Celebrado em 28 de dezembro, o Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito vai além de uma data simbólica no calendário do setor financeiro. Instituída pela Lei nº 12.620/2012, a data remete à fundação da primeira cooperativa de crédito do país, em 1902, no município de Nova Petrópolis (RS), e marca o início de um modelo que, ao longo de mais de um século, consolidou-se como um dos principais instrumentos de inclusão financeira e desenvolvimento regional no Brasil
Hoje, o cooperativismo de crédito ocupa posição estratégica no Sistema Financeiro Nacional. Essa perspectiva tem permitido ao segmento ampliar o acesso ao crédito, fortalecer economias locais e responder, de forma consistente, às demandas de diferentes perfis de associados.
Essa relevância se materializa na dimensão alcançada pelo setor. De acordo com o Anuário do Cooperativismo 2025, as cooperativas de crédito formam hoje a maior rede física de atendimento financeiro do país, com mais de 10,2 mil pontos de atendimento distribuídos em cerca de 65% dos municípios brasileiros, sendo a única instituição financeira com presença presencial em 469 cidades. A base de associados supera 21,3 milhões de cooperados, entre pessoas físicas e jurídicas, o que reflete a confiança crescente da comunidade no modelo.
Em termos financeiros, o segmento encerrou 2024 com patrimônio líquido de R$ 116,6 bilhões, ativos totais próximos de R$ 1 trilhão e carteira de crédito de R$ 454,6 bilhões, ao mesmo tempo em que avançou institucionalmente com um ambiente regulatório mais favorável, impulsionado pela Lei Complementar 198/2022 e pela consolidação do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo.
O desempenho exitoso do cooperativismo financeiro também se reflete na expansão do setor. Dados recentes indicam que o cooperativismo financeiro cresce acima da média das demais instituições do sistema e tem ampliado a participação no mercado como alternativa sustentável.
Presença e acesso
A relevância do cooperativismo de crédito se expressa, sobretudo, na capilaridade e na capacidade de estruturar relações financeiras mais acessíveis.
Esse movimento ganha ainda mais destaque em um contexto de retração da presença física de instituições financeiras tradicionais. Enquanto bancos tradicionais tem registrado o encerramento das atividades em diversas agencias bancárias ao redor do país, as cooperativas seguem expandindo seus pontos de atendimento e reforçando a lógica de proximidade em cada região do país.
Ainda, o cooperativismo de crédito amplia tem sido ferramenta de democratização do acesso a serviços financeiros para pessoas físicas, produtores rurais e pequenos empreendedores, além de viabilizar o crescimento de soluções ajustadas às necessidades locais para cada cooperado.
Impacto econômico
Os efeitos dessa atuação se tornam evidentes quando observados os impactos do cooperativismo de crédito na economia real. No crédito rural, por exemplo, as cooperativas respondem por aproximadamente 88% das operações realizadas com recursos do BNDES no âmbito do Plano Agrícola e Pecuário, direcionando bilhões de reais a pequenos e médios produtores rurais em todo o país.
Além do campo, os reflexos se estendem ao conjunto das economias locais. Estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em parceria com o Sistema OCB, aponta que municípios com presença de cooperativas de crédito apresentam indicadores superiores de desenvolvimento, como maior valor da produção agrícola, crescimento do emprego formal e aumento no número de estabelecimentos comerciais.
A manutenção desses recursos dentro do próprio território contribui para a retenção de riqueza local e estimula o comércio local, o que impacta diretamente na criação de um ambiente mais favorável ao desenvolvimento econômico sustentável.
Formação e futuro
Paralelamente aos resultados econômicos, o cooperativismo de crédito também se consolidou como um agente relevante na promoção da educação financeira e cooperativa. Ao longo do ano, diversas cooperativas desenvolveram programas voltados à formação de crianças e jovens, integrando ações em escolas, iniciativas de cooperativismo educacional e projetos de capacitação contínua.
Esse investimento tem resultado no fortalecimento de uma cultura cooperativista desde as primeiras etapas da formação cidadã. Esse estímulo iniciado pelas cooperativas afeta diretamente na preparação de novas gerações de líderes e cidadãos mais conscientes.
A atuação reforça não apenas a educação financeira, mas também a agenda de sucessão e sustentabilidade institucional do cooperativismo de crédito e no cooperativismo como um todo, criando bases sólidas para a continuidade do modelo em um ambiente econômico cada vez mais dinâmico e competitivo.
Em mais um ano, o cooperativismo de crédito reafirma sua relevância ao avançar em um processo contínuo de amadurecimento institucional e regulatório. O crescimento acima da média do Sistema Financeiro Nacional ocorre em paralelo ao fortalecimento de práticas de governança, à profissionalização da gestão, à atenção à segurança cibernética e à qualificação permanente das equipes, eixos essenciais que contribuem para a estabilidade do sistema financeiro, para a ampliação da qualidade da intermediação de recursos e fortalecimento do desenvolvimento econômico e social brasileiro.
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Por Redação MundoCoop












