Empresas que desejam crescer de forma sustentável precisam encarar um fato simples e transformador: resultado financeiro é consequência, não ponto de partida. Os indicadores tradicionais, faturamento, market share, produtividade, continuam relevantes, mas já não explicam sozinhos o desempenho real de uma organização. O que mantém o negócio competitivo é a energia das pessoas que o constroem todos os dias. E é justamente nesse ponto que os OKRs (Objectives and Key Results) ganham nova relevância: eles ajudam a alinhar propósito, performance e bem-estar sob a mesma lógica de gestão.
Quando um time entende o Objective que está perseguindo, o “porquê” por trás das metas, e enxerga seus Key Results como sinais de progresso tangíveis, o trabalho passa a ter sentido. As metas deixam de ser um peso e se tornam um norte. E, quando a gestão incorpora indicadores de clima, engajamento e satisfação a esse sistema, ela passa a medir algo mais profundo: a qualidade da jornada, não apenas a velocidade da entrega.
Esse olhar ampliado para os resultados é uma resposta à exaustão provocada pela cultura do “entregue a qualquer custo”. Nos últimos anos, as mudanças no modelo de trabalho e a pressão constante por performance expuseram os limites da produtividade sem propósito. Times cansados não inovam; profissionais desmotivados não sustentam resultados. A gestão moderna entendeu que segurança psicológica, senso de pertencimento e autonomia são tão estratégicos quanto qualquer meta financeira.
Líderes que usam OKRs de forma madura têm percebido que o bem-estar não é um benefício acessório, mas uma alavanca de resultados. Ao incorporar métricas humanas, como eNPS, turnover saudável e índices de equilíbrio, ao acompanhamento dos Key Results, eles constroem um retrato mais fiel da organização. Um time saudável entrega mais, permanece mais e ‘erra melhor’, porque aprende com o erro em vez de esconder o problema.
O fenômeno do quiet quitting, por exemplo, é um alerta claro de que metas desconectadas de propósito minam o engajamento. Quando o profissional não vê sentido naquilo que entrega, ele se afasta emocionalmente, ainda que continue presente fisicamente. O uso de OKRs pode ser justamente o antídoto: ao tornar visível a ligação entre o esforço individual e o impacto coletivo, a ferramenta devolve clareza e motivação.
A verdadeira virada está em mudar a pergunta. Em vez de “como cobramos mais?”, líderes passam a se perguntar “como criamos condições para que as pessoas se entreguem melhor?”. E essa simples troca de foco transforma toda a cultura. Empresas que fazem do bem-estar um objetivo organizacional descobrem que produtividade é um efeito colateral de equipes saudáveis e engajadas.
Mais do que uma ferramenta de gestão, os OKRs simbolizam uma nova forma de pensar resultados: humanizada, transparente e colaborativa. Eles mostram que medir performance é também medir significado e que uma cultura forte é, no fim das contas, o melhor resultado que qualquer organização pode alcançar.
Pedro Signorelli é especialista em Gestão e OKRs












