O impacto do cooperativismo no cotidiano da agricultura familiar e no fortalecimento da economia local ganhou destaque na Apas Show 2025, maior evento do setor supermercadista do mundo, realizada entre 12 e 15 de maio.
Reunindo 250 expositores representando 22 países, o evento impulsionou o segmento varejista a criar soluções para o mercado brasileiro e mundial, promovendo parcerias estratégicas, atraindo mais de 151 mil profissionais e alavancando mais de R$ 16 bilhões em negócios.
Carlos Correa, diretor-geral da Apas, ressaltou o volume de negócios gerado na 39ª e mais recente edição e o crescimento em relação aos anos anteriores. “Também atingimos a nossa expectativa de aumentar em 7,8% o valor de negócios gerados no circuito. Fechamos esta edição com uma movimentação de R$ 16,5 bilhões, atingindo a meta e reforçando a relevância do evento para o setor supermercadista”, contou Carlos Correa à Folha.
Compromisso cooperativista
Através do espaço SomosCoop, organizado pelo Sistema OCB, uma grande variedade de produtos produzidos por cooperativas brasileiras foi apresentada ao público. Na ocasião, o estímulo ao acesso das cooperativas a mercados de forma estruturada e sustentável foi defendido, estimulando também a intercooperação.

Em entrevista exclusiva à MundoCoop, Jean Fernandes, analista de negócios do Sistema OCB, detalhou os objetivos do Sistema no projeto responsável pela apresentação de 6 cooperativas na feira. O representante também destacou como o posicionamento estratégico dessas cooperativas influencia no fortalecimento das marcas dos compradores, oferecendo qualidade e rastreabilidade dos alimentos. “A iniciativa tem como propósito apoiar as cooperativas na melhoria de sua organização interna e no acesso estruturado e sustentável a novos mercados, por meio de ações de promoção comercial em feiras, rodadas de negócios e missões técnicas. A presença na Apas Show reforça a atuação sistêmica do cooperativismo, promovendo a intercooperação e ampliando a visibilidade do setor.”, afirmou.
Sobretudo, as ações direcionadas, principalmente, para o setor agropecuário brasileiro trabalham a construção de sistemas alimentares mais sustentáveis e inclusivos, aponta Rodolfo Jordão, analista do Ramo Agro do Sistema OCB.
O especialista reforçou o papel transformador do cooperativismo agro, setor definido por ele como segmento de relevância produtiva e social. Além disso, Rodolfo destaca como as cooperativas exercem, de forma prática, o desenvolvimento das comunidades rurais. “É através das cooperativas e da capacidade de promoverem organização da cadeia produtiva, além do acesso à produtos e serviços que individualmente seriam inacessíveis aos cooperados que resultados como elevação de renda, uso eficiente dos recursos, distribuição de riqueza são gerados e por consequência suas comunidades se tornam menos desiguais, mais prosperas, preservadas e desenvolvidas, proporcionado ao meio e a comunidade o tão ambicionado estado de prosperidade como resultado do ciclo virtuoso do cooperativismo”, expressou.
Diversidade produtiva
Essa transformação social e econômica foi materializada na variedade de produtos apresentados no estande da organização. As cooperativas Coopernorte (PA), Santa Clara (RS), Vinícola Garibaldi (RS), Cooperja (SC), CooperRita (MG) e Nater Coop (ES) demonstraram a capacidade produtiva das plantações cooperativistas brasileiras por meio de variados vinhos, cafés, queijos, doces de leite, derivados de milho, feijão e arroz.
Para a MundoCoop, Bazílio Carloto, presidente da Coopernorte, ressaltou o valor estratégico da participação na feira para o desenvolvimento dos negócios cooperativistas. “Eventos como este são vitrines estratégicas que rompem barreiras geográficas. Estamos apresentando nossos produtos a compradores de todo o país, mostrando que a produção cooperativista da Amazônia tem qualidade para competir em qualquer mercado. Mais do que vender, estamos construindo relações comerciais duradouras”, defendeu.
Manutenção do legado regional
Entre os destaques cooperativistas, a campanha Sabores e Saberes de São João, apresentada pela Coopernorte, revelou a atenção do projeto com a identidade e cultural local. A iniciativa de levar produtos tipicamente da região norte e nordeste do país desperta o interesse pela produção agrícola nas localidades.

Ingrid Assunção, coordenadora de Marketing da cooperativa, contou que a estratégia vai além da comercialização, ela entrega patrimônio cultural e estimula viabilidade econômica. “A campanha alia tradição e inovação ao destacar produtos típicos da cultura junina com apelo regional e identidade própria, ao mesmo tempo em que adota estratégias de mercado como design de embalagem, comunicação dirigida e inserção em pontos de venda estratégicos. Dessa forma, cria-se um elo entre o valor cultural do produto e sua competitividade no varejo moderno”
Perspectivas otimistas
O resgate da identidade regional, junto ao posicionamento estratégico das cooperativas, reforça as perspectivas positivas para o futuro do cooperativismo agropecuário. O setor tem se projetado como protagonista no estímulo de produções mais sustentáveis, o que resulta na ampliação da sua presença em mercados nacionais e internacionais.
Esse movimento de consolidação passa também pela qualificação contínua das cooperativas, aspecto que tem dado destaque para as inovações em governança, gestão e tecnologia. “A melhoria da organização interna e o posicionamento estratégico no mercado são elementos fundamentais para que as cooperativas conquistem espaço de forma estruturada e duradoura”, finalizou Jean.
Por João Victor, Redação MundoCoop