A noção de custo, capacidade de pagamento, endividamento, reserva de emergência e aposentadoria é fundamental para o equilíbrio financeiro das famílias. Infelizmente, são poucos os que compreendem e praticam tais princípios. No Brasil, o baixo nível de educação financeira é um obstáculo significativo para a sustentabilidade econômica, conforme evidenciado pelo ranking do Fórum Econômico Mundial que nos posiciona na 60ª posição nesse aspecto.
O próprio Serasa indicou que a inadimplência no Brasil cresceu em março pela segunda vez consecutiva. O aumento é de 1,19% em relação a fevereiro, que corresponde a um acréscimo de 855 mil no número de consumidores com dívidas. Ao todo, são 72,89 milhões de brasileiros em situação de inadimplência. É preciso ter consciência de que a falta de conhecimento financeiro não apenas afeta o indivíduo, mas também a sociedade como um todo. Populações que aprenderam a poupar, como os japoneses, colheram os frutos da prosperidade. Portanto, é imperativo promover também esse tipo de educação para melhorar o cenário econômico do país.
Nesse cenário, as cooperativas de crédito desempenham um papel crucial nesse processo de conscientização. Como conselheiros naturais de seus cooperados, elas têm o dever de preservar a saúde financeira e orientar. Esse formato elimina conflitos de interesse e promove uma mentalidade colaborativa e coletiva, que é intrínseca à cultura cooperativista. Todas as ações são orientadas em prol do bem-estar financeiro presente – e também futuro – dos cooperados.
O momento ideal para transmitir conhecimentos financeiros aos cooperados é durante suas transações. No entanto, as cooperativas também estendem seus esforços por meio de redes sociais, materiais de divulgação e participação em eventos como a Semana Nacional de Educação Financeira (Enef). Essa pauta não é simples e envolve uma mudança de cultura, para a qual o acesso à informação é crucial.
Vale lembrar que já existem programas em andamento, como os de educação infantil, oferecidos pelas cooperativas em parceria com representantes estaduais. Além disso, diversas cooperativas possuem iniciativas próprias em todo o país. Convênios entre cooperativas e secretarias de educação podem ser uma maneira eficaz de introduzir educação financeira de forma sistemática nas escolas, ampliando ainda mais o alcance desses programas.
O segredo do sucesso é garantir que essas iniciativas sejam contínuas e abrangentes ao longo do tempo, para gerar resultados consistentes. O trabalho articulado de entidades públicas e privadas ajuda a catalisar esses esforços, transformando a promoção da educação em um movimento social amplo.
Não apenas as cooperativas de crédito, mas todo o sistema financeiro tem interesse em promover essa área de educação, como forma de proteger os cidadãos contra golpes e fraudes. É uma batalha diária, mas, com esforços colaborativos, podemos fortalecer a segurança financeira de nossa sociedade.
Nesta semana e ao longo do ano vamos unir forças e fazer da educação financeira uma prioridade nacional. As cooperativas de crédito estão prontas para serem solidárias em momentos de crise e, ao mesmo tempo, fazer parte deste movimento em direção a um futuro financeiramente saudável para todos os brasileiros.
*Orley Campagnolo é Presidente da Uniprime Pioneira
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