O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se nesta quarta-feira (12) com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Niágara, no Canadá, à margem da reunião do G7, grupo das maiores economias industriais do mundo. O encontro teve como foco o andamento das negociações bilaterais sobre tarifas comerciais.
Nova rodada de diálogos e expectativa por avanços
Em mais uma tentativa de destravar o tarifaço, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, teve uma nova conversa nesta quarta-feira (12/11) com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio. O chanceler aproveitou o encontro no Canadá para informar ao americano que o governo brasileiro encaminhou, no último dia 4 de novembro, uma proposta de negociação para as sobretaxas aplicadas aos produtos nacionais.
A reunião entre eles foi rápida e aconteceu no intervalo das sessões do G7, grupo que está reunido no Canadá e concentra algumas das maiores economias do mundo. O Valor apurou que, após este breve encontro, Vieira está de sobreaviso para a possibilidade de ser chamado pela Casa Branca para uma nova conversa já nesta quinta-feira (13/11).
Se a reunião for confirmada pelos anfitriões, os dois devem tratar principalmente da proposta brasileira encaminhada ao governo americano, que busca um congelamento de aproximadamente 90 dias para as tarifas aplicadas contra o Brasil. Este é um pleito do governo Luiz Inácio Lula da Silva desde o início das tratativas.
O argumento da diplomacia brasileira é que não se pode sentar para negociar com tarifas tão altas em vigor atualmente.
Em nota, após o breve encontro, o Ministério das Relações Exteriores disse que o chanceler relatou a Rubio os entendimentos mantidos até agora, no nível técnico, sobre o tarifaço.
Além disso, Vieira teria lembrado o secretário americano que Lula e Trump combinaram que as tratativas precisam “avançar” entre os dois países.
“[Vieira] informou que a parte brasileira encaminhou no dia 4/11 uma proposta de negociação à parte americana, após reunião virtual. Mauro Vieira reiterou a Rubio a importância de se avançar na negociação, conforme determinado pelos Presidentes Lula e Trump na Malásia”, explicou o Itamaraty.
“[Eles] concordaram em agendar uma reunião presencial entre ambos, em data próxima, para discutir o atual estágio da negociação”, conclui a nota.
Agora a expectativa é que o chanceler brasileiro seja chamado por Rubio para se deslocar até Washington, capital dos Estados Unidos, onde fica a sede do Poder Executivo americano.
A conversa de ontem foi a segunda reunião presencial entre auxiliares de Brasil e Estados Unidos desde que Lula e Trump se reuniram presencialmente no mês passado na Malásia. A primeira reunião técnica entre as partes também aconteceu no país asiático, mas não teve, naquela ocasião, a participação do secretário Marco Rubio.
Na data em questão, os Estados Unidos enviaram apenas o Representante Comercial (USTR), Jamieson Greer, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Já o Brasil foi representado pelo chanceler Mauro Vieira, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro, da Assessoria Especial da Presidência.
O secretário Marco Rubio é um dos autores intelectuais das sanções políticas contra o Brasil. Foi ele quem defendeu nominalmente a aplicação da Lei Magnitsky contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o Itamaraty, o Brasil encaminhou aos Estados Unidos, em 4 de novembro, uma nova proposta de negociação, resultado de uma reunião virtual entre as equipes técnicas dos dois países. Vieira destacou que o objetivo é avançar nas tratativas conforme a orientação dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, que trataram do tema em um encontro recente na Malásia.
Os ministros concordaram em realizar uma nova reunião presencial nas próximas semanas para avaliar o estágio atual das conversas e buscar entendimento sobre as medidas tarifárias impostas por Washington.
Em 26 de outubro, durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur, Lula se reuniu com Trump por cerca de 50 minutos. O presidente brasileiro pediu a suspensão imediata do tarifaço enquanto as negociações estivessem em curso, argumentando que não há motivo para desavenças entre os dois países.
Em julho, o governo norte-americano anunciou um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA, além da revogação de vistos de autoridades brasileiras. A medida gerou forte reação diplomática em Brasília.
“O Brasil tem interesse em ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há razão para que haja qualquer desavença. Quando dois presidentes se reúnem e colocam seus pontos de vista, a tendência natural é chegar a um acordo”, afirmou Lula.
Na semana passada, o presidente disse que voltaria a telefonar para Trump caso não houvesse avanços até o encerramento da COP30, que ocorre em Belém (PA).
Fonte: Conexão rural e Globo Rural com adaptações da MundoCoop












