COLUNA ECONOMIA & COOPERATIVISMO
Da política à economia, não faltam problemas no Brasil. É fato que Brasília mais atrapalha do que ajuda, mas ainda assim, o universo cooperativista está otimista para 2025. Por quê?
Posso responder essa pergunta a partir da minha experiência na CoopsParty Summit Goiás 2024. A convite da revista MundoCoop, tive a honra de participar deste incrível evento com uma palestra intitulada “Futuro Econômico, Desafios e Oportunidades”.
O auditório do Centro de Convenções da PUC de Goiás, em Goiânia, estava lotado com empresários, executivos de cooperativas, associados e estudantes. Iniciei minha palestra mostrando o quadro econômico global, que ainda tem guerras em andamento e um cenário de queda de juros nos países desenvolvidos.
Nesta década, em média, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial vem crescendo em torno de 3% ao ano, e esse ritmo não deve sofrer grandes alterações. A principal dúvida envolve os impactos do novo mandato de Donald Trump, que promete uma guerra comercial com a China. A conferir a partir de 20 de janeiro de 2025.
No Brasil, o maior problema econômico é, na verdade, político. Os políticos brigam por espaço enquanto o Poder Judiciário gera insegurança jurídica ao desrespeitar a Constituição e ao invadir as atribuições do Legislativo e do Executivo.
O segundo maior problema econômico envolve as contas públicas, que estão cada vez mais negativas. O efeito colateral do desequilíbrio fiscal tem sido a alta do dólar, que ultrapassou a barreira inédita dos R$ 6,00. A desvalorização do real elevou a inflação, o que obrigou o Banco Central a subir juros na contramão do mundo.
Com crédito mais caro para consumo e investimento, o PIB brasileiro tende a desacelerar sua expansão em 2025, passando do atual patamar de 3% para 2% ao ano. Apesar da desconfiança dos investidores em relação à gestão fiscal do governo Lula, há setores da economia que não param de crescer.
Um deles é o agronegócio que, após sofrer com os efeitos do El Niño na última safra, vai produzir recorde de grãos e carnes. O desafio está em gerenciar bem os riscos climáticos e financeiros do setor. É importante lembrar que o cooperativismo agrícola vem ganhando fatias de mercado há vários anos devido ao seu modelo eficiente e inclusivo.
Além do agro, o cooperativismo também está crescendo em outras áreas como a saúde e o crédito. A forte recuperação do mercado de trabalho aumentou a demanda por planos de saúde, mas o desafio é gerenciar os custos e combater fraudes. Na área financeira, o cooperativismo vai se destacar ainda mais nesse ambiente de juros altos, pois os grandes bancos não se cansam de explorar seus clientes com juros escorchantes.
No fim da minha palestra, lancei uma enquete interativa para a plateia. A pergunta era sobre as expectativas corporativas e profissionais de cada um em relação aos próximos 12 meses. De um total de 217 participantes, 91% acreditam que a situação vai melhorar apesar de todos os desafios e incertezas (veja a imagem).
Tal otimismo corrobora a minha tese de que o sucesso de nossas cooperativas depende das nossas decisões no dia a dia. Costumo dizer que o carimbo de um burocrata de Brasília jamais poderá nos impedir de prosperar – no máximo, atrapalha um pouco. Afinal de contas, o meu slogan há três décadas é: “O Brasil é maior do que qualquer governo”. Feliz 2025!
*Luís Artur Nogueira é economista, jornalista e palestrante. Atualmente é comentarista do programa “Faroeste à Brasileira” no Youtube da Revista Oeste e colunista da MundoCoop
Coluna exclusiva publicada na edição 121 da Revista MundoCoop