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Inovação no campo: o que as cooperativas estão fazendo para vencer o tarifaço e criar valor – Igor Drudi, CEO da Drin Inovação

Mundo Coop POR Mundo Coop
27 de outubro de 2025
ARTIGO
Igor Drudi, CEO da Drin Inovação

Igor Drudi, CEO da Drin Inovação

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O cooperativismo brasileiro é gigante, em 2024, contava com 4.384 cooperativas, 25,8 milhões de cooperados, 578 mil empregos diretos e R$ 757,9 bilhões em ingressos, um crescimento de 9,5 % em relação a 2023 que supera, e muito, o avanço do PIB no mesmo período. Mais da metade dos cooperados são mulheres, e mais de R$ 50 bilhões retornaram para as comunidades por meio de sobras distribuídas.

Porém, desde agosto de 2025, as cooperativas agropecuárias enfrentam um desafio sério: um tarifaço de 50 % imposto pelos EUA sobre diversos produtos brasileiros, como café, mel, tilápia, madeira, frutas e carnes, o que ameaça a competitividade e gera angústia no campo.

Diante dessa tempestade, cooperativas que já investem em industrialização, serviços de valor agregado e identidade regional se mostram mais resilientes. A proposta deste texto é fundir dados concretos, contexto macroeconômico e histórias reais de transformação para mostrar como o interior pode dar a volta por cima e ser protagonista no desenvolvimento.

Por que cooperativas precisam inovar: Contexto econômico do Brasil e do mundo

A indústria brasileira, responsável por 46 % do PIB nos anos 1980, encolheu para cerca de 22 % em 2015, em função de desindustrialização, falta de investimentos e burocracia, deixando o país vulnerável a crises externas.

Em consequência desse cenário macroeconômico, surgiu o tarifaço imposto pelos EUA, um aumento da tarifa efetiva média de importação de 1,3 % para 30,9 %, segundo o BTG Pactual, com impacto direto em commodities e produtos com menor valor agregado.

Esse golpe atinge especialmente o Sul e Sudeste: São Paulo, por exemplo, exportou US$ 13,5 bilhões para os EUA em 2024, sendo 92 % desse volume composto por manufaturados, com perdas estimadas em R$ 4,4 bilhões, o equivalente a 0,13 % do PIB paulista.

No setor agropecuário, muitas cadeias são diretamente afetadas: o café (34 % do volume importado pelos EUA), mel (US$ 78,6 milhões exportados em 2024) e frutas (manga, uva, suco), são alvos claros da tarifa de 50 %, com partes sensíveis do interior em risco real.

O mundo mudou. E cooperativas que ainda apostam apenas na produção crua estão com o modelo ameaçado. É hora de industrializar, agregar serviços, fortalecer cadeias e estar de olho no futuro com dados, estratégia e inspiração real.

Nos últimos anos, uma tendência geopolítica decisiva tem remodelado as cadeias globais de abastecimento: a busca por autonomia produtiva e redução da dependência externa. Um estudo da consultoria Bain revela que 81% dos líderes de multinacionais pretendem trazer suas cadeias de suprimentos para mais perto, um salto em relação aos 63% registrados há dois anos e 69% já planejam realocar suas operações fora da China, contra 55% anteriormente. Esse movimento é visível também no Reino Unido, onde empresas planejam investir nada menos que US$ 650 bilhões nos próximos três anos para fazer o “reshoring” ou “nearshoring” de suas linhas produtivas, em resposta às rupturas na pandemia e tensões comerciais.

No caso dos Estados Unidos, a estratégia de reindustrialização tem gerado resultados tangíveis. O relatório 2024 da Reshoring Initiative indica que 156.973 empregos foram anunciados em 2024 via retorno de produção ou investimento direto, representando 64% dos casos de reshoring, e elevando o total acumulado desde 2010 para quase 2 milhões de empregos. Além disso, 92% dos executivos de manufatura da UE já consideraram reshoring ou nearshoring, com 15% das compras de marcas europeias já feitas perto dos lares, o que reforça o fortalecimento de cadeias regionais.

Contudo, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) emitiu um alerta crucial: o reposicionamento agressivo das cadeias de abastecimento pode reduzir o comércio global em até 18% e o PIB em até 12% nos países que buscarem essa autossuficiência extrema, indicando que o caminho mais resiliente é a diversificação geográfica e abertura comercial, e não o isolamento completo.

Inspirações reais com 5 cooperativas que estão redefinindo o valor no interior do Brasil

Para entender como a inovação pode sair do discurso e se tornar prática concreta no cooperativismo brasileiro, é essencial observar quem já está trilhando esse caminho com consistência. A seguir, reunimos cinco exemplos de cooperativas que estão transformando suas realidades e seus territórios ao adotar estratégias de industrialização, fortalecimento de serviços, sustentabilidade e digitalização. De diferentes setores e regiões do Brasil, essas histórias mostram que é possível criar valor a partir do interior, mesmo em tempos de instabilidade econômica, choques externos e tarifas internacionais. 

Os cases de C.Vale, Justa Trama, Coopavel, Cooxupé e Coopercarga revelam que o cooperativismo é, sim, uma poderosa alavanca de desenvolvimento regional e inovação estratégica.

A C.Vale, com sede no oeste do Paraná, é um exemplo emblemático de como a diversificação e a industrialização podem transformar uma cooperativa em uma potência regional. Inicialmente voltada para armazenagem de grãos, a cooperativa evoluiu para um verdadeiro complexo agroindustrial. Hoje, opera com abatedouros automatizados, fábricas de ração, produção de amido de mandioca, supermercados próprios e serviços técnicos aos associados. Com mais de 26 mil cooperados e mais de 13 mil funcionários, a C.Vale alia inovação tecnológica, governança e serviços integrados que agregam valor à produção e sustentam a economia local mesmo em tempos desafiadores.

A Justa Trama, por sua vez, mostra que inovação também se faz com ética, consciência ambiental e economia solidária. Nascida da união entre pequenos produtores de algodão agroecológico e profissionais do setor têxtil, a cooperativa atua em toda a cadeia de produção, do campo ao guarda-roupa. Presentes em diversos estados, seus 700 cooperados produzem roupas, acessórios e tecidos com foco em sustentabilidade e comércio justo. O grande diferencial está na narrativa: cada peça carrega a história de quem plantou, teceu e costurou, criando um elo direto com o consumidor. Em vez de competir por preço, a Justa Trama conquista por valor simbólico, identidade e propósito.

A Coopavel, sediada em Cascavel (PR), representa o modelo de agroindústria cooperativista em larga escala. Com mais de 7 mil associados e um parque industrial que inclui abatedouros de frango e suíno, produção de ração, fertilizantes, trigo, embutidos e laticínios, a cooperativa atua como um verdadeiro ecossistema produtivo. Seus investimentos em qualificação, pesquisa e verticalização permitem entregar produtos com alto valor agregado, tanto para o mercado interno quanto para exportação. Mesmo diante de crises econômicas e tarifas externas, a Coopavel mantém solidez e relevância, mostrando que estrutura, governança e visão de longo prazo fazem toda a diferença.

Já a Cooxupé, com sede em Guaxupé (MG), é a maior cooperativa cafeeira do Brasil e uma das maiores do mundo. Em 2024, atingiu um faturamento recorde de R$ 10,7 bilhões e exportou cerca de 80% das 6,6 milhões de sacas de café comercializadas. Com mais de 15 mil cooperados, a Cooxupé aposta fortemente em qualidade, rastreabilidade, inovação e presença internacional. Em um cenário impactado pelo tarifaço dos EUA, sua capacidade de negociar em mercados diversos, investir em sustentabilidade e manter o vínculo com o cooperado mostra como a força da coletividade bem organizada pode competir globalmente sem perder raízes locais.

A Coopercarga, com sede em Concórdia (SC), prova que o cooperativismo também é poderoso na logística. Fundada por 143 transportadores que se uniram para ganhar escala e competitividade, a cooperativa cresceu para se tornar um dos principais operadores logísticos do Brasil e do Mercosul. Com atuação em frete rodoviário, distribuição urbana, operações portuárias e centros logísticos, a Coopercarga modernizou sua operação com tecnologias digitais e parcerias estratégicas, como com a CHEP e a CargOn. Seu modelo une força coletiva, eficiência operacional e visão de futuro, mostrando que, mesmo nas estradas, o cooperativismo pode inovar, crescer e gerar impacto.

Esses cinco cases demonstram, de maneira concreta, que o cooperativismo brasileiro tem múltiplas faces e infinitas possibilidades de inovação. Seja no agro, na indústria, na sustentabilidade ou na logística, há um ponto comum entre todas essas experiências: o compromisso com o território, a valorização do trabalho coletivo e a busca constante por soluções que agreguem valor. Em um contexto de incertezas econômicas, tarifas internacionais e transformação digital, essas cooperativas mostram que o interior do Brasil não só resiste, como lidera. São exemplos claros de que é possível transformar potencial em protagonismo por meio da cooperação, da estratégia e da inovação.

Ponto de não retorno

O cooperativismo brasileiro vive um momento de inflexão.  Em meio a um cenário global de instabilidades econômicas, guerras comerciais e busca por autonomia produtiva, as cooperativas precisam assumir um novo papel: o de protagonistas no desenvolvimento sustentável e inovador do país. Como vimos ao longo deste artigo, essa transformação já está em curso, seja na diversificação industrial da C.Vale, na sustentabilidade da Justa Trama, na escala produtiva da Coopavel, na força exportadora da Cooxupé ou na digitalização logística da Coopercarga. Esses exemplos não são exceção, mas sim sinais de uma tendência possível, viável e replicável.

A saída da dependência exclusiva da produção de commodities e a entrada em novos territórios como industrialização, serviços, tecnologia e valor simbólico, demonstram que o cooperativismo pode, sim, gerar riqueza, empregos qualificados e inovação a partir do interior. Quando bem estruturadas, as cooperativas não apenas resistem aos choques externos, mas florescem em meio à adversidade, reforçando o elo entre economia, sociedade e território. 

E o mais importante: fazem isso sem perder sua essência colaborativa, democrática e inclusiva. Se você representa uma cooperativa, trabalha com desenvolvimento regional ou acredita no potencial do Brasil que existe além das capitais, temos uma grande missão: nos inspirar nos exemplos reais, analisar o contexto atual e começar hoje a desenhar o futuro nas organizações. A transformação começa com uma decisão. Compartilhe este artigo com quem também acredita no poder da cooperação e da inovação e vamos juntos construir um país mais forte, justo e conectado com as potencialidades do interior.


Igor Drudi, CEO da Drin Inovação, TEDx speaker, mentor, conselheiro e Linkedin TOP Voice.

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