As propostas desenvolvidas pelo cooperativismo brasileiro, assim como os resultados conquistados pelas cooperativas no país, têm gerado novos entendimentos sobre o potencial do setor para o desenvolvimento local e mundial. As ações articuladas por cooperativas em diversas regiões vêm ganhando atenção de lideranças globais nos debates sobre sustentabilidade e inclusão socioeconômica.
Entre os destaques capitaneados pela delegação brasileira nas agendas no exterior, a participação de Fabíola Nader Motta, gerente-geral da OCB, e João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema, na Assembleia Geral da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) gerou repercussão positiva entre os demais membros da reunião, com a apresentação de pautas relevantes para a agenda global do setor. A presença dos representantes na reunião também reforçou a presença brasileira nos principais espaços de decisão do movimento cooperativista.

Durante o encontro, Fabíola apresentou a programação da próxima reunião do colegiado da ACI, que será realizada em Brasília nos dias 11 e 12 de novembro. Na ocasião, a gerente geral da OCB compartilhou a proposta brasileira de construir um posicionamento conjunto da Aliança para a COP30, marcada para acontecer em Belém do Pará, em 2025. A iniciativa pretende articular uma fala unificada do cooperativismo internacional sobre a pauta climática e será discutida ao longo dos próximos meses, até a votação formal prevista para a reunião de novembro no Brasil.
À OCB, Fabiola destacou a importância da participação brasileira nos ambientes institucionais como instrumento de fortalecimento político do cooperativismo no âmbito internacional. “Estar aqui em Manchester é, para nós, mais do que participar de uma reunião institucional. É representar o cooperativismo brasileiro com consistência, sugerindo propostas relevantes e contribuindo para o fortalecimento do movimento no mundo. A futura COP30 em Belém será uma oportunidade única para mostrar a força do modelo cooperativista frente aos desafios climáticos, e estamos construindo essa agenda desde já com os parceiros internacionais”, expressou.
A aprovação de alterações nos estatutos e no regulamento interno incluiu medidas para fortalecer a liderança feminina na ACI, como a incorporação de critérios de paridade de gênero nas regras eleitorais. “A representatividade é um valor intrínseco ao cooperativismo. Ver a ACI se movimentando para refletir essa diversidade também nas estruturas de poder é um passo essencial”, apontou Fabíola.
Estratégia de desenvolvimento com propósito
A crescente influência do Brasil no debate político global não ocorre por acaso. O êxito do sistema é resultado de uma estratégia estruturada pela coordenação de diferentes frentes.
Fabíola explica, em entrevista ao Portal The Co-op News, que o objetivo é fazer com que o cooperativismo seja reconhecido como parte concreta das soluções globais, especialmente frente aos desafios climáticos. Para ela, a construção dessa agenda passa por mostrar que o modelo cooperativista reúne práticas que já funcionam. “Ninguém quer proteger mais o meio ambiente do que quem vive dele. O que levamos à COP30 é isso: o compromisso real das cooperativas com o futuro das pessoas e da natureza”, pontuou.
Para a dirigente, essa mobilização, no entanto, não se limita à presença institucional. Fabíola destaca que há um esforço contínuo em criar redes, fortalecer a cooperação entre as próprias cooperativas e garantir representatividade em todos os territórios. “Se não participarmos das discussões globais, não seremos lembrados. Precisamos estar presentes, mostrar o que fazemos e conquistar apoio para ampliar nosso impacto”, finalizou.
Por João Victor, Redação MundoCoop