Responsáveis por 14,5% da carteira ativa das cooperativas de crédito singulares, os associados residentes em municípios fora da área de ação dessas organizações compõem um número significativo. Eles representam 11,7% do total de cooperados, segundo o estudo Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, divulgado pelo Banco Central. Segundo a análise do BC, esse percentual tende a se elevar em razão dos avanços tecnológicos e das alterações normativas que diminuem a necessidade de instalações físicas para o atendimento e possibilitam, também, a participação remota dos cooperados nas assembleias.
Uma mudança significativa na legislação ocorrida em 2022 trouxe esclarecimentos e possibilitou a expansão dos serviços oferecidos pelas cooperativas. Anteriormente, a Lei 5.764, de 16 de dezembro de 1971, limitava a área em que os membros poderiam ser admitidos, restrita às oportunidades de reunião, controle, operações e prestação de serviços. Contudo, devido aos avanços tecnológicos, hoje praticamente todos os serviços e operações bancárias podem ser realizados e acessados pela Internet. Isso resultou na separação do local físico onde a cooperativa conduz suas atividades, conhecido como área de atuação, do conceito de área de admissão de membros. Publicada recentemente, a Lei Complementar 196/2022 trata explicitamente dessa diferenciação e dá clareza às novas definições.
O investimento em tecnologia, nesse contexto, se tornou essencial para as cooperativas, já que ajuda a torná-las mais competitivas no mercado. Segundo Felipe Santiago, CEO da CashWay, para que a cooperativa mantenha a relevância e também a fidelidade das próximas gerações, não há outro caminho senão apostar em inovação. “Por meio do investimento em soluções tecnológicas, essas instituições podem aprimorar significativamente a eficiência operacional, ampliar a conveniência dos serviços oferecidos aos cooperados e fortalecer a competitividade no cenário financeiro atual”.
Um exemplo de aposta em tecnologia para melhorar o atendimento aos cooperados é o da Copetro, cooperativa de crédito dos petroleiros de Minas Gerais. Recentemente, a organização investiu em um novo core banking para aprimorar os processos e atender melhor os associados. A aposta na tecnologia foi a solução encontrada pela cooperativa, que tem uma carteira de empréstimo de quase R$ 20 milhões, para se adequar às mudanças que vieram junto com a pandemia de Covid-19. Com escritório em Belo Horizonte e um grupo de 1.222 associados composto majoritariamente por trabalhadores e ex-trabalhadores da refinaria Gabriel Passos, da Petrobras, a organização tinha um atendimento mais voltado para o presencial.
“A pandemia teve um impacto muito grande no modus operandi da cooperativa. Hoje nós fazemos o atendimento presencial, mas a grande maioria é digital. Nós fomos empurrados para a tecnologia, o que foi bom porque trouxe mais agilidade na liberação dos empréstimos e mais facilidade para os cooperados”, explica Milton Igino, Diretor Executivo Administrativo da Copetro. Um dos benefícios é a possibilidade de solicitar crédito via aplicativo e acompanhar o andamento do status direto na plataforma, facilitando a comunicação entre o associado e a instituição financeira. Com a implantação da nova tecnologia, a cooperativa percebeu uma melhora significativa em sua operação. “Quando migramos de sistema, percebemos que deveríamos ter feito isso há muito mais tempo”, completa Igino.
Fonte: Dialetto
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