PALAVRA DO TEJON
Em um mundo dividido, polarizado, carente e clamando por cooperação ao invés de divisão, a filosofia cooperativista unida seria e teria condições de mudar o mundo para melhor.
A intercooperação é um dos pontos estratégicos do cooperativismo. E, onde ocorre, conseguimos observar a prosperidade se acentuar em velocidade muito maior. Um ótimo exemplo disso é o sistema Aurora com 14 cooperativas reunidas. Outros mostram o desenvolvimento das cooperativas de crédito com cooperativas de outros setores, como transportes e agroindustriais. Então, por que não uma intercooperação internacional?
Os políticos dividem o mundo e a democracia vira guerra de facções ideológicas ou até “egológicas”, seres humanos se apropriando de ideologias para vestirem um uniforme na conquista de votos. E essas estratégias todas utilizando um “modo vitimização“ de liderar.
Ao contrário do projeto que usa o modo “vitimização“, as cooperativas todas nasceram de enfrentamentos de poderosos incômodos, começaram com pouquíssimos cooperados e criaram sistemas evolutivos de prosperidade para muitos. Suas lideranças significam exemplos vivos de pessoas que colocaram suas vidas a serviço de uma causa de cooperação, das suas cooperativas, e jamais colocando a causa a serviço de seus egos.
Sendo assim, para furarmos essa narrativa global de uns contra os outros, de uma guerra comercial tarifária inimaginável nos tempos modernos, o fluxo do comércio mundial poderia e deveria seguir uma administração onde a confiança e as relações de longo prazo fossem predominantes. Esse tipo de conduta ética é a conduta obrigatória do cooperativismo que tem aversão ao risco.
Cooperativas dos Estados Unidos com as brasileiras, cooperativas brasileiras com a Ásia e África, cooperativas da Europa com as latino americanas, cooperativas do Canadá, Nova Zelândia, Japão, oriente médio e leste europeu. Enfim, cooperativas do mundo buscando comércio entre si, estratégias sob a regência filosófica do cooperativismo e com a transformação de um capital ambiental, social e econômico numa fonte de recursos para investimentos estruturais, logísticos e de marketing. Imagino até o potencial de cooperativas de consumo globais construindo uma intercooperação “Business to Business” e “Business to Consumer” entre elas!
O mundo clama por cooperação ética sob fundamentos filosóficos e administrativos, leis e regras da instituição cooperativista global. O mundo clama por capilaridade da dignidade humana para todos. E dentro dos padrões de exigência e compliance das admiráveis cooperativas muito bem lideradas com governança.
Precisamos ir além das nossas regiões, países e continentes. A experiência da superação humana através das organizações cooperativistas planetárias pode e deve urgentemente buscar uma intercooperação mundial.
Muito acima dos negócios, uma missão humana de vida na terra.
O mundo precisa e agradecerá. O PIB e a distribuição de renda se elevará e a felicidade geral do mundo crescerá.
O mundo precisa.
*Por José Luiz Tejon é Especialista em Agronegócio e Membro Editorial da Revista MundoCoop

Coluna exclusiva publicada na edição 125 da Revista MundoCoop