As cooperativas do Rio Grande do Sul têm recorrido aos Programas governamentais, como o Pronampe Solidário para auxiliar as empresas de cooperados, que tiveram perdas em decorrência dos alagamentos causados pelas chuvas nos últimos meses. O recurso tem sido uma forma de dar crédito subsidiado às micro e pequenas empresas, que estão em cidades dos desastres ocorridos no sul do país
A modalidade faz parte do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Ele nasceu em 2020 com o objetivo de apoiar financeiramente as vítimas da pandemia do Covid-19. O Pronampe Solidário foi criado em 2024 com três formatos: o Permanente, que oferece crédito para MEIs, micro e pequenas empresas. Ele está disponível em todas as instituições financeiras, com juros e condições normais.
Uma das vantagens do Programa é que o auxílio possibilita as cooperativas de crédito alavancarem o acesso a esta fonte de financiamento devido ao relacionamento com os seus associados. “Ele é mais uma modalidade de ajuda oferecida a seus clientes, de forma ágil e prática. Os recursos dão apoio financeiro às empresas afetadas pelas enchentes de 2024 no Rio Grande do Sul, concedendo crédito em condições favoráveis às micro e pequenas empresas”, explica Josilmar Cordenonssi Cia, economista e professor de Finanças do CCSA/Mackenzie.
O especialista lembra que inicialmente, somente o Banco do Brasil e a Caixa Econômica poderiam conceder o Pronampe Solidário. Mas cedendo às pressões de outras instituições financeiras, quase todas podem oferecer o benefício a seus clientes, inclusive as cooperativas de crédito. Para participar é necessário compartilhar os dados da empresa através do portal e-CAC, da Receita Federal e em seguida, procurar uma instituição financeira para dar prosseguimento ao processo.
“O objetivo principal do Pronampe Solidário é manter o emprego e fazer com que as empresas consigam sobreviver a esta fase crítica. Neste momento elas podem avaliar as perdas e se reconstruir em condições mais resilientes, prevendo inclusive novas condições climáticas adversas”, lembra Josilmar.
Programa pode alavancar os negócios
São vários os pontos positivos dos Programas, um deles é o auxílio na recuperação do negócio de forma menos custosa, frente a outras modalidades de crédito no mercado. Alguns de seus impactos é o aumento do acesso das micro e pequenas empresas a este programa, dando mais chances de sucesso e de recuperação da economia gaúcha.
Os especialistas explicam que, com o auxílio, as organizações aumentam o leque de produtos financeiros oferecidos e aprofundam seus relacionamentos com os associados. Fora isso, programas como o Pronampe Solidário faz com que a cooperativa possa fortalecer o seu papel social. “Essa é também uma oportunidade para fazer ajustes no negócio, ficar mais competitivo e menos sujeito a riscos climáticos. Reavalie o seu negócio frente à nova realidade. Este programa pode ser o início de uma reconstrução em bases sólidas, por isso planeje bem para não desperdiçar a chance”, aconselha Cordenonssi.
Sistema Ocergs comemora o recurso
Além das empresas, o Programa está auxiliando as cooperativas na reestruturação do estado. Para Darci Hartmann, presidente do Sistema Ocergs, o acesso das cooperativas de crédito aos recursos foi uma conquista muito comemorada pelo Sistema Ocergs. O órgão vem intercedendo junto aos governos estadual e federal há meses, pedindo o apoio das instituições para o Rio Grande do Sul.
“A criação da Medida Provisória 1.226/24, permitiu que as cooperativas de crédito operassem valores do Pronampe Solidário, que até então eram feitos apenas pelo Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. O programa foi importante não apenas para as cooperativas, mas também para todos os gaúchos, uma vez que as cooperativas de crédito estão presentes em 97% dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, sendo em muitas cidades a única instituição financeira com atendimento de forma física”, ressalta Darci.
Hartmann, lembra que o programa pode também ajudar na reorganização do sistema cooperativista gaúcho, um dos responsáveis pelo crescimento do estado. “Hoje, somos 3,8 milhões de associados, ao todo, empregamos 75,9 mil pessoas. Fechamos 2023 com faturamento de R$86,3 bilhões nas 370 cooperativas registradas no Sistema Ocergs, um aumento de 3,3% em relação ao ano anterior. O crescimento das sobras foi de 20%, chegando ao valor total de R$5,11 bilhões”, diz.
200 milhões em recursos
Uma das cooperativas que mais tem atuado através dos recursos do Pronampe Solidário é o Sicredi. A organização é uma das maiores instituições financeiras no Rio Grande do Sul e está presente nos 49 municípios que decretaram, em algum momento, estado de calamidade ou emergência. João Pillar, Consultor de Negócios da Central Sicredi Sul/Sudeste, conta que as cooperativas têm buscado pulverizar a distribuição dos recursos para fazer o dinheiro chegar em mais associados afetados pelas enchentes do estado. “Assim, ajudamos na retomada das atividades por um número maior de empresas e contribuímos para a reconstrução dos municípios”, relata.
Até o momento, a cooperativa apoiou mais de 7.300 empresas, que foram contempladas com o recurso do Pronampe Solidário com subvenção. Isso representa um valor de mais de 630 milhões liberados pelo governo. O governo destinou para a organização 200 milhões de reais de subvenção, o que permitiu que a cooperativa contratasse 500 milhões de reais em operações.
“Na modalidade sem subvenção seguimos operando. Ela contemplou tanto os municípios em emergência quanto os em calamidade. Já fizemos aproximadamente uma carteira de 137 milhões na modalidade sem subvenção. Estamos na expectativa de receber mais limite para operar com subvenção e isso também vai nos permitir alavancar mais crédito”, explica João.
O especialista explica que o Pronampe Solidário apresenta muitas vantagens, entre elas estão os prazos de carências e permitir uma alavancagem maior em cima do faturamento da empresa, para o cálculo do valor da operação.
“A empresa consegue ter um valor maior de crédito, respeitando as regras de 150 mil de teto de linha. O Pronampe Solidário permanece com a garantia do FGO, de 100% do principal. Ele tem um fundo garantidor por trás dessa operação para aquelas empresas que não conseguem apresentar uma garantia no momento da contratação do crédito. O empresário fica com um saldo devedor menor, apoiando, assim, o fluxo de caixa neste momento de retomada”, finaliza.
Além do Pronampe Solidário, algumas cooperativas como a Cresol apresentam alternativas para dar apoio aos cooperados do Rio Grande do Sul. O Sistema atende 237 mil cooperados no estado, com agências em 238 cidades, muitas delas atingidas pelos desastres das enchentes. A organização desenvolve diversas ações, desde o suporte direto aos colaboradores e seus familiares em locais afetados até a mobilização para as doações aos municípios impactados.
Estão disponíveis linhas de crédito emergencial para pessoa física e jurídica com carência estendida, taxa reduzida e outras condições diferenciadas. Também há alinhamentos com BNDES, Fungetur, Finep e demais parceiros da Cresol.
Por Priscila de Paula – Redação MundoCoop
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