No mundo corporativo, inúmeras normas e práticas ajudam cooperativas e empresas a se destacarem no mercado e se tornarem mais competitivas. Esse panorama tem impulsionado inúmeras novidades e novos caminhos a serem trilhados, como é o caso da chegada da ISO da inovação.
A adoção dessa ISO facilita os negócios por gerar maior padronização e clareza no processo. No caso das cooperativas, os regulamentos têm sido úteis para alavancar a tecnologia de maneira participativa, envolvendo membros e comunidades locais no desenvolvimento de novas soluções.
“A norma auxilia na orientação das organizações para implementar a inovação de forma sistêmica, sistemática e contínua. Assim, ela passa a fazer parte do dia a dia, integrada aos demais sistemas e disseminada por toda a organização”, lembra Hélio Gomes de Carvalho, professor, pesquisador do ISAE e consultor do Sistema OCB.
Dentro desse processo, é possível promover o aperfeiçoamento, além de reduzir os seus riscos. Assim, a cooperativa estará à frente das demais em nível de competitividade, facilitando a entrada de produtos inovadores no mercado.
Parte essencial das normas
A ISO 56001, ou ISO da inovação, fazparte do conjunto de normas ISO (International Organization for Standardization), uma entidade reconhecida internacionalmente por desenvolver padrões para diversos setores.
A norma pertence à série ISO 56000, que trata da gestão da inovação, e sua função é fornecer diretrizes para as organizações desenvolverem, implementarem, manterem e melhorarem seus sistemas de gestão voltados à inovação.
Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures, lembra que a ISSO 56001 tem o potencial de transformar o mercado ao fornecer uma base sólida para a inovação sustentável e organizada, promovendo a colaboração e a competitividade. “O mercado como um todo pode se beneficiar ao adotar essa norma, que traz mais previsibilidade, eficiência e agilidade para o desenvolvimento de novas soluções. O objetivo é ajudar as organizações a otimizarem seus processos de inovação, desde a ideia inicial até a implementação de novos produtos, serviços ou soluções”, lembra Debiazi.
Impacto no mercado
Um dos principais aspectos que tem aumentado o interesse das cooperativas na implementação da ISO 56001 é gerar um impacto significativo no mercado nacional, ao criar um ecossistema mais aprimorado e adaptável. “A partir da adoção, o cenário de mercado pode se tornar mais dinâmico, com maior colaboração entre empresas, aceleração de inovações e competitividade global. As instituições que adotarem a norma estarão melhor posicionadas para explorar novas tecnologias e modelos de negócios”, diz Ana.
No entanto, é preciso tomar alguns cuidados, sobretudo com relação às cooperativas, que apresentam características únicas, como uma governança participativa e foco no bem-estar de seus membros. Ainda, alguns desafios como resistência às mudanças, possíveis custos e falta de engajamento das lideranças precisam ser levados em consideração. “Por isso, desde o início do projeto, todos os membros precisam estar envolvidos, sendo treinados e capacitados em relação ao que é inovação, sua importância e como os princípios da norma se aplicam”, indica Paula.
Novas direções para as cooperativas
Entre algumas das vantagens das organizações certificadas com o ISO 56001 está o estarem presentes no mercado de forma diferenciada, garantindo um ecossistema de inovação efetivo e com maior potencial de sucesso.
Hélio explica que essa capacidade sistemática de inovar permitirá uma maior facilidade de acesso a fontes de fomento e financiamento públicas e privadas. “Porém, ter a certificação, por si só, não garante que todas as ideias vão virar inovação de sucesso. Mas, sugere-se que a adoção de qualquer uma das normas já publicadas deva ser acompanhada por especialistas ou consultores que conhecem e praticam o tema da inovação”, completa.
Nas cooperativas, em geral, a adoção do ISO depende de uma alta direção com liderança e espírito inovador. “É fundamental que a cooperativa tenha uma governança com responsabilidades e papéis bem claros e uma pessoa responsável pela operação e disseminação dos conceitos e boas práticas”, aconselha Gomes.
Tudo começou em 2013
Os processos do ISO foram iniciados em dezembro de 2013, por meio dos estudos e das discussões pelo Comitê de Gestão de Inovação (ISO/TC279). As primeiras normas da ISO 56000, que foca na gestão da inovação nas organizações, foram publicadas em 2019.
Hélio Gomes diz que eles são fruto de um esforço internacional envolvendo mais de 59 países e diversas organizações de âmbito mundial. “Desde o início, houve a participação de todas as partes interessadas: acadêmicos, empresas de todos os setores, elaboradores de políticas públicas e especialistas em inovação”, lembra o especialista do Sistema OCB.
No Brasil, por meio da ABNT, o processo se iniciou em 2008, com os estudos que envolviam o tema inovação.
A ISO 56001 foi lançada internacionalmente em meados de setembro de 2024, e os especialistas da ABNT/CEE-130 já estão trabalhando na tradução que será, posteriormente, colocada em consulta pública e, ao final, disponibilizada para a sociedade.
“Estimamos que em meados do primeiro semestre de 2025 já tenhamos a ABNT NBR ISO 56001. Caso a organização não necessite da certificação de imediato, ela pode iniciar pela ABNT NBR ISO 56002:2020 e buscar o máximo de aderência possível às boas práticas recomendadas. As normas 56001 e 56002 estão estreitamente alinhadas entre si”, finaliza Hélio.
Por Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na edição 120 da Revista MundoCoop