Junte debates, palestras, temas relacionados ao cooperativismo, palestrantes conceituados e mais de 2000 participantes. Pois foi com esses ingredientes que o maior evento de inovação do cooperativismo tomou conta de Goiânia nos dias 18 e 19 de novembro: o CoopsParty Summit Goiás 2024. Idealizado e realizado pela MundoCoop em parceria com a Wex e co-realização do Sistema OCB/GO e Sebrae/GO, o evento foi um marco na história do cooperativismo em geral, comprovando mais uma vez por que é considerado um dos principais encontros do setor por, principalmente, trazer à tona os principais temas da atualidade sob o olhar do segmento com foco na inovação.
Pensado para ser uma experiência transformadora, o evento reuniu diversos especialistas, lideranças, estudiosos e profissionais para debater o futuro do movimento cooperativista e seus impactos no futuro. O dia de abertura foi marcado pela presença do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que aproveitou a oportunidade para compartilhar a trajetória do estado até sua consolidação como polo de inovação do Brasil, destacando o avanço do cooperativismo goiano. “Nós vamos fazer a diferença no Brasil, estimulando Goiás como referência na educação e inovação. Queremos que nossos trabalhadores e empresas colham resultados cada vez melhores, o que chegará exatamente pela profissionalização no trato com a tecnologia”, afirmou ele, acrescentando que o objetivo é aproximar cada vez mais as cooperativas do governo de Goiás, proporcionando o aumento de investimentos em novas tecnologias para melhorar a eficiência dos setores público e privado.
“Nós vamos fazer a diferença no Brasil, estimulando Goiás como referência na educação e inovação. Queremos que nossos trabalhadores e empresas colham resultados cada vez melhores, o que chegará exatamente pela profissionalização no trato com a tecnologia”, Ronaldo Caiado, governador de Goiás
Quem também ressaltou a importância do cooperativismo para a economia de Goiás foi o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, afirmando que o setor já responde por quase 18% do PIB estadual. “Os resultados alcançados, com a geração de empregos e o aumento significativo no número de cooperados, superam as expectativas previstas para os próximos anos. Esses avanços evidenciam o impacto direto do cooperativismo no desenvolvimento econômico e social da região”, destacou, incentivando os participantes a continuarem promovendo soluções sustentáveis e inovadoras. “O cooperativismo é um exemplo de como negócios podem prosperar, sem abrir mão de valores como solidariedade e responsabilidade social”, completou.
Já o presidente da OCB/ GO, Luís Alberto Pereira, um dos presentes, destacou que inovar se tornou um dos principais pontos do encontro, tendo como principal objetivo proporcionar um crescimento do setor nos próximos anos. “Este evento, uma verdadeira conexão entre o ecossistema da inovação e o cooperativismo, vai nos ajudar a continuar crescendo e, assim, ajudando Goiás e o Brasil”, afirmou no primeiro dia de evento.
Inovar é preciso: como o evento se tornou o principal debate sobre o tema dentro do universo do cooperativismo
A inovação foi, sem dúvidas, o principal ponto a ser debatido nos dois dias de evento. De acordo com números oficiais, mais de 188 inscritos, 70 palestrantes e 16 horas de conteúdo ininterrupto, distribuídos entre três palcos temáticos, além de 25 marcas presentes como patrocinadoras, fizeram do evento um marco do setor do cooperativismo.
Seguindo as tendências para 2025 em relação ao tema, a Gartner afirma que 10 tendências tecnológicas estratégicas deste ano podem ser categorizadas em três temas: imperativos e riscos de IA, novas fronteiras da computação e sinergia entre seres humanos e máquinas. Com isso, uma das palestras da CoopsParty abordou justamente como se adequar a essa inovação, que promove um extenso processo de transformação nos processos diários, ainda mais com a chegada da I.A, em que novas dinâmicas sociais e de mercado foram criadas.
Arthur Igreja, palestrante e TEDx Speaker, abordou o tema em sua palestra, “O Melhor da Tecnologia com o Melhor das Pessoas”. Nela, o especialista explicou que a tecnologia não deve estar somente à disposição, mas é necessário saber como extrair dela o seu potencial máximo. “A aplicação da tecnologia aumentou a preocupação das empresas e negócios com o futuro. Mas é necessário utilizá-la no agora. O grande desafio é fazer com que as empresas e cooperativas vivam o hoje. Sempre estamos olhando para o amanhã, para o futuro”, alertou.
“A aplicação da tecnologia aumentou a preocupação das empresas e negócios com o futuro. Mas é necessário utilizá-la no agora. O grande desafio é fazer com que as empresas e cooperativas vivam o hoje”, Arthur Igreja, palestrante e TEDx Speaker
Outra tendência listada pela Gartner que tem se tornado motivo de discussão no mundo todo abrangendo todos os setores, é unir o digital e o humano. O tema fez parte da palestra de Igreja que, inclusive, ressaltou que as cooperativas possuem um papel muito importante em unir o que a tecnologia oferece de bom aos ativos humanos, sem substituir a máquina pelo homem. Pelo contrário. “O importante é usar a tecnologia certa no lugar certo, ou seja, nas questões mais transacionais, mas sem perder o lado humano”, explicou.
Partindo deste princípio, a inovação ganhou outra abordagem, desta vez indo para a evolução da humanidade e a chegada da 4ª Revolução Industrial, em 2000, quando o mundo se tornou exponencial. Num cenário em que a tecnologia fez com que as inovações passassem a durar cada vez menos tempo, estimulando a adaptabilidade, a flexibilidade e o pensamento disruptivo, o mentor e cofundador da HSM, José Salibi Neto, explicou como as cooperativas devem se adaptar a essa nova realidade para conquistar um disputado lugar ao sol.
Para isso, ele afirmou que, com a tecnologia, o mundo dos negócios passou a lidar com diferentes variáveis, o que impactou diretamente o tipo de liderança que o mercado passou a demandar. “Na era da tecnologia, você pode achar que está fazendo tudo muito bem e, de uma hora para outra, ver seu negócio sumir”, afirmou ele, destacando que o setor cooperativista deve, portanto, buscar o aprendizado constante como forma de se manter numa posição equilibrada e com boas perspectivas para o futuro.
O futuro é logo ali: o que o setor cooperativista deve fazer para ser resiliente, inovador e sustentável
E por falar no que virá nos próximos anos, se preparar para o futuro é também fundamental. Observar as tendências que se apresentam e adotá-las no dia a dia deve estar na lista de ações do cooperativismo moderno. Todos esses tópicos foram abordados na palestra “E-Futuro? A Inovação Radical e a Era da Realização”, de Gil Giardelli, professor global, escritor, roboticista e I.A eticista. Nela, o speaker destacou mudanças marcantes na atualidade, como o impacto das mudanças climáticas no mercado e a relação do ser humano com os processos mais simples do dia a dia. “O futuro já chegou, ele só está mal distribuído”, destacou, lembrando ser necessário pensar na inovação e no futuro, considerando a velocidade com que novas ferramentas são inseridas em nossas vidas. Neste cenário, países como China saem na frente na busca pela inovação, ao entenderem que por trás das transformações estão pessoas; e a capacitação das novas gerações têm papel fundamental no processo de modernização dos negócios.
Outro tema que também teve destaque foi o ESG, de extrema importância para o setor cooperativista. Coube à Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, destacar a implementação do Programa ESGCoop para uma gestão efetiva. “ESG é sustentabilidade com comprovação de desempenho, ou seja, está estreitamente relacionado com a gestão moderna, que diagnostica as práticas, materializa as prioridades e assume compromissos públicos. Este é o Zeitgeist – espírito do nosso tempo – e deve fazer parte das estratégias de todas as cooperativas, começando pela governança e fazendo parte da rotina de todos os departamentos”, afirmou.
Débora disse, ainda, que o Programa ESGCoop vai além, disponibilizando diagnóstico, capacitação, materialidade e soluções em conformidade com os critérios ESG. “O objetivo do Programa é que todas as coops brasileiras possam desenvolver seus planos de sustentabilidade e ter relatórios qualificados que comprovem suas ações com indicadores qualificados. E, um dia, teremos um relatório de todo o cooperativismo brasileiro, para usarmos na representação, defesa e divulgação do nosso movimento”, detalhou.
“O objetivo do Programa ESGCoop é que todas as coops brasileiras possam desenvolver seus planos de sustentabilidade e ter relatórios qualificados que comprovem suas ações com indicadores qualificados. E, um dia, termos um relatório de todo o cooperativismo brasileiro, para usarmos na representação, defesa e divulgação do nosso movimento”, Débora Ingrisano, gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB
Também de olho no futuro, Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB, antecipou tendências no painel “2025: O Ano Internacional do Cooperativismo”. Ela afirmou que essa iniciativa global é uma oportunidade única para ampliar a visibilidade do setor e posicionar as cooperativas brasileiras como líderes em inovação e sustentabilidade. Desta forma, abordou a relevância do cooperativismo no cenário internacional, especialmente com a proximidade da COP 30, que será realizada no Brasil. “O Ano Internacional das Cooperativas é uma oportunidade para reafirmarmos o poder transformador do nosso setor e inspirarmos uma nova geração de líderes comprometidos com um futuro mais sustentável. Ou seja, o setor pode aproveitar o evento internacional para apresentar cases de sucesso, estabelecer parcerias e promover o modelo de negócio como referência global”, declarou.
Para Luis Cláudio, sócio-fundador da Mundocoop, o evento cumpriu a sua missão: compartilhar conhecimento, inspirar mudanças e fortalecer conexões. “Mais que um sonho realizado, o CoopsParty Summit 2024 foi uma experiência transformadora. Cada detalhe, palestra e troca de ideias foi uma entrega digna do tamanho do nosso cooperativismo e do impacto que ele pode gerar no mundo. A energia que sentimos em Goiás foi única, um reflexo da força de quem acredita que, juntos, podemos mais”, afirmou.
“Este encontro reafirma a relevância do cooperativismo na geração de impacto social e econômico significativo, sendo um marco para o setor no Brasil”, Luiz Branco, fundador da WEX
Luiz Branco, fundador da WEX, a Coopsparty Summit reforçou o potencial transformador do cooperativismo, não apenas como modelo econômico, mas como um movimento que conecta pessoas, ideias e inovações para moldar um futuro mais próspero e inclusivo. “Este encontro reafirma a relevância do cooperativismo na geração de impacto social e econômico significativo, sendo um marco para o setor no Brasil”, comemorou.
Douglas Ferreira, sócio-fundador da Mundocoop, fez coro. “Isso foi só o começo. O CoopsParty 2025 já está no horizonte e será ainda maior, ainda mais transformador. Até lá, seguimos conectados, colaborando e prosperando juntos!”, celebrou, sendo completado pelo presidente da OCB/ GO, Luis Alberto: “foi um marco para o cooperativismo, não só goiano, mas do Brasil. Foi o primeiro evento nesse estilo promovido pelo cooperativismo e tem tudo para se fortalecer, se fixando no calendário nacional.”
Diante do sucesso do evento, todo o conteúdo dele, incluindo detalhamento de palestras, painéis e apresentações, será disponibilizado em um e-book exclusivo. Para o ano que vem, a 3ª edição do CoopsParty Summit já tem data marcada para os dias 3 e 4 de novembro de 2025, em Goiânia.
PALCOS CRIARAM GRANDE IMERSÃO
O evento CoopsParty Summit Goiás 2024 foi dividido em três palcos temáticos com o objetivo de abordar de forma detalhada os assuntos que foram abordados. O espaço Negócios & Propósito, por exemplo, teve como foco reinventar os modelos cooperativistas, com alinhamento das práticas sustentáveis e colaborativas. No palco, especialistas compartilharam experiências sobre como o movimento pode liderar a transição para uma economia mais inclusiva e regenerativa. Estudos de caso e workshops práticos também foram usados como ferramentas para modelagem de negócios, intercooperação e implementação da economia circular, com o intuito de unir impacto social e rentabilidade, inspirando novas estratégias para o futuro.
Já o palco Experience foi dedicado a explorar o impacto da tecnologia e da inovação no cooperativismo. Nele, os participantes protagonizaram discussões sobre a digitalização, a automação e as tendências emergentes que são responsáveis por remodelar os negócios. Palestras sobre o futuro do trabalho fizeram parte da agenda, além de como o cooperativismo pode atrair jovens talentos e promover a inclusão digital, enquanto startups exibiram soluções de ponta, com inteligência artificial e big data, já aplicadas no setor. O espaço deu oportunidade para que os participantes entendessem como essas ferramentas tecnológicas se integraram ao cotidiano cooperativista. No terceiro palco, o Conexões Empreendedoras, o ambiente aproximou empreendedores, startups e investidores através de trocas de ideias e desenvolvimento de parcerias estratégicas. Em dinâmicas interativas de networking, diferentes gerações e setores se encontraram para pensar oportunidades conjuntas.
O evento contou ainda com o esperado Hackathon Cooperativo, atividade que reuniu equipes multidisciplinares que tiveram 24 horas para desenvolver soluções inovadoras para oito desafios reais do cooperativismo a partir do IdeaCoop. O curto prazo exigiu muita criatividade, foco, agilidade, habilidade de trabalhar sob pressão e uma forte capacidade de colaboração. Os desafios foram muitos, desde explorar tecnologias verdes e práticas regenerativas até ferramentas digitais voltadas para a eficiência e inclusão.
EMPREENDEDORISMO DE IMPACTO
Um dos temas que estão em foco na atualidade é, sem dúvidas, o empreendedorismo de impacto. Já ouviu falar sobre isso? Foi justamente este o tema da palestra da professora e coordenadora acadêmica da FIA Business School, Renata Corrêa Nieto. Nela, a especialista afirmou que negócios de impacto são aqueles que têm a intenção clara de endereçar um problema socioambiental, por meio de sua atividade principal. Ou seja, atuam de acordo com a lógica de mercado, com um modelo de negócio que busca retornos financeiros e se comprometem a medir o impacto que geram.
É uma forma de empreendedorismo que exige investimentos de impacto que, por sua vez, resolvem problemas sociais e, assim, geram retorno financeiro e institucionais. “Olhar para a operação do próprio negócio como olhar para a cadeia produtiva onde está inserida são ações muito importantes para o conceito de perenidade para as práticas sustentáveis dos empreendimentos que desejam gerar impactos positivos”, ensinou.
Para a palestrante, empresas comprometidas com o empreendedorismo de impacto precisam responder à pergunta: “Qual problema eu ajudo a resolver?”. Nisso, cabe perceber que o empreendedorismo social também pode ser uma opção para quem deseja empreender de forma impactante, gerando valor para segmentos que vivam em situações econômicas desfavoráveis. “O empreendedorismo de impacto valoriza iniciativas com propósito e responsabilidade social, inovação com inclusão, sustentabilidade e resiliência”, disse.
Seguindo esse raciocínio, a analista de inovação, Hellen Beck, uma das mentoras durante a realização do IdeaCoop, foi além e destacou a força do intraempreendedorismo, que estimula os cooperados a adotarem uma postura empreendedora e inovadora dentro de suas próprias cooperativas. “Esse ambiente de inovação permite que eles explorem novas possibilidades e apliquem soluções criativas que impulsionam a transformação interna, fortalecendo ainda mais o cooperativismo e preparando-o para enfrentar os desafios do futuro”, observou.
Ebook CoopsParty Summit Goiás 2024 tem conteúdo exclusivo do evento
O CoopsParty Summit Goiás 2024 reuniu mais de 2 mil pessoas no Centro de Convenções PUC Goiânia e se consolidou como o maior evento de inovação do cooperativismo no Brasil. E agora, os insights, detalhes e muito mais podem ser conferidos no ebook oficial do evento.
Por Leticia Rio Branco – Redação MundoCoop
Matéria exclusiva publicada na edição 121 da Revista MundoCoop