A 20ª edição da Conferência Mundial das Cooperativas de Crédito (WCUC) 2025, promovida pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (WOCCU), encerrou ontem, 16 de julho, em Estocolmo, Suécia, após três dias intensos de debates, intercâmbio de experiências e celebração do cooperativismo financeiro global. Realizado de 14 a 16 de julho, o evento reuniu líderes, especialistas e representantes de cooperativas de crédito de todo o mundo para discutir os rumos do setor em um cenário de transformações aceleradas.
O tema central da WCUC 2025 foi a “Confiança”, destacada como o alicerce e pilar primário do cooperativismo de crédito. As discussões enfatizaram que a confiança é crucial para sustentar a relação com os membros, legitimar a liderança e fortalecer as comunidades, funcionando como um diferencial competitivo essencial. Eric Termuende, em sua palestra de encerramento, enfatizou que a “confiança é a base de equipes de alta performance”, propondo pilares como a construção intencional de confiança e a remoção contínua de atritos nos processos. Paul Treinen, CEO interino do WOCCU, sublinhou que as cooperativas financeiras são cruciais como instituições de confiança, proximidade e impacto comunitário, e anunciou o novo plano estratégico do WOCCU com foco em advocacia global, expansão de serviços aos membros e destaque do diferencial cooperativo.
Temas como inovação, sustentabilidade, transformação digital, inclusão financeira e governança colaborativa foram amplamente debatidos, sempre com o propósito de impulsionar o cooperativismo como um agente ativo na superação de desafios sociais. A conferência celebrou também 20 anos de cooperação global, com a WOCCU apresentando sua nova estratégia trienal e a campanha “Rally the Movement”, que arrecadou mais de US$1 milhão para projetos estratégicos.
Impacto global do cooperativismo brasileiro
O cooperativismo financeiro brasileiro demonstrou sua força e relevância no cenário mundial durante a WCUC 2025. O Brasil e o Reino Unido, por exemplo, destacaram estratégias para impulsionar o cooperativismo financeiro no painel sobre “Colaboração Pacífica: Como a Política e o Crescimento Caminham Juntos”. O painel reuniu representantes para discutir como políticas públicas, marcos regulatórios e estratégias institucionais impulsionaram o setor em ambos os países.
Outra sessão de destaque, “Criando Impacto em Escala”, contou com a participação de Márcio Zwierewicz, do Sicredi, que apresentou a presença nacional do sistema, seu impacto local e a transformação coletiva. Ele ressaltou o alcance extenso do Sicredi, seus esforços de inclusão financeira e investimentos econômicos e sociais significativos, posicionando o modelo brasileiro como um exemplo global de sucesso. Wellington Holbrook, CEO da Vancity do Canadá, reforçou a necessidade de as cooperativas se reposicionarem como protagonistas da transformação, diferenciando-se dos bancos tradicionais por meio de seu propósito e valores essenciais.
Inovação e colaboração
A WCUC 2025 reforçou a importância da colaboração global e da inovação para o crescimento e a resiliência do movimento cooperativo financeiro, com o Brasil desempenhando um papel fundamental nesse cenário. E os grandes sistemas cooperativos brasileiros tiveram uma participação ativa e de destaque na conferência.
A Cresol participou pelo segundo ano consecutivo como membro do conselho do WOCCU, celebrando seus 30 anos de atuação e o reconhecimento de seus esforços em promover o cooperativismo nas comunidades. Uma delegação com mais de 50 líderes da Cresol esteve presente. O sistema foi homenageado com um certificado do WOCCU, entregue por Paul Treinen, que parabenizou a Cresol por sua consolidação como uma força significativa no Brasil com relevância internacional.
Cledir Magri, presidente da Cresol Confederação, destaca o encontro como um “momento de muita troca de experiências, de aprendizado, de fortalecimento de relacionamentos. É uma oportunidade para criar novas parcerias e fortalecer as que já existem, especialmente porque o movimento cooperativista e financeiro de todo o mundo está reunido aqui neste momento”.
O Sicredi focou sua participação na transformação digital com essência humana. César Bochi, Diretor Executivo do Sicredi, detalhou como a instituição equilibra inovação tecnológica com os princípios humanos, destacando que, apesar de 97% das transações serem digitais, o Sicredi continua abrindo cerca de 200 novas agências físicas anualmente. O uso da IA para tarefas repetitivas e segurança, sempre com foco na empatia, também foi abordado.
César Bochi concluiu sua participação na WCUC 2025, deixando clara a visão de que a transformação digital deve estar a serviço das pessoas. A tecnologia, por si só, não é o fim — ela é o meio para fortalecer a relação entre a cooperativa e seus associados, garantindo perenidade e relevância. “Se queremos cuidar do associado, temos que começar escutando de verdade”, reforçou.
Já o Sicoob apresentou sua jornada em IA generativa. No primeiro dia, o executivo Edson Lisboa, responsável pelas áreas de inteligência artificial, analytics e sustentação no Sicoob, compartilhou a estratégia da instituição na adoção de IA generativa de código aberto como ferramenta de transformação digital.
Guiado pelo propósito de “conectar pessoas para promover justiça financeira e prosperidade”, o Sicoob vê a inteligência artificial como uma aliada estratégica. Desde 2023, o Sicoob começou a implantar modelos de linguagem generativa (LLMs) de código aberto, como LLaMA, Mistral, FIDE3/FIDE4, DeepSeek R1 e Granite, todos operando em uma nuvem privada, garantindo segurança, conformidade com a LGPD e redução de custos. Um Centro de Excelência (CIA) foi criado para coordenar a governança e a curadoria dos casos de uso.
Por Redação MundoCoop, com informações do Portal do Cooperativismo de Crédito