O Brasil é destaque mundial na produção de energia solar. Segundo um levantamento divulgado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o país é o sexto maior produtor global nessa área. Em 2023, o setor registrou faturamento de R$ 5,6 bilhões, um aumento de 49% em comparação com o ano anterior. Além disso, ultrapassou a marca de 37 GW de potência instalada de fonte solar em território nacional. Esse crescimento conta com uma contribuição muito importante do cooperativismo, especialmente das cooperativas mineiras, que têm impulsionado a geração de energia sustentável.
Uma das iniciativas de ampliação na geração de energia solar no Brasil é o programa MinasCoop Energia, lançado em 2021 pelo Sistema Ocemg. O programa incentiva a instalação de usinas fotovoltaicas pelas cooperativas, sendo que o excedente de toda a produção é doado a instituições filantrópicas. Seu sucesso foi notável, rendendo uma apresentação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP26, com impacto nas edições posteriores: COP27 em 2023, e COP28 em 2024, como exemplo de combate às mudanças climáticas em Minas Gerais.
No Brasil, a energia solar é gerada de diversas formas. As grandes usinas representam cerca de 30% da capacidade total, o equivalente a 13,48 GW. A maioria, quase 70%, vem da geração distribuída, totalizando aproximadamente 28,66 GW. Essa parte inclui as usinas menores, chamadas de mini e micro usinas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É importante ressaltar que essa é a energia produzida nas cooperativas mineiras que fazem parte do MinasCoop.
Alcance do MinasCoop
Desde o seu lançamento, o Minas Coop Energia estimulou investimentos significativos, totalizando cerca de R$ 37,6 milhões na construção de 68 usinas. Esses empreendimentos foram realizados por 38 cooperativas que aderiram à iniciativa. Juntos, esses projetos geram 78,8 MGW de energia limpa e doam 2,3 milhões de KW/hora de excedente por ano a 53 instituições. Essa contribuição beneficia mais de 4 milhões de pessoas.
O MinasCoop Energia está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e o Pacto Global da ONU, dos quais o Sistema Ocemg é signatário. Além disso, essa iniciativa contribui diretamente para o compromisso assumido por mais de 110 países durante a COP28, em Dubai, de triplicar o uso de energias renováveis e duplicar a eficiência energética até 2030. Essa posição coloca Minas Gerais e o Brasil na vanguarda do movimento global.
O analista da Gerência Administrativa do Sistema Ocemg, Lucas Lage, explica que o programa é pioneiro na geração de energia fotovoltaica no cooperativismo mineiro, objetivando o alcance da autossuficiência energética e redução de custos. “Além de promover a sustentabilidade e a produção limpa de energia, destaca-se pelo compromisso social ao direcionar parte da energia gerada para entidades filantrópicas em Minas Gerais, fortalecendo o papel social do Sistema Ocemg no cooperativismo”.
Lage acrescenta que o programa auxilia cooperativas na transição para uma geração autossuficiente de energia, oferecendo consultoria técnica especializada. “Com um retorno financeiro previsto em até cinco anos após o investimento inicial na usina, as cooperativas podem esperar uma redução significativa nas despesas de energia a longo prazo”, detalha. “O incentivo para a construção de usinas fotovoltaicas promove a autossuficiência energética e a sustentabilidade, beneficiando as cooperativas e a comunidade”.
O MinasCoop Energia requer a cooperação do Sistema Ocemg para adesão. Após o contato, que deve ser feito pela cooperativa, o Sistema realiza estudo técnico para analisar a demanda. “Os benefícios incluem redução de custos a longo prazo, sustentabilidade ambiental e autossuficiência energética”, acrescenta. “Para cooperativas com usinas fotovoltaicas prontas, basta contatar o Sistema Ocemg, que fornecerá consultoria para viabilizar doações de energia às instituições escolhidas”.
MinasCoop na prática
O Sicoob Nossocredito é uma das cooperativas que fizeram a adesão ao programa. O presidente do Conselho de Administração da cooperativa, Leonardo Lima Diogo, explica que a instituição estava em busca de um projeto de sustentabilidade ambiental. “É uma forma de sermos coerentes com o que divulgamos como valores cooperativistas”, declara.
O presidente destaca que o MinasCoop Energia tem impactado positivamente nos valores da cooperativa, que já está vendo o retorno do investimento. “Diante do reajuste nas contas de energia elétrica, realizado pela operadora, imaginávamos um ‘pay back’ (indicador financeiro que representa o tempo de retorno de um investimento) de 8 anos, mas alcançamos em 5 anos. Observamos também um investimento de credibilidade na imagem da cooperativa”, detalha. “Após a divulgação do projeto, percebemos o ingresso de novos cooperados por acreditarem e valorizarem o posicionamento da instituição na preocupação ambiental. Além disso, recebemos muitos elogios dos cooperados.”
A Unimed Belo Horizonte também aderiu ao programa. Segundo o diretor-presidente da cooperativa, Frederico Peret, a parceria com o Sistema Ocemg, por meio do MinasCoop Energia, para a instalação das usinas no norte de Minas, veio em um momento oportuno e está alinhada ao compromisso econômico e socioambiental da Unimed-BH. “A economia financeira é um ponto positivo, mas o importante é pensar que a geração de energia solar fotovoltaica é uma das mais sustentáveis no mundo, uma vez que não emite poluentes e não utiliza matérias-primas escassas na natureza”. Segundo o presidente, em 2023, a coop contabilizou uma economia de quase R$ 45 mil. Nos primeiros quatro meses de 2024, a usina gerou 41,5 mil kWh e uma economia de mais de R$ 20 mil”, mostra.
A Coopertran também aderiu ao MinasCoop Energia. Hoje, a cooperativa tem a usina como exemplo concreto do compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social. “Além de contribuir com um meio ambiente mais equilibrado e economia de energia para a cooperativa, faremos a doação do excedente da geração para duas entidades locais que se alinham aos nossos valores cooperativistas”, explica o diretor-presidente da cooperativa, Wesley Marcos do Carmo. “A estimativa é que essas entidades economizem aproximadamente R$18 mil ao ano com a doação do excedente de energia”.
Carmo acrescenta que, o investimento inicial na instalação dos painéis tem retorno ao longo do tempo. Sendo assim, a cooperativa já conseguiu liberar recursos que seriam destinados ao pagamento da conta de energia para utilização em outras áreas, como a ampliação de infraestrutura e o investimento na educação dos cooperados e colaboradores. “A adesão ao MinasCoop trouxe estabilidade financeira, evitando custos adicionais com a oscilação dos preços da energia convencional”, acrescenta. “Nosso retorno está estimado em 32 meses, bem abaixo do prazo médio estabelecido pelo mercado. Estimamos, também, uma economia de R$40 mil por ano a partir da geração própria”.
Fonte: Sistema Ocemg
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