Se você já faz parte do movimento cooperativista, pode pular esse artigo! Aqui não tem novidade para quem já está convertido. Agora, se você ainda não entende muito bem o que é cooperativismo, senta aí que vou te explicar por que esse modelo de negócio é a cara da sustentabilidade.
Imagine o seguinte: você não é só mais um cliente, você é O DONO. E não estou falando de ser aquele dono que só aparece no fim do mês para pegar os lucros. Na cooperativa, você é chamado de cooperado (ou associado) e participa de tudo! Isso significa que, além de utilizar os serviços da cooperativa, você ainda recebe uma parte dos resultados. É como se a sua empresa preferida te pagasse por usá-la. “Ah, Gleice, então a cooperativa me dá cashback”? Não! Nada a ver! Cashback é estratégia de marketing, eu estou falando de RESULTADO mesmo! Na cooperativa, os resultados são compartilhados na medida em que você participa das operações. É justo, não acha? Quem operacionaliza mais com a coop, recebe mais, e quem operacionaliza menos, recebe menos. Simples assim!
E se você é dono, é claro que tem poder de decisão. Na cooperativa, cada cooperado tem um voto nas assembleias, independentemente de quanto capital social tenha investido. Isso quer dizer que, na hora de decidir os rumos do negócio, seu voto vale o mesmo que o do seu vizinho, seja ele rico ou apenas com uma pequena participação no capital social. Cooperativas são sociedades de pessoas e não de capital!
Resumindo a ópera: o papel da cooperativa é intermediar os interesses dos seus cooperados no mercado. E pensa comigo, faz sentido o empreendimento que você é dono lucrar em cima de você? Claro que não! Por isso, as cooperativas não têm o lucro como objetivo principal. O foco é oferecer serviços de alta qualidade a preços que fazem você sorrir na hora de pagar.
Fazer parte de uma cooperativa é fazer parte de um movimento que inverte completamente o modelo dominante de propriedade.
Kate Raworth, em seu livro intitulado “Economia Donut”, já dizia: “Para que um empreendimento seja inerentemente distributivo do valor que cria, dois princípios de concepção são particularmente importantes: participação enraizada e financiamento pelas partes interessadas”. No cooperativismo, temos os dois princípios e muito mais! Nós paramos de gerar riqueza para terceiros e passamos a gerar riqueza para nós mesmos.
Se você ainda acha que cooperativa é coisa pequena, deixa eu te atualizar: estamos falando de um movimento global com 3 milhões de cooperativas, faturando U$ 2,17 trilhões, com 1 bilhão de cooperados e 280 milhões de empregos gerados. Aqui no Brasil, o cenário também impressiona: são 4.509 cooperativas, mais de 23 milhões de cooperados, 550 mil empregos, e R$ 692 bilhões em receitas. É muita coisa, né?
E se você ficou curioso sobre esses números, dá uma olhada no Anuário do Cooperativismo Brasileiro elaborado pelo Sistema OCB
Ah, e nem vou começar a falar das práticas ESG, do relacionamento estreito com as comunidades, do desenvolvimento local, políticas públicas. Isso aí fica para um próximo artigo, porque já deu para perceber que as cooperativas têm muito mais a oferecer do que você imaginava, né?
*Gleice Morais é Supervisora de Cidadania e Sustentabilidade no Sicoob