O Governo Federal reservou R$ 516,2 bilhões para investir na produção agropecuária brasileira na safra 2025/26. Nesse montante, as cooperativas de crédito aparecem como atores centrais na distribuição de recursos e somam R$ 143 bilhões em ofertas próprias de crédito rural, equivalente a 28% de todo o Plano Safra empresarial.
A porcentagem de participação das cooperativas financeiras confirma a tendência de crescimento das instituições no fluxo financeiro do campo e reforça seu protagonismo diante do afastamento dos bancos tradicionais em cenários de instabilidade econômica do país.
Protagonismo no financiamento agrícola
O Sicredi projeta liberar R$ 68 bilhões entre julho de 2025 e junho de 2026, alta de 20% sobre a temporada anterior. Sete de cada dez operações destinam‑se a pequenos e médios produtores, hoje 7% da carteira, para proteger os exportadores da volatilidade cambial.
Enquanto o Sicredi fortalece sua presença no segmento de pequenos produtores, o Sicoob adota uma estratégia complementar no mercado. A cooperativa prevê R$60 bilhões em novas concessões, volume 8% superior ao ciclo 2024/25. Marco Aurélio Almada, diretor-presidente da instituição, enfatiza em entrevista ao portal da organização o compromisso de “ser agente de crédito perene”, mantendo operações estáveis independentemente do interesse dos bancos privados.
Essa atuação consistente é viabilizada por instrumentos inovadores como a CPRF (Cédula de Produto Rural Financeira), que responde por 36% dos recursos do Sicoob no agro. Esse mecanismo, que garante liquidez imediata aos cooperados, ajuda a explicar os 7% de market share da instituição no financiamento agrícola nacional.
Completando os detaques das cooperativas de crédito, a Cresol encerrou a safra 2024/25 com R$ 13 bilhões desembolsados, maior volume em três décadas de atuação, e projeta chegar a R$ 15 bilhões no novo ciclo. A estratégia combina linhas Pronaf, beneficiadas pelos R$ 89 bilhões destinados à agricultura familiar dentro do Plano Safra, com recursos próprios e parcerias de alongamento de prazo junto ao BNDES.
Segundo Cledir Magri, presidente da Cresol, o investimento em digitalização foi crucial para esses resultados. “A modernização dos processos internos reduziu significativamente nosso time-to-cash, permitindo que antecipássemos solicitações já em junho”, explica o executivo, destacando como a agilidade operacional se converteu em vantagem competitiva para os produtores associados.
Agilidade cooperativista como vantagem competitiva
O Plano Safra 2025/26 elevou as taxas em um a dois pontos percentuais em quase todas as linhas, refletindo a Selic de dois dígitos. Para produtores, isso aumenta o peso financeiro e torna a proximidade um diferencial decisivo.
Impacto no setor agro
Os sistemas Sicredi, Sicoob e Cresol consolidam seu protagonismo no financiamento do agronegócio brasileiro com a ocupação dos espaços deixados por bancos tradicionais e definindo os rumos do crédito rural.
Com carteira combinada superior a R$140 bilhões, as cooperativas demonstram a força do modelo em manter operações robustas mesmo em ambiente de altas taxas de juros, oferecendo soluções personalizadas para pequenos e médios produtores, garantindo, assim, o fluxo de recursos essenciais para a safra nacional.
Por Redação MundoCoop