Em 2024, celebramos os 180 anos de uma revolução silenciosa que começou com um pequeno grupo de tecelões em Rochdale, na Inglaterra. Esse marco histórico assinala o nascimento do cooperativismo moderno, um movimento econômico com forte impacto social que cresceu ao longo dos anos, desafiou paradigmas e construiu um legado de indiscutível relevância.
Desde sua fundação, em 1844, a Sociedade Equitativa dos Pioneiros de Rochdale, a primeira cooperativa moderna da história, ajudou a criar as bases de um modelo de negócio que hoje já é globalmente reconhecido. A coop adquiria alimentos em grande quantidade para baratear os preços dos itens que os cooperados iriam comprar e consumir. O benefício mútuo é o que tornou as cooperativas tão populares mundo afora e solidificou a essência do movimento: a união em prol do ganho coletivo.
Alguns marcos históricos foram essenciais para o fortalecimento do movimento cooperativista nesses quase dois séculos de trajetória. Em 1895 foi criada a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), organização que representa as cooperativas em âmbito global. Mais tarde, em 1923, foi estabelecido o Dia Internacional do Cooperativismo, data celebrada até hoje.
No Brasil, oficialmente a primeira coop surgiu em 1889, em Minas Gerais, e a mais antiga e em atividade até hoje foi constituída em 1902, no Rio Grande do Sul. Já no Espírito Santo, as primeiras começaram a surgir a partir de 1930, inicialmente nas áreas rurais e, depois, expandindo-se para os centros urbanos. A coop capixaba mais antiga ainda em funcionamento é a Selita, com 85 anos de história.
Diversas outras conquistas foram alcançadas durante esses 180 anos de história do coop moderno, mas talvez a maior delas seja o fato de o modelo de negócio permanecer vivo e necessário. O movimento manteve a sua essência mesmo após tantas mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais pelas quais passou.
Hoje, as cooperativas são reconhecidas como agentes de desenvolvimento econômico e social, ao promoverem a inclusão financeira, a igualdade de gênero, o empoderamento comunitário e a sustentabilidade ambiental. Sua capacidade de equilibrar eficiência econômica e responsabilidade social as tornam únicas e disruptivas quando comparadas aos modelos tradicionais de consumo.
O que começou com um grupo de 28 tecelões em 1844 já soma, hoje, 1 bilhão de cooperados espalhados pelo mundo, o que equivale a 12% da humanidade. As 3 milhões de cooperativas em atividade ainda são responsáveis por gerar 280 milhões de empregos. As estimativas foram divulgadas em um estudo realizado em 2019 pela ACI. Esses números são prova tangível do papel das cooperativas como catalisadoras de mudanças positivas.
Em suma, esses 180 anos de história são uma celebração da resiliência, relevância e impacto duradouro das cooperativas no mundo todo. Que esse legado possa continuar inspirando a nós e as gerações futuras para construirmos um mundo cada vez mais justo, sustentável e solidário.
*Carlos André Santos de Oliveira, diretor-executivo do Sistema OCB/ES
Artigo publicado na Revista MundoCoop edição 117
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