Segundo dados da última edição do AnuárioCoop – Dados do Cooperativismo Brasileiro, divulgado pelo Sistema OCB, o cooperativismo de crédito reúne hoje mais de 18 milhões de cooperados. Indo na contramão dos bancos, o cooperativismo mais uma vez mostrou que a atuação regional e próxima, seguirá como seu principal mote. Segundo números divulgados pelo Banco Central (BC), o setor possui mais de 9 mil unidades de atendimento, um aumento expressivo em relação ao ano anterior. Totalizando mais de 3 mil localidades, o setor opera em mais de 55% dos municípios brasileiros. No final de 2022, eram mais de 799 cooperativas singulares e 32 centrais.
Ao longo dos anos, os sistemas de crédito cooperativo – Sicoob, Sicredi, Ailos, Cresol, Unicred, Sisprime e CredSIS – colecionaram reconhecimentos internacionais, parcerias estratégicas e ações sociais que transformaram a vida de crianças e adolescentes por todo o Brasil. Somado a isso, a intercooperação resultou em uma parceria inédita, que tornou as cooperativas uma das primeiras instituições a emitirem o Drex, a nova moeda digital do Brasil.
Segundo dados do Banco Central, divulgados em setembro de 2023, o segmento fechou o ano anterior com números maiores do que a média do setor financeiro brasileiro. Em ativos, foram movimentados R$ 590 bilhões, um crescimento de 29%; em passivos, foram R$ 383 bilhões, o que aponta um crescimento de 22%. Já o montante em depósitos atingiu R$ 358 bilhões, um aumento de 30% em 2022.
Esses números reforçam que o cooperativismo de crédito se tornou um importante instrumento impulsionador da economia. As cooperativas estão presentes em cerca de 300 municípios que não têm bancos, por exemplo. O Anuário Coop 2023 divulgou que, onde essas iniciativas atuam, há um incremento na arrecadação de impostos, na geração de empregos, na educação e na promoção social. Em 2022, foram arrecadados mais de R$ 19 bilhões em tributos nos cofres públicos e mais de R$ 25 bilhões referentes ao pagamento de salários e de outros benefícios destinados a colaboradores.
Em novembro passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltou que o cooperativismo é um pilar democrático para o acesso a serviços financeiros. “Apoiar pessoas, impulsionar negócios, transformar comunidades são ações que vocês promovem todos os dias”. Campos Neto defendeu que o mercado continue a se desenvolver para que novas oportunidades sejam encontradas. “O Banco Central tem sempre destacado os benefícios que o cooperativismo traz ao sistema financeiro e à sociedade em geral”, disse, citando o aumento da inclusão financeira, a ampliação da concorrência e oferta de crédito a taxas de juros menores e o fomento ao crescimento socioeconômico regional.O presidente destacou ainda que a expansão do segmento vem se dando a taxas mais robustas do que as observadas em outras modalidades. “O melhor é que esse crescimento vem acompanhado de uma evolução do setor em termos de governança, organização e eficiência.”
Prosperidade para as comunidades
Em 885 municípios brasileiros, segundo dados atualizados do BureauCoop, a rotina de acesso fácil aos serviços financeiros só é possível por causa das cooperativas, que são as únicas instituições financeiras presentes com agências tradicionais nessas cidades.
A garantia de acesso a produtos e serviços financeiros justos e de qualidade a brasileiros que não têm atendimento presencial de instituições bancárias é um compromisso do cooperativismo e está na essência do modelo de negócio coop, segundo o presidente da Confebras, Moacir Krambeck. “As cooperativas têm que estar junto de seus cooperados, conhecer sua comunidade. Porque ela não está ali para vender um produto, e sim para disponibilizar o que o cooperado precisa. E para isso é necessário ter relacionamento. Não só com o cooperado, mas com toda a comunidade”, afirma.
Em todo o país, as cooperativas financeiras têm 18,9 milhões de cooperados e uma rede de 8,9 mil postos de atendimento espalhados por 3.169 municípios, de grandes metrópoles a pequenas cidades no interior. No agronegócio, segmento em que o cooperativismo financeiro é um tradicional parceiro dos produtores rurais, a presença de uma agência de atendimento faz toda a diferença, reduzindo as distâncias entre os cooperados e as soluções financeiras que a atividade no campo demanda.
O Sicredi é a única instituição financeira fisicamente presente em mais de 200 municípios e pretende ampliar essa lista. Em março deste ano, o sistema cooperativista ultrapassou a marca de 2 mil cidades atendidas, com 2,7 mil agências, e pretende abrir mais 190 até o fim de 2024. Já o Sicoob, outro gigante do cooperativismo financeiro nacional, é a única instituição financeira local em cerca de 400 cidades brasileiras. De acordo com o diretor executivo de Coordenação Sistêmica, Sustentabilidade e Relações Institucionais, Ênio Meinen, o número não é por acaso e está relacionado à decisão estratégica da instituição cooperativista de seguir abrindo novas agências pelo país, na contramão dos bancos tradicionais, que têm fechado as portas em várias cidades. “As cooperativas, por vocação, doutrina, e tendo o sétimo princípio cooperativista como referência [compromisso com a comunidade], precisam e querem estar próximas dos cooperados e de seus territórios. Elas não são meras provedoras de serviços financeiros”, afirma.
Reconhecimento internacional
Tamanho o impacto de seu trabalho nas comunidades, as cooperativas de crédito brasileiras tem sido amplamente reconhecidas no cenário externo. Em novembro, o Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (WOCCU) anunciou a adição do Sicoob, um dos maiores sistemas cooperativos financeiros da América Latina, como seu novo membro, adicionado sob uma estrutura de membros revisada do Conselho da WOCCU Conselho de Administração aprovado no início deste ano. “A aprovação do SICOOB como Membro Associado da WOCCU é motivo de grande satisfação, pois não só evidencia o compromisso da nossa instituição com os princípios do cooperativismo financeiro, como também confirma a importância do tema à escala global”, afirmou Marco Aurélio Almada, CEO do SICOOB.
No caso do Brasil, o Sicredi é Membro Direto da WOCCU há mais de 20 anos. O Sicredi foi uma das organizações que defendeu uma maior inclusão através da abertura da adesão à WOCCU a mais de uma associação nacional por país, mesmo que isso significasse acolher uma das suas concorrentes. “O apoio do Sicredi à adesão de novos sistemas é um sinal muito claro de intercooperação global em favor de um mundo melhor voltado para o desenvolvimento de comunidades mais pacíficas – seguindo o lema de pessoas ajudando pessoas”, disse Manfred Dasenbrock, Diretor do Conselho da WOCCU que também atua como presidente da Central Sicredi PR/SP/RJ (Curitiba, Brasil) e conselheiro do Sicredi.
Mais recentemente, a Forbes colocou as cooperativas entre as instituições financeiras que mais se destacam no mundo. Pelo segundo ano consecutivo, o Sicoob foi reconhecido como a terceira melhor instituição financeira do Brasil. De acordo com Marco Aurélio Almada, diretor-presidente do Sicoob, a presença do Sicoob no Top-3 de um ranking desse porte confirma que o propósito da instituição, de conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade, está sendo fielmente cumprido. “Estamos profundamente honrados por mais uma vez sermos reconhecidos pela Forbes. Esse reconhecimento reflete nosso compromisso como uma instituição financeira cooperativa que se dedica em oferecer produtos e serviços sempre alinhados com as necessidades e a satisfação dos nossos cooperados.
Já o Sicredi conquistou a quinta posição do ranking brasileiro. “O reconhecimento no ranking Forbes reflete o êxito que nossas cooperativas têm tido em aumentar o número de pessoas beneficiadas pelos diferenciais do relacionamento com uma cooperativa de crédito sem perder a nossa essência que é focar nas necessidades dos associados. Nossa fórmula para isso tem sido, ao mesmo tempo, investir em soluções digitais, aumento e aprimoramento de portfólio, sem deixar de disponibilizar atendimento humano e próximo, com interesse genuíno em apoiar o crescimento das pessoas e empresas”, contextualiza César Bochi, diretor presidente do Banco Cooperativo Sicredi.
2023/24 momento de virada
Para as cooperativas de crédito, 2023 representou um importante marco: foi o momento em que o setor alavancou seus resultados e reforçou seu impacto no desenvolvimento socioeconômico do país. Expandindo sua atuação, as cooperativas firmaram importantes parcerias estratégias, e agora, encaram a intercooperação e a inovação aberta como elementos chave para a construção do próximo passo.
No cenário internacional o diálogo com outros países resultou na consolidação de novas parcerias, aumentando não só a força do cooperativismo financeiro no mundo todo, mas também cravando o cooperativismo brasileiro no mapa.
Para o Dr. Alvaro Jabur, Presidente da Sisprime do Brasil, o cooperativismo brasileiro se destaca por avançar mais, em menos tempo. Isso, fruto de práticas bem alinhadas e estratégias consolidadas. “O cooperativismo de crédito é destaque e cresce acima da média do sistema financeiro por oferecer um atendimento diferenciado e proporcionar retorno a sociedade, gerando desenvolvimento nas regiões onde atua”, afirma.
Fernando Dall’Agnese, presidente do Conselho de Administração do Sicredi (SicrediPar), acredita que a conexão com as comunidades é exatamente o fator chave que define o sucesso do modelo, principalmente quando mensurados resultados que vão além do impacto financeiro. “O impacto positivo do cooperativismo de crédito é inerente ao seu modelo que busca beneficiar socioeconomicamente as comunidades em que está inserido de forma alinhada à preservação ambiental. Trabalhamos de forma integrada às comunidades, promovendo o crédito, mas também acesso à educação financeira e promoção de iniciativas sociais”, reforça.
Em um momento onde a tecnologia está dominando o mercado e criando dúvidas, olhar para a essência do cooperativismo de crédito revela um modelo comprometido em manter seu relacionamento direto com o consumidor para assim, oferecer melhores oportunidades, nos mais diversos aspectos. “O futuro do cooperativismo estará nessa capacidade de conjugarmos o elemento máquina com gente. Nós temos essa grande demanda de garantir que, ao mesmo tempo, os nossos cooperados possam ter uma excelente experiência nas nossas plataformas de autoatendimento, na jornada digital, mas possam ter a escolha de serem atendidos numa agência, pelos nossos profissionais. Esse tema já ocupava um papel de destaque antes da pandemia e agora se evidencia ainda mais. Se nós tivermos capacidade e sabedoria de equilibrar bem essa jornada do digital com o humano, seguramente, seguiremos experimentando um crescimento muito acima da média da estrutura do sistema financeiro tradicional”, afirma Cledir Magri, presidente da Cresol Confederação.
Por Redação MundoCoop
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