PALAVRA DO TEJON
Transição significa passagem, transpor. O mundo não para a evolução aos trancos e barrancos supera as barragens que lhe são impostas. Assim a vida, é preciso aceitar e entender que o mundo é imperfeito, pois se perfeito fosse eu perguntaria, para que tanta luta, estudos, formação, promoção e defesa da filosofia cooperativista? Num mundo perfeito tudo nasceria automaticamente cooperando e já intercooperando ao natural. Mas o mundo é imperfeito e isso nos dá um maravilhoso sentido de vida, um valoroso propósito pelo qual vale a pena viver e lutar: aperfeiçoamento das imperfeições.
Então, transição, novo governo, ideias em choque o que também faz parte do progresso, pois dos bons conflitos nascem as novas soluções. O mundo vive hoje como nunca três fortíssimas percepções: 1- insegurança alimentar. 2- Insegurança energética. 3- Insegurança ambiental.
E você poderia dizer, “ah, mas tem muito “greenwashing” nisso, tem muita guerra ideológica, tem muitas questões religiosas e de “egopoderes“, vivemos uma página do apocalipse num fim do mundo das forças do bem contra o mal etc” …. Mas, de verdade, temos uma construção virtuosa, esperançosa, verdadeiramente real que foi a criação da filosofia cooperativista, o seu crescimento planetário e no país.
Cooperativas exigem liderança educadora e de confiança. Cooperativas exigem governança, aplicação do estado da arte da ciência, administração e do conhecimento humano reunido. Cooperativas exigem “não deixar ninguém pra trás“. No cooperativismo organizado e de resultados, as métricas falam mais alto revelando números que contam e dando visibilidade aos números que ainda não são contados (accountability), mas que já contam.
Então próximos 4 anos, transição. Hora de o cooperativismo conquistar um plano de estado, pois através da fórmula cooperativista em todos os seus setores conseguiremos nos livrar de programas assistencialistas que só devem existir em emergências e com ponto final para serem extintos. Acabar com as zonas abissais que separam concentração de riqueza da pobreza e da miséria, só tem uma única estrada de uma só direção: cooperativas organizadas e de resultados. Não para alguns ou poucos ou somente para os 20% do pareto que costumam gerar e ficar com 80% dos lucros, mas para os 80% dos seus agentes, extirpando a tenebrosa cauda longa da indignidade humana da vida na terra.
Para todos os planos falados, discursados na COP27 no Egito, para todas as discussões das equipes de transição para o novo governo, não estou vendo a presença do cooperativismo, com a sua única e gigantesca importância e dimensão, já no presente do país, e sem dúvida para os próximos anos deste ou de qualquer governo.
Precisamos dobrar o PIB brasileiro buscando uma meta de US$ 4 trilhões. Precisamos fazer isso acessando e desenvolvendo riquezas dentro do país e no mundo inteiro e, ao contrário do passado, com dignidade humana assegurada e percebida, para todos.
MundoCoop trata de um mundo de cooperativismo, das cooperativas para o mundo, e está na hora de falarmos de um mundo para as cooperativas.
As cooperativas serão do tamanho do Brasil e do planeta terra e o Brasil e o planeta terão o tamanho da dignidade das suas cooperativas.
Hora de transição com plano de estado acima de governos. Líderes cooperativistas brasileiros, nunca tantos precisaram tanto de vocês. Quem ama aperfeiçoa e jamais se acomoda.
Por José Luiz Tejon, palestrante especialista em agronegócio e membro editorial da Revista MundoCoop
Coluna publicada originalmente na edição 109 da Revista MundoCoop
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