A produção brasileira de café tem registrado crescimento expressivo no mercado nacional, ganhando destaque entre os principais importadores ao redor do globo, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A qualidade do café, aliada às certificações socioambientais e as inovações presentes no agro brasileiro, tem também impulsionado a participação de cooperativas cafeeiras no cenário internacional.
Essa movimentação se deve, em grande parte, não apenas pela capacidade do setor em ter uma gestão eficiente e sustentabilidade de produção, mas também pelo respaldo cedido aos produtores pelas cooperativas financeiras, responsáveis pela cessão de crédito estruturado e consultorias técnicas para a criação de planos estratégicos voltados ao desenvolvimento sustentável do segmento.
Impacto regional
O crescimento do café brasileiro no mundo tem atingido às economias locais e gerado avanços expressivos nas questões que se referem ao desenvolvimento territorial sustentável.
O ano de 2024 foi especialmente marcante para a cafeicultura no Espírito Santo, pela quebra recordes históricos, como a valorização do café conilon, evidenciada pelos preços elevados pagos pela saca.
Apesar da liderança mineira na produção nacional de café, a realidade capixaba revela um cenário de maior capilaridade da cultura. Enquanto, no estado mineiro, duas a cada dez propriedades rurais produzem café, no Espírito Santo esse número salta para sete a cada dez, totalizando cerca de 50 mil propriedades envolvidas com a cafeicultura, de acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag). A atividade responde por 37% do Produto Interno Bruto (PIB) agrícola do estado.
O protagonismo das cooperativas cafeeiras brasileiras é resultado de uma cadeia produtiva consciente e de uma cultura sustentável, a qual prioriza a valorização do crescimento estruturado e relacionamento transparente com os produtores.
Incentivos
Além disso, os programas de incentivo do Governo Federal e dos governos estaduais têm potencializado a modernização dos processos de plantação, colheita e fiscalização da qualidade dos grãos, o que tem intensificado o comércio brasileiro de café no país e nas negociações com compradores como Alemanha, Reino Unido, Itália e Bélgica.
No âmbito nacional, as cooperativas cafeeiras têm ganhado espaço em incentivos desenvolvidos a níveis nacionais e estaduais, a fim de alavancar a competitividade e garantir melhores condições aos pequenos e médios produtores. Em um dos movimentos recentes, o Governo Federal anunciou um pacote de mais de R$ 7 bilhões, com linhas de crédito específicas para modernização de maquinário, adoção de tecnologias de agricultura de precisão e obtenção de certificações internacionais. A verba disponibilizada pela Portaria nº 804/25 está sendo direcionada especialmente para cooperativas que atuam na produção de cafés especiais.
Já nos estados, as iniciativas complementam a estratégia federal com ações que atendem as necessidades dos plantios locais. Em Minas Gerais, maior produtor nacional, o governo estadual em parceria com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) liberou R$ 1,4 bilhão em crédito para apoiar o agro local. Para o café mineiro, a parceria forneceu três tipos de créditos, voltados à Comercialização, permitindo o financiamento em valor equivalente à quantidade de produto armazenado para venda futura em melhores condições de mercado; FAC, para a compra do café diretamente dos produtores rurais e capital de giro.
Nos estados da Região Norte, tais políticas customizadas também ganham destaque pelos efeitos positivos na cafeicultura cooperativista. Em Rondônia, o governo estadual vem investindo na capacitação técnica direta aos produtores e parcerias com cooperativas consolidadas de Minas Gerais e Espírito Santo, com o objetivo de trocar conhecimentos e elevar a qualidade dos grãos produzidos no estado. Já no Acre, a aposta tem sido na infraestrutura, como a construção e recuperação de estradas vicinais no Vale do Juruá, para facilitar a logística da cooperativa, reduzir o tempo de escoamento da produção e ampliar o volume comercializado.
Produção pelo mundo
Os resultados das ações conjuntas entre cooperativas e o poder público tem se refletido no aumento da presença brasileira nas prateleiras internacionais e a intercooperação tem gerado efeitos nas áreas de tecnologia, economia e desenvolvimento social.
Entre os destaques do segmento, está a inauguração do e-commerce internacional da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), lançado em abril deste ano, na cidade de Houston, TX (EUA). O novo ponto de vendas como objetivo simplificar o relacionamento entre compradores internacionais e cooperados e estabelecer novas parcerias para a melhoria da logística e a rapidez das negociações internacionais.
Em nota ao Globo Rural, Ítalo Henrique, diretor comercial da Expocacer, afirmou que o novo hub marca uma nova etapa para o café mineiro na vitrine mundial. “Esta plataforma permitirá que compradores de todo o mundo adquiram os cafés diretamente dos cooperados da Expocacer, com toda a conveniência e segurança de um ambiente digital”, pontuou.
Além da exportação, o fortalecimento da relação com países em todos os continentes viabiliza a adesão de novas tecnologias projetadas para a simplificação do trabalho de verificação dos grãos produzidos, como é o exemplo da cooperativa Coopercam, a nova tecnologia suíça para a classificação do café. A tecnologia implementada representa um marco para a Cooperativa, que passou a contar com um algoritmo inovador responsável pela classificação dos grãos. O método utilizado, além de acelerar o processo, tem elevado os padrões de qualidade e garantido a agilidade na entrega e na análise da produção dos cooperados.
Seguindo com o avanço operacional, a Coopercam ainda reforçou o seu compromisso com a capacitação e o desenvolvimento profissional, investindo em treinamento específico para assegurar o atendimento ágil e tecnicamente qualificado durante o processo de entrega das safras.
“Os relatórios de qualidade serão traduzidos imediatamente para qualquer padrão de classificação, como SCA, GCA, ISO, COB, NY. Com resultados mais consistentes em mãos, a Coopercam poderá analisar as tendências de dados de qualidade e a comercialização dos cafés será realizado de forma muito mais transparente”, destaca Denilson Silva, diretor administrativo da Coopercam.
Com informações de Sistema OCB/ES e Sistema Ocepar