A comunicação é uma das bases para a sustentabilidade do cooperativismo de crédito brasileiro, e as cooperativas precisam estar atentas a esse fator para garantir o crescimento e fortalecimento do segmento no Sistema Financeiro Nacional. O tema foi destaque na sexta edição do projeto BC UNEVozes, realizada no dia 30 de julho pela Confebras em parceria com o Banco Central, com transmissão para todo o Brasil.
Com a presença de seis representantes do BC, o painel destacou os principais desafios e oportunidades de aprimoramento da comunicação com as cooperativas, com foco nas independentes – não ligadas a sistemas – com orientações sobre boas práticas e perspectivas de atuação em conjunto para melhorar a interlocução com o setor.
O chefe do Departamento de Supervisão de Cooperativas e de Instituições não Bancárias (Desuc), Adalberto Felinto da Cruz Júnior, destacou que a instituição reguladora tem dedicado atenção especial às cooperativas independentes pelo papel delas para a capilaridade e a inclusão financeira. Segundo ele, é preciso que as cooperativas estejam atentas às normativas do Banco para evitar riscos desnecessários, fortalecer a governança e garantir a sustentabilidade do segmento cooperativista no longo prazo.
“Temos o grande desafio de fortalecer ainda mais o cooperativismo e só existe uma maneira de caminharmos dentro desse processo: a cooperação, a união, trabalhar em conjunto; ouvindo, dialogando, gerando uma única voz. O sentido do BC UNEVozes é esse”, ressaltou.
O presidente da Confebras, Luiz Lesse, ressaltou a importância de um espaço de diálogo como o BC UNEVozes e afirmou que a Confederação está empenhada em apoiar as cooperativas independentes para ampliar a voz do setor junto ao Banco Central e buscar respostas para desafios em comum.
“Temos no BC UNEVozes uma grande oportunidade de praticar a intercooperação, se unir e socializar cada vez mais o conhecimento de interesse das cooperativas financeiras.
Boas práticas de comunicação
Em uma apresentação com informações voltadas para o dia a dia das cooperativas independentes, o chefe adjunto do Desuc, Ívens Aruã Neves de Miranda, afirmou que a comunicação é essencial para o bom funcionamento dos processos de organização, supervisão e fiscalização e destacou que o tema é uma prioridade para o BC.
“A comunicação é a base do funcionamento das organizações; é o que proporciona o crescimento sustentável das cooperativas de crédito. O BC UNEVozes é importante para reforçar que o canal de comunicação entre o Banco Central e as cooperativas, principalmente as independentes, já existe – e é a raiz desse crescimento e sustentabilidade do cooperativismo de crédito”.
Segundo Miranda, muitos problemas enfrentados pelas cooperativas têm origem em dificuldades de comunicação. Por isso, o banco vem reforçando a importância desse aspecto, tanto na supervisão quanto na organização interna do segmento.
“A comunicação com o órgão regulador é um ativo importante e exclusivo do modelo brasileiro de cooperativismo de crédito. Não é uma mera formalidade, mas um dos grandes alicerces do crescimento sustentável que temos identificado no setor”, ponderou.
Apesar do aprimoramento na comunicação com as cooperativas independentes nos últimos anos, Miranda destacou que há muitas oportunidades de melhora, recomendou boas práticas e destacou que falhas no processo geram retrabalho, perda de oportunidades, ineficiência e riscos regulatórios.
“A comunicação constrói pontes e derruba obstáculos. A ponte nós construímos há bastante tempo, mas sempre podemos colocar mais um tijolo, reforçar esse alicerce e melhorar a fluidez dessa comunicação”, resumiu.
Boas práticas de comunicação entre cooperativas independentes e o Banco Central
- Acessar diariamente os canais de comunicação do Banco Central (e-mail, APS-SISCOM, Catálogo de Serviços do SFN).
- Ter uma gestão responsável dos prazos.
- Utilizar o canal de respostas indicado pelo Banco Central de acordo com a demanda.
- Manter o cadastro atualizado com representantes estatutários responsáveis.
- Consultores externos só devem participar de reuniões com autorização dos dirigentes estatutários.
- Supervisão não é consultoria: o Banco Central não orienta, não indica fornecedores, nem valida negócios.
- Respeitar o sigilo institucional: é proibido gravar reuniões com o órgão supervisor.
- Confirmar presença em reuniões.
- Usar certificação digital para assinatura de documentos.
Durante a apresentação, Miranda apresentou a nova equipe responsável pela supervisão das cooperativas independentes, representada no evento pelo chefe de Subunidade do Desuc, Leandro Mattei; e pelo supervisor de Fiscalização do Desuc, João Antônio Domingues de Salles, que atuam em Porto Alegre (RS).
“Faz parte da cultura do Banco Central ter transparência e diálogo aberto. Quero deixar uma mensagem sobre a importância da boa comunicação entre o Banco Central e as cooperativas independentes como agentes comprometidos com a boa governança”, afirmou Mattei.
Dados e organização
O chefe adjunto do Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf), João Luiz Faustino Marques, também ressaltou o papel da interlocução entre Banco Central e as cooperativas como estratégia para garantir o crescimento do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), com impactos para os cooperados e a sociedade.
“Uma comunicação fluida, objetiva e tempestiva é essencial para o desenvolvimento não só das cooperativas de crédito, mas para qualquer instituição financeira, porque é por meio dela que as informações são difundidas. Na sociedade de hoje, no mercado financeiro, a informação é essencial”, pontuou.
O chefe de subunidade do Deorf, Alexandre Martins Bastos, apresentou alguns instrumentos de comunicação entre o BC e as cooperativas, com destaque para o Manual de Organização do Sistema Financeiro (Sisorf), que deve ser sempre consultado para a devida instrução de pleitos junto ao Deorf. No manual, as instituições encontram os procedimentos e requerimentos necessários para garantir o envio adequado de informações ao órgão regulador, evitando erros e pedidos de exigência e, com isso, propiciando maior celeridade na análise do processo.
O primeiro passo, segundo Bastos, é garantir o preenchimento correto das informações sobre as cooperativas no Sistema de Informações sobre Entidades de Interesse do Banco Central (Unicad) e ficar atento aos canais oficiais de interação – principalmente o BC Correio, canal institucional utilizado pelo Deorf na comunicação com as instituições reguladas.
“É fundamental que as cooperativas independentes abram todos os dias o BC Correio para verificar as comunicações enviadas pelo Banco Central. Essa é a nossa porta para abrir o diálogo com vocês”, orientou.
Fonte: Confebras