O sistema financeiro cooperativo segue em trajetória de consolidação no território brasileiro e vem viabilizando o desenvolvimento socioeconômico nacional por meio da capilaridade e relevância institucional do setor. Mesmo com a redução no número de organizações singulares, registrada em 2024, o segmento tem ampliado a assistência em novas e diversas localidades do Brasil, marcando presença em mais de 3 mil municípios nas 5 regiões do país.
Dados levantados pelo relatório oficial Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), elaborado pelo Banco Central do Brasil, evidenciam uma rede que cresce em complexidade e tem criado oportunidades para o desenvolvimento da inclusão bancária em áreas desassistidas.
Desenvolvimento estrutural no território nacional
Em paralelo à ampliação dos serviços prestados pelas cooperativas, o setor vivencia um processo de consolidação institucional. A quantidade de instituições financeiras classificadas como plenas, por exemplo, passou de 85 para 88, o que reflete na evolução operacional de instituições que antes atuavam em categorias mais restritas.
Como destaque, o sistema Unicred, reclassificado como cooperativa central, tem firmado sua presença no mercado financeiro com cerca de R$ 7,6 bilhões sob gestão e 250 mil participantes. Ao Portal do Brás, Odair Stopiglia, presidente da Unicred de São Paulo, expressa que, apesar dos desafios enfrentados no processo de crescimento, a expansão vivenciada pelo sistema gerou novos entendimentos à gestão. “Quando entramos em outros segmentos, passamos a fazer análises de risco mais amplas. Mas isso nunca foi um problema. Tratamos todos com igualdade, dentro da lógica cooperativista”, definiu.
No período, outros grandes sistemas como Sicredi, Sicoob e Cresol mantiveram sua estrutura consolidada em três níveis, singulares, centrais e confederações, somando 490 entidades organizadas dessa forma.
Impulsionamento do desenvolvimento local
O crescimento em robustez dos sistemas também tem aberto novas possibilidades para a atuação das gestões nas estratégias de dinamização das economias locais e na redução das desigualdades sociais no Brasil. Neste âmbito, as instituições cooperativas têm se destacado nas ações de atenção social, geração de emprego e estímulo à atividade produtiva.
Em estudo organizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), para cada R$ 1,00 concedido em crédito pelo Sicredi, R$ 2,56 são movimentados na economia. Tal circulação permitiu a ampliação da participação das cooperativas na criação de empregos formais, gerando 25,3 novos empregos formais por mil habitantes, e no crescimento o empreendedorismo local, com 3,2 novos estabelecimentos por mil habitantes
Em linha com o papel transformador, o Sicoob também se destaca por sua atuação voltada ao desenvolvimento social. Em março de 2025, a instituição atingiu R$ 373,4 bilhões em ativos totais e R$ 243,2 bilhões em carteira de crédito, crescimento de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Desse montante, foram destinados R$ 550 milhões a projetos de impacto social em todas as regiões do país, com foco em educação (29,1%), educação cooperativista (28,7%) e saúde (15,6%).
Acesso à moradia
O fortalecimento das instituições cooperativas de crédito também se estende ao setor habitacional, com resultados que refletem o impacto direto na vida dos cooperados.
No Sistema Ailos, formado por mais de 1,7 milhão de associados, o volume de crédito imobiliário concedido ultrapassou R$ 1 bilhão, crescimento de 80,06% em relação ao mesmo período de 2024. O alcance reforçou o papel dessas instituições na concretização da ampliação do acesso à moradia por meio de condições mais acessíveis.
O Sistema Ailos tem oferecido condições consideradas entre as mais competitivas do mercado, com prazos de financiamento que chegam a 35 anos, uso do FGTS como entrada e taxas a partir de 4,25% em programas como o Minha Casa, Minha Vida.
Rede de crédito no agro brasileiro
Além do impacto urbano e social, o crescimento do crédito rural por meio das cooperativas financeiras consolida papel estratégico das setor no desenvolvimento do agro brasileiro.
A atuação das cooperativas de crédito no campo tem se mostrado essencial para o fortalecimento da agricultura familiar e o avanço do agronegócio nacional. No Plano Safra 2024/2025, a Cresol alcançou o maior volume de recursos de sua história, com R$ 13 bilhões operacionalizados em crédito rural. Desse total, R$ 8,7 bilhões foram destinados ao custeio e R$ 3,8 bilhões ao investimento, contemplando mais de 110 mil operações em todas as regiões do país.
O destaque da atuação da instituição neste Plano Safra vai para o acesso facilitado a linhas de financiamento como o Pronaf, que somou R$ 6,7 bilhões em 86,5 mil operações, e o Pronamp, com R$ 2,6 bilhões em 12,3 mil contratos, mesmo diante de um início de safra marcado por instabilidades climáticas.
Por João Victor, Redação MundoCoop