Sou um economista liberal. Defendo a ideia de que o protagonismo do crescimento econômico em qualquer país é do setor privado. Quem gera emprego e renda são as empresas e não os governos.
Claro que num país grande e desigual como Brasil, o Estado tem vários papéis importantes. Deve oferecer educação boa e gratuita, saúde de qualidade, segurança pública e programas sociais com porta de saída. Quando eu digo porta de saída, significa que os beneficiários precisam ser obrigados a buscar qualificação para conquistar um bom emprego no mercado de trabalho ou para conseguir empreender sem depender mais da ajuda estatal. E os seus filhos, é claro, precisam obrigatoriamente frequentar a escola.
Programas governamentais que não geram mobilidade social são, na verdade, uma forma de os políticos manterem os beneficiários aos seus pés, o que sempre garante votos na eleição seguinte. É o populismo na sua pior versão, pois a pessoa recebe “esmolas” do Estado e ainda se sente eternamente grata a ele, sem nenhuma perspectiva de prosperar.
No dia 29 de outubro, eu tive a honra de participar da abertura de uma gigantesca “festa do setor produtivo”. Indústria, comércio, habitação, serviços, empreendedorismo e cooperativismo se uniram para realizar a FIC Goiás 2025. Que evento fantástico!
O Centro de Convenções de Goiânia recebeu empresários, empreendedores, executivos de cooperativas, associados e estudantes, além de políticos que participaram do painel de abertura. Na sequência, no palco da CoopsParty, iniciei a minha palestra mostrando o quadro econômico global, que tem como principal destaque o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No âmbito doméstico, destaquei o atual quadro de desaceleração econômica – o Brasil sai de um patamar de crescimento de 3% a 3,5% ao ano para um patamar em torno de 2%. Deixei claro que não há crise nem recessão à vista, mas o desaquecimento econômico é um cenário bem realista diante do qual precisamos reposicionar os nossos negócios.
No Brasil, como ocorre há muitos anos, o maior problema econômico é, na verdade, político. Os nossos governantes brigam por espaço enquanto o Poder Judiciário gera insegurança jurídica ao desrespeitar a Constituição e ao invadir as atribuições do Legislativo e do Executivo.
Durante a palestra, fiz algumas enquetes interativas com a plateia. Em uma delas, os Três Poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) receberam nota média abaixo de 5 (ver imagem). Nos meus tempos de escola, isso significava reprovação automática sem direito à recuperação.
Essa avaliação negativa, que eu constato em todas as palestras que faço nos quatro cantos do Brasil, ajuda a explicar por que o Brasil invariavelmente cresce menos do que a média global. Em outras palavras, o Brasil consegue crescer apesar dos políticos, mas poderia crescer ainda mais se a política não atrapalhasse.
O segundo maior problema econômico envolve as contas públicas, que estão cada vez mais negativas. O efeito colateral do desequilíbrio fiscal tem sido uma inflação acima da meta, o que obrigou o Banco Central a subir juros na contramão do mundo. Temos uma dose cavalar de juros de 15% ao ano, que atrapalha os negócios, mas é um paraíso para quem aplica seus recursos no mercado financeiro.
Ao término da palestra, pontuei desafios e oportunidades para cada um dos setores. A Reforma Tributária, por exemplo, vai ajudar a indústria, mas representará um peso maior de impostos para o agronegócio, a construção civil, o comércio e os serviços. Salientei ainda que, em comum, todos os setores sofrem com a falta de mão de obra – sem falar na baixa produtividade do trabalhador brasileiro.
Já o cooperativismo tem um amplo espaço para continuar crescendo acima da média da economia brasileira. O maior desafio é divulgar os seus benefícios para uma parte ainda grande da sociedade brasileira que desconhece que o cooperativismo é um modelo economicamente mais eficiente e socialmente mais justo.
Como de costume, encerrei palestra com um termômetro do otimismo para os próximos 12 meses. Apesar da incerteza que o ano eleitoral gera, 95% das pessoas acreditam que os seus negócios vão melhorar. Viva o setor privado!
*Luís Artur Nogueira é economista, jornalista e palestrante. Atualmente é comentarista do programa “Faroeste à Brasileira” no Youtube da Revista Oeste e colunista da MundoCoop

Coluna exclusiva publicada na edição 126 da Revista MundoCoop









