Para a maioria dos brasileiros, ir à agência de uma instituição financeira para pedir um empréstimo, conversar com o gerente ou ter acesso a algum serviço é uma tarefa simples, principalmente para quem vive nas grandes cidades. Mas essa não é a realidade em todo o país. Em 885 municípios brasileiros, segundo dados atualizados do BureauCoop, essa rotina só é possível por causa das cooperativas, que são as únicas instituições financeiras presentes com agências tradicionais nessas cidades.
A garantia de acesso a produtos e serviços financeiros justos e de qualidade a brasileiros que não têm atendimento presencial de instituições bancárias é um compromisso do cooperativismo e está na essência do modelo de negócio coop, segundo o presidente da Confebras, Moacir Krambeck.
“As cooperativas têm que estar junto de seus cooperados, conhecer sua comunidade. Porque ela não está ali para vender um produto, e sim para disponibilizar o que o cooperado precisa. E para isso é necessário ter relacionamento. Não só com o cooperado, mas com toda a comunidade”, afirma.
Em todo o país, as cooperativas financeiras têm 18,9 milhões de cooperados e uma rede de 8,9 mil postos de atendimento espalhados por 3.169 municípios, de grandes metrópoles a pequenas cidades no interior. No agronegócio, segmento em que o cooperativismo financeiro é um tradicional parceiro dos produtores rurais, a presença de uma agência de atendimento faz toda a diferença, reduzindo as distâncias entre os cooperados e as soluções financeiras que a atividade no campo demanda.
Em Mato Grosso do Sul, um dos pólos do agronegócio brasileiro, a Sicredi Centro-Sul MS/BA faz questão de estar cada vez mais próxima dos cooperados. Com trajetória consolidada na região Sul do estado e mais de 100 mil cooperados, a cooperativa atua em 38 municípios sul-mato-grossenses, sendo que, em três deles, é a única instituição financeira presente: Coronel Sapucaia, Novo Horizonte do Sul e Taquarussu.
“Estar presente fisicamente traz resultados para a vida profissional e pessoal dos cooperados e das pessoas da cidade, gerando empregos, renda e crescimento, atendendo quem nunca teve a oportunidade de ter uma conta corrente, por exemplo, ou que nunca conseguiu investir o dinheiro fruto do trabalho”, afirma o presidente da Sicredi Centro-Sul MS/BA, Paulo Roberto Neves.
Além do exemplo de Mato Grosso do Sul, nacionalmente, o Sicredi é a única instituição financeira fisicamente presente em mais de 200 municípios e pretende ampliar essa lista. Em março deste ano, o sistema cooperativista ultrapassou a marca de 2 mil cidades atendidas, com 2,7 mil agências, e pretende abrir mais 190 até o fim de 2024.
Já o Sicoob, outro gigante do cooperativismo financeiro nacional, é a única instituição financeira local em cerca de 400 cidades brasileiras. De acordo com o diretor executivo de Coordenação Sistêmica, Sustentabilidade e Relações Institucionais, Ênio Meinen, o número não é por acaso e está relacionado à decisão estratégica da instituição cooperativista de seguir abrindo novas agências pelo país, na contramão dos bancos tradicionais, que têm fechado as portas em várias cidades.
“As cooperativas, por vocação, doutrina, e tendo o sétimo princípio cooperativista como referência [compromisso com a comunidade], precisam e querem estar próximas dos cooperados e de seus territórios. Elas não são meras provedoras de serviços financeiros”, afirma.
Estar perto dos cooperados, segundo Meinen, garante inclusão financeira, amplia o papel social das cooperativas nas comunidades em que atuam, e também tem impactos diretos para o negócio. “A proximidade permite que a cooperativa conheça melhor o perfil dos cooperados, reduzindo a assimetria de informações e, com isso, possa selecionar mais adequadamente os tomadores de crédito e oferecer-lhes vantagens do ponto de vista da taxa de juros”, analisa.
Com agências locais, as cooperativas conseguem receber os cooperados, ouvir suas dúvidas e sugestões e fechar negócios com um aperto de mão, gestos que fazem a diferença, principalmente para cooperados aposentados, trabalhadores rurais ou pessoas sem acesso à tecnologia.
“O cooperativismo financeiro, por definição, não é um movimento de distância e, sim, um modelo que se dispõe a encurtá-la. E muitos cooperados ainda preferem o atendimento físico, presencial. Ao mesmo tempo, é claro que o negócio cooperativo financeiro também incorpora, em toda a sua plenitude, as facilidades e a segurança do acesso digital, justamente para atender aos cooperados que prefiram a conexão remota. Ou seja, as cooperativas apresentam-se como instituições high touch [que valorizam o relacionamento] e high tech [tecnológicas], pois são phygitais (combinação de físico e digital]”, compara Ênio Meinen.
Presença de cooperativas melhora a economia local
Além de garantir a inclusão e cidadania financeira para milhões de brasileiros, a presença física das cooperativas nas cidades coloca em prática o princípio cooperativista do interesse pela comunidade. Isso porque pesquisas comprovam que onde tem cooperativismo, tem mais prosperidade.
Estudo desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra que as cidades brasileiras com presença de cooperativas financeiras têm Produto Interno Bruto (PIB) per capita 5,6% maior que as demais, incremento de 6,2% na criação de empregos, e número de estabelecimentos comerciais 15,7% maior. De acordo com a Fipe, parte dos resultados se deve às taxas e tarifas mais justas praticadas pelas cooperativas, que contribuem para amenizar desigualdades sociais e para levar inclusão financeira a mais pessoas, além do estímulo à economia local.
Pesquisa realizada pelo Sicredi também demonstrou que o relacionamento dos cooperados com sua cooperativa financeira aumenta com a abertura de uma agência na cidade em que vivem e trabalham. De acordo com o levantamento, o uso médio de produtos cresce mais do que em municípios sem atendimento físico, e, em média, após cinco anos, cada associado passa a ser atendido com sete produtos financeiros das cooperativas.
Fonte: Confebras
Discussão sobre post