito, sem abrir mão da essência cooperativista”, salienta a CEO.
Esse tipo de estratégia já faz parte de grandes negócios globais. Marcas como Amazon, Xiaomi e outras utilizam produtos com margens reduzidas para atrair clientes, enquanto geram receita indireta por meio de outros produtos acoplados, com maior rentabilidade e ajudam a estabelecer um vínculo duradouro com os consumidores.
Plano sob medida como ferramenta de valorização
Assim como grandes marcas utilizam produtos âncora para estreitar vínculos com seus clientes e fortalecer o ecossistema ao redor, cooperativas brasileiras já começam a adotar essa lógica em suas estratégias. A Unimed Uberlândia é um desses exemplos: transformou a previdência complementar em um instrumento institucional de valorização do cooperado e sustentabilidade organizacional.
Em 2021, a cooperativa médica instituiu dois fundos estratégicos: um voltado à valorização e benefício dos cooperados e outro destinado a investimento, competitividade e sustentabilidade. A partir do primeiro, nasceu a proposta de criar um plano de previdência específico, como parte de um pacote mais amplo de benefícios.
A estratégia deles foi além da oferta tradicional de previdência para seus cooperados. Após uma análise criteriosa do mercado, a cooperativa escolheu o plano Cooprev, administrado pela Quanta Previdência. Segundo Francisco Tavares, CEO da Unimed Uberlândia, a flexibilidade do Cooprev em atender cooperativas e empresas com aportes via contas PJ foi decisiva, pois permitia estruturar uma política institucional de longo prazo.
“A gente entendeu que a previdência fazia muito sentido dentro de um pacote de valorização. O modelo da Quanta nos permitiu construir uma solução sob medida para o nosso cooperado, respeitando a heterogeneidade do nosso quadro: temos cooperados mais jovens e mais experientes. Buscamos um plano que ajudasse na educação financeira e na programação do futuro, com flexibilidade, do cooperado poder ao longo do ciclo ter versatilidade de mudança de aplicação e boa rentabilidade”, explica o diretor.

No modelo adotado, a Unimed arca com um aporte mensal equivalente a uma consulta, enquanto o cooperado contribui com o valor de duas: uma direcionada à previdência e outra ao seguro, compondo um modelo robusto de proteção e planejamento. O resultado foi uma adesão expressiva, com cerca de 600 cooperados participando do plano — um número superior ao registrado em assembleias gerais da própria cooperativa.
Fidelização: motor de crescimento no cooperativismo financeiro
Além de se consolidar como um produto capaz de gerar valor contínuo e fortalecer vínculos duradouros, a previdência também se revela uma ferramenta estratégica de fidelização no cooperativismo financeiro. Esse movimento mostra como a previdência pode ultrapassar sua função tradicional e atuar como elo entre o cooperado e a instituição, promovendo engajamento, confiança e permanência.
Pesquisas de mercado mostram que clientes com previdência em uma instituição têm uma retenção até 70% maior do que aqueles que só utilizam produtos de conta corrente ou crédito. Na Quanta, a taxa média de fidelização dos participantes dos três planos chega a 92%, o que reforça o papel estratégico da previdência para ampliar vínculos duradouros com os cooperados. A Unicred comprova isso na prática: mais de 40% da sua base de cooperados aderiu ao plano Precaver. Esse número é especialmente significativo quando comparado ao mercado tradicional, refletindo um engajamento que vai além da simples adesão a um produto financeiro.
Ele tem impacto direto na relação dos cooperados com a instituição. Na prática, a previdência se consolida como um dos pilares do planejamento financeiro promovido pela cooperativa, como destaca Douglas Corrêa, assessor de investimentos da Unicred Regional Conexão.
“O precaver colabora na estratégia da Unicred em fomentar a educação financeira, na cultura de construção de reserva no longo prazo, na conscientização através da disciplina financeira e visão no planejamento sucessório. Através do plano, é possível construir a reserva de aposentadoria, complementando a previdência pública, sem pagar impostos semestrais como nos fundos de investimentos, com isenção de taxas de carregamento e baixas taxas de administração. Além disso, o plano possui, independente do perfil escolhido, uma gestão altamente eficiente, gerando resultados extremamente competitivos”, ressalta Douglas.
Previdência como ferramenta de monetização para as CooperativasSe por um lado a previdência fechada pode oferecer grandes benefícios financeiros aos cooperados, por outro lado, as cooperativas fazem a distribuição e além dos ganhos indiretos, possuem ganhos diretos, como forma de monetização das vendas. Ao contrário dos bancos tradicionais, que distribuem comissões elevadas pela venda da previdência, que estão embutidas nas taxas elevadas, as cooperativas recebem comissões significativas, pelo volume gerado, sem abrir mão de seus princípios cooperativistas de equidade e mutualismo.
A estratégia adotada tem sido a integração da previdência dentro de um portfólio completo de produtos de maior monetização, como proteções familiares com coberturas de pensões por morte e invalidez, formando um ecossistema financeiro mais completo. Dessa forma, a previdência não é vista apenas como um produto isolado, mas como um catalisador para criar um relacionamento duradouro com o cooperado e oferecer mais valor ao longo do tempo.

Na prática, esse modelo tem se mostrado altamente eficaz. A Viacredi, maior cooperativa de crédito do Brasil ligada ao sistema AILOS, é um bom exemplo. A busca por uma solução de previdência levou eles, ainda em 2018, a iniciar uma parceria com a Quanta Previdência. Assim nasceu o Prevcoop, plano que se consolidou como uma solução robusta aos cooperados, e que hoje conta com mais de 93 mil participantes ativos no plano.
Para o diretor da Viacredi, Vanildo Leite, com essa parceria, foi possível oferecer acesso a quatro pilares do planejamento financeiro, além de ser uma importante ferramenta de fidelização. “A previdência vai muito além de um produto financeiro, ela nos permite oferecer ao cooperado soluções que abrangem aposentadoria, planejamento tributário, sucessório e financeiro. Os benefícios vão desde incentivos fiscais no presente até segurança e autonomia no futuro, com um processo sucessório mais simples e humanizado. Mais de 80% dos que contratam o Prevcoop demonstram alto engajamento, o que reforça que estamos no caminho certo”, reforça o diretor.
Para fortalecer essa estratégia, as cooperativas devem, primeiramente, reforçar a narrativa de benefícios aos cooperados, explicando que a rentabilidade superior e o impacto financeiro a longo prazo do plano de previdência compensam a ausência de rebates imediatos.
Denise destaca que a previdência é uma “solução que conecta propósito, permanência, resultado e legado o que a torna uma poderosa ferramenta de fidelização e crescimento, promovendo uma relação contínua e de confiança entre as cooperativas e seus membros”.