Desvendar tendências. Antecipar desafios e oportunidades. Identificar na cooperação, a resposta para os dilemas da atualidade. Estes e outros objetivos, foram destaque durante o CoopTalks Summit, o maior congresso digital do cooperativismo.
Organizado e realizado pela MundoCoop, nos dias 29 e 30 de junho, o evento – que chega à sua 4ª edição – reuniu um time de especialistas e entusiastas do mercado, para uma série de debates sobre os principais temas de interesse das cooperativas e do mercado. Com mediação de Douglas Ferreira e Luís Claudio, diretores da MundoCoop, o palco virtual recebeu 19 convidados, em uma jornada de conhecimento de mais de 8 horas, atraindo mais de 7 mil inscrições. Tudo isso, em uma homenagem ao Dia Internacional do Cooperativismo, celebrado no dia 1º de julho.
A seguir, confira alguns dos destaques dos dois dias do CoopTalks Summit 4ª edição!
TRANSFORMAÇÃO, COOPERAÇÃO E PROPÓSITO EM FOCO
Trazendo o tema “A cultura por trás da transformação digital”, o primeiro painel da manhã recebeu Thammy Marcato, Diretora de Ecossistema e Inovação na KPMG & Distrito Leap; e Alberto Roitman, Sócio e Chief da Escola do Caos. Entre os principais temas do bate papo, esteve a importância de entendermos que a digitalização e a transformação digital não são sinônimas, com a primeira resultando na aplicação de tecnologias, mas sem necessariamente resultar em um processo de mudança. Para Thammy, além disso, é necessário entender o papel das pessoas no mundo atual, compreendendo como unir as novidades com a expertise dos indivíduos. “Uma estratégia bem-feita sabe identificar onde colocar o papel humano na transformação, gerando valor para ele”, destacou. Para completar, Alberto trouxe um panorama sobre as mudanças constantes nas organizações e nos negócios, lembrando que “os propósitos só funcionam se você consegue colocar sentido naquilo que está sendo feito”. Para finalizar, ele frisou que as pessoas precisam entender o propósito dos negócios dos quais fazem parte. Só assim, será possível promover uma mudança efetiva.
Destacando o tema “Liderança Disruptiva”, o consultor, mentor e palestrante, José Salibi, ressaltou mais uma vez a importância de as lideranças estarem atentas às transformações do mercado como um todo, e não apenas no meio onde estão inseridas. Durante sua fala, Salibi lembrou que os novos tempos pedem por novos perfis de liderança, e ainda, novas formas de gerir as cooperativas. Neste processo, compreender a mudança da força de trabalho analógica para a digital, e identificar a melhor forma de navegar nestas mudanças, faz com que o líder tenha que possuir uma postura diferente, mais atenta ao que acontece à sua volta. “Tudo está passando por uma grande transformação e o cooperativismo não está de fora”.
Com a mediação do professor autor da disciplina ESG do MBA na FGV, Rodrigo Casagrande, o painel “A nova era ESG: de soluções ao avanço” recebeu Maria Flávia Bastos, Professora, palestrante e escritora; e Débora Ingrisano, Administradora e especialista em comunicação e marketing estratégico. Entre os grandes focos, esteve a gestão de risco, um dos focos do ESG no futuro próximo. Para Maria Flávia, diferenciais estratégicos passaram a ser tornar uma regra, e as cooperativas que não adotarem tais normas, estarão operando em um ambiente de grande e constante risco. “Olhem para este tema. É mais saudável para a sua empresa caminhar através da gestão de oportunidades do que pela gestão de riscos”, afirmou. Além disso, as convidadas lembraram da importância de trazer mais representatividade para as posições de liderança no cooperativismo, trabalhando o pilar social e sedimentando o movimento como um reflexo da sociedade brasileira.
Como desvendar o futuro? A futurabilidade e os desafios foram o foco da palestra de Letícia Setembro, CEO & Founder da Seek Futures. Em “Guiando negócios para o Futuro”, Setembro lembrou como existem possibilidades de futuro, e de que forma podemos utilizar essas previsões para traçar estratégias no curto, médio e longo prazo. “Antes de algo se tornar uma tendência massificada, há sinais que indicam que algo novo está para surgir”, lembrou; ao destacar como as tendências são identificadas e se tornam algo concreto. Para que novas possibilidades se abram, é necessário abrir primeiro a mente, estar em uma busca constante pelo novo e ter uma curiosidade pelo que ainda não foi desvendado. Perguntando sobre inovações e tecnologias que ainda estão em fase de experimentação, ela lembra que testar e experimentar é importante e necessário, mas que se deve criar um ecossistema de cocriação de regra éticas para a aplicação massiva destas novas ferramentas.
Em seguida, “O futuro dos negócios e os negócios do futuro” foi o tema da palestra de Romeo Busarello, professor MBA, autor e palestrante. Durante sua fala, Busarello lembrou que para um negócio se manter ativo, é preciso pensar a frente, entender mudanças de mercado e se desprender de antigas convicções. Ao trazer exemplos clássicos, como a Kodak e a Blockbuster, o professor frisou que, os negócios – cooperativos ou não – devem estar sempre atentos ao que está surgindo, de forma a evitar um movimento de degradação antes do tempo. Para se ter um negócio longevo, é importante entender que velhas regras já não funcionam mais, e o que guiará o seu negócio rumo ao futuro, está surgindo a todo momento.
Já na reta final do primeiro dia, Kasuo Yassaka – Sócio Fundador da Yassaka Educação Comercial – trouxe para o palco novas visões sobre os negócios, com sua palestra “Negócios com significado”. Em sua fala, ele destaca que o mundo está passando por um momento de transição, se recuperando de uma das maiores crises sanitárias da história e de um momento econômico frágil em todo o mundo. Para “sobreviver” neste novo status quo, o “significado do seu negócio precisa vir a frente”. É preciso falar sobre o propósito constantemente, emanando os valores da cooperativa em meio ao contexto atual. Se torna necessário entender que discutir tais pontos faz parte do dia a dia da cooperativa, de forma a garantir sua longevidade.
Finalizando o ciclo de palestras e painéis no primeiro dia, o palco virtual do CoopTalks Summit recebeu a CEO da Quanta Previdência Cooperativa, Denise Maidanchen. Em “Os impactos da longevidade no cooperativismo”, ela lembra que o Brasil está passando por um processo de envelhecimento, e cada vez mais é necessário entender a magnitude da geração prateada. “Não adianta apenas fazermos nossos negócios prosperarem, e não trazer a sustentabilidade para as nossas vidas”. O processo de envelhecimento mudou, e torna-se vital criar oportunidades para que a longevidade seja atingida de forma plena. Para isso, cooperativas e outros negócios devem criar produtos, estratégias e experiências que entendam as dificuldades e demandas dessa parcela da população. As pessoas estão ganhando mais anos de vida, mas não necessariamente com qualidade de vida. Cabe ao cooperativismo e à sociedade como um todo, garantir que o Adulto+ envelheça com saúde, conhecimento, socialmente e financeiramente são, viabilizando uma longevidade ativa.
FUTURO EM DEBATE
Como traçar caminhos e aproveitar as oportunidades que se abrem a todo momento para as cooperativas? Empreendedorismo, inovação, tecnologia, liderança e cooperação foram apenas alguns dos temas em destaque no segundo e último dia do CoopTalks Summit.
Cooperativismo e empreendedorismo se conversam desde o início, e para iniciar o segundo dia do CoopTalks Summit 2023, o painel “Ecossistemas de empreendedorismo cooperativo” recebeu Carolina Utimura, CEO da Eureca; e Ricardo Santos, Presidente na Cooperativas dos Empreendedores. Em um bate papo de muita troca de experiências e insights, os speakers destacaram a importância de disseminar os princípios cooperativistas e cultura organizacional das cooperativas, de forma a criar negócios sólidos e com propósito definido. “Cada cooperativa e sistema pode ter o seu próprio caminho para trilhar. Neste processo, é importante valorizar os princípios e a essência do setor, ressaltando suas características pioneiras”, frisou Carolina. Somado a isso, Santos reforçou que é indispensável que as cooperativas se apresentem para os ecossistemas de inovação e para a sociedade, despertando a curiosidade pelo movimento. “É preciso tornar a competência das cooperativas algo mensurável, mostrando para o público que ainda não está inserido neste ecossistema”, ele mencionou. Para completar, as habilidades das lideranças do futuro foram debatidas pelos convidados, que lembraram que um bom líder, deve estar e ser curioso e saber a sua missão. “Um líder empreendedor é alguém está trabalhando por um propósito maior”, completou Utimura.
Ressaltando um dos temas de maior fascínio da atualidade, o palestrante e escritor best-seller, Andrea Iorio, trouxe a exposição “A vez da Inteligência Artificial. Em sua fala, Iorio ressaltou que a inteligência artificial já está em um nível avançado de aplicação, desempenhando tarefas e demonstrando habilidades que ultrapassam a velocidade do pensamento humano. Contudo, ele lembrou que a I.A não funciona sozinha, e deve ser utilizada para maximizar resultados, explorar oportunidades e dinamizar processos do dia a dia, sem substituir o fator humano, que continuará essencial. “A IA em sua habilidade de resolver problemas complexos do nosso dia a dia, atua como uma facilitadora de processos, complementando nossas atividades diárias”, frisou.
Muito se fala sobre os motivos de a inovação ser o tema da vez no mercado e na sociedade. Mas afinal, no contexto das cooperativas, “Por que investir em inovação?”. No painel mediado pelo Superintendente do Sescoop/RS, Mario de Conto, os convidados Rodrigo de Barros, Facilitador e Sócio da RDB Criatividade; e Frank Philson, Gerente de T.I no Sistema OCB/GO, explicaram porque a busca pela inovação nas cooperativas deixou de ser um diferencial, para se tornar uma obrigatoriedade. Para Barros, é preciso capacitar as pessoas para navegarem em meio às transformações do mercado, trazendo as cooperativas para os ecossistemas de inovação que surgem em meio a grandes hubs e outros espaços de inovação aberta. “A grande questão da inovação não é tornar as cooperativas mais competitivas, mas tornar as pessoas mais criativas”, frisou. Por sua vez, Philson lembrou que cabe às cooperativas terem o interesse em buscar tais ambientes, observando a inovação não como um investimento pontual, mas como algo contínuo. “Existe uma procura por ambientes que estimulem o desenvolvimento e a inovação aberta, tudo isso a partir da união de diferentes players do mercado”, afirmou. Para finalizar, Mario de Conto deixou um alerta para as cooperativas, acendendo um sinal amarelo para aquelas que colocam o estímulo à inovação em segundo plano. “Em breve, não será uma opção investir em inovação. Isso deixará de ser um diferencial, para ser algo obrigatório. Quem não inovar, deixará de existir”.
Os muitos desafios das lideranças cooperativistas e como o movimento pode se adequar à era da responsabilidade social e ambiental, foram tema da palestra “ODS e Governança: os desafios para as cooperativas”, ministrada pela Jornalista e Palestrante, Giuliana Morrone. Para ela, o cooperativismo abre espaço para que os indivíduos se desenvolvam. Para isso, é necessário que haja uma liderança transparente, que siga os valores e princípios éticos do movimento e da sociedade de um modo geral. “Sejam conscientes sobre o que está acontecendo. Toda a comunidade precisa entender e compreender a governança”, frisou. Morrone ainda destacou que “o verdadeiro líder permite que os colaboradores se desenvolvam e contribuam com o negócio”, ajudando a cooperativa a caminhar em uma trilha de boas práticas, trazendo impacto positivo e seguindo as ODS da ONU.
Já na reta final, o palco virtual do CoopTalks Summit recebeu Dado Schneider, professor e palestrante. Em “Nada é mais moderno do que Cooperar!”, ele destacou que o cooperativismo deve agir mais para integrar as novas gerações. “O cooperativismo é muito moderno, mas é intramuros. Se o mundo lá fora ainda não viu o poder das cooperativas, é “culpa” do próprio setor”. Dado destaca que o movimento precisa vender o seu negócio, mostrar seu propósito e seus valores. Além disso, ele explica que a geração Z está “louca” para conhecer o cooperativismo, basta que o movimento busque caminhos para realizar essa ponte. Para completar, Dado apresenta uma teoria de sua criação, onde os princípios do cooperativismo se materializam em grandes empresas da atualidade, como ele explica: 1 – Microsoft (Ação voltada à comunidade); 2 – Amazon (Colaboração integrada; 3 – Google (Formação educacional contínua); 4 – Zatus (Gestão compartilhada); 5 – Magalu (Livre participação); 6 – Apple (Ação livre e autônoma); e 7 – Meta (Democratização econômica). A internet traz uma infinita possibilidade de informação, e devemos usá-la a nosso favor.
Para fechar o CoopTalks Summit 2023, o palco da MundoCoop se voltou para a essência do cooperativismo. Trazendo um “Especial Dia C”, o Presidente da Coopercaps, Telines Basilio – o Carioca – contou a sua história, de como o cooperativismo o salvou da vida nas ruas, até o momento em que ele viajou o mundo como uma liderança que é referência no poder de transformação das cooperativas nas comunidades. Em sua fala, Carioca ressalta que as cooperativas são um importante instrumento de inclusão social para as comunidades marginalizadas, e que no movimento é possível ter uma segunda chance. “Pode haver possibilidade de mudança para cada um de nós, independentemente de sua trajetória”, finalizou.
Por Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na Revista MundoCoop Edição 112
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