As cooperativas financeiras ganharam um novo canal de comunicação e informação com o Banco Central do Brasil: o BC UNE Vozes. Desenvolvido em parceria com a Confebras, o projeto prevê, em 2024, quatro eventos online sobre temas fundamentais para o cooperativismo financeiro, com foco nas cooperativas singulares independentes.
Na primeira rodada, realizada nessa segunda-feira (29 de abril), os representantes do Banco Central detalharam a Resolução Conjunta nº 8/2023, que regulamenta as medidas de educação financeira no Sistema Financeiro Nacional (SFN), e como as cooperativas devem se preparar para implementar as novas regras a partir de 1º de julho de 2024.
“O Banco Central mantém diálogo permanente com o cooperativismo de crédito no intuito de fortalecê-lo, e uma demonstração clara disso é o convênio com a Confebras. O BC UNE Vozes é uma iniciativa que está no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica e pretende ser um ambiente de diálogo, um canal de comunicação para tratar de temas de interesse mútuo, facilitando a comunicação entre o BC e o cooperativismo de crédito”, afirmou o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos, na abertura do evento.
Educação financeira
O tema do primeiro BC UNE Vozes foi a Resolução Conjunta nº 8/2023, que regulamenta as medidas de educação financeira para todas as instituições do SFN, incluindo as cooperativas de crédito.
O chefe-adjunto do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central (Depef), Ronaldo Vieira da Silva, fez um histórico das estratégias de educação financeira do BC desde 2013 e destacou o papel das cooperativas de crédito na implementação dessas ações ao longo dos últimos anos.
“Na nossa agenda estratégica, o cooperativismo de crédito aparece nas dimensões de inclusão e competitividade. Nosso presidente [Roberto Campos Neto] sempre fala de como gostaria que o cooperativismo se expandisse pelo país. Vemos com muito bons olhos o movimento de expansão do cooperativismo e a importância das cooperativas para a educação financeira”.
A nova resolução sobre educação financeira prevê a implementação de política sobre o tema por cada instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central, com nomeação de diretor responsável pela política e criação de indicadores que permitam o monitoramento das ações planejadas. As regras entrarão em vigor em 1º de julho deste ano.
Segundo Marcelo Junqueira Angulo, chefe de divisão no Depef, por terem a educação entre seus princípios, as cooperativas podem sair na frente na aplicação das novas regras. “Em 2020 fizemos um levantamento que mostrou que 86% das cooperativas de crédito atuam em educação financeira. É um tema que está no DNA das cooperativas. Estão entre os princípios cooperativistas o interesse pela comunidade e o fomento à educação, formação e informação”, afirmou.
Angulo fez uma apresentação detalhada dos artigos da nova regulamentação de educação financeira e destacou que a atuação das instituições financeiras, entre elas as cooperativas, deverá ter como objetivos principais: orientar os clientes e cooperados a gerenciar bem suas vidas financeiras, com organização e planejamento do orçamento pessoal e familiar, formação de poupança e resiliência, e, principalmente, prevenção à inadimplência e ao superendividamento.
Para isso, as instituições poderão implementar conteúdos ou ferramentas de educação financeira de acordo com os perfis dos clientes/cooperados e de acordo com as necessidades do momento financeiro que vivem. “Podem ser desde medidas mais tradicionais, como cursos, palestras, conteúdo online em redes sociais, até ferramentas mais personalizadas, como por exemplo mensagens específicas para diferentes clientes, ou aplicativos que ajudem o cliente a controlar o seu orçamento. O importante é que sejam medidas que ajudem os cidadãos a gerenciar bem os seus recursos financeiros”, explica.
Intercooperação
A Resolução Conjunta do Conselho Monetário Nacional e do Banco Central prevê diferentes graus de complexidade na aplicação das novas regras de educação financeira e permite, por exemplo, que os sistemas cooperativistas desenvolvam políticas compartilhadas para suas cooperativas singulares.
No caso das cooperativas independentes, uma das ferramentas para colocar as novas políticas de educação financeira em prática é a intercooperação. De acordo com o vice-presidente da Confebras, Luiz Lesse, as medidas poderão fazer parte do escopo do projeto Confebras UNE, uma plataforma de serviços compartilhados que vai conectar as cooperativas independentes a centrais e sistemas para implementar soluções que melhorem o atendimento, a competitividade e os resultados de todo o segmento cooperativista.
“Apoiaremos as cooperativas independentes e estamos desenvolvendo ações para disponibilizar o que há de mais moderno dentro do SNCC voltado para educação financeira e outras linhas de prestação de serviços. Isso nada mais é que intercooperação, que é a grande bandeira da Confebras”, destacou.
Fonte: Conbefras
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