“Foram dois momentos que revolucionaram minha vida: a instalação da energia elétrica e, agora, a chegada da internet.” É dessa forma que Celso Panisson, 66 anos, explica a importância de ter conseguido acesso digital na sua propriedade, que fica em Ibiaçá (RS), um pequeno município de 4.500 habitantes no norte gaúcho.
Celso vive na área de 33 hectares com sua esposa, Maria Fátima (65 anos), o filho Eliseu (43), sua nora Juliana (44) e a neta Caroline (16). Para o produtor, que trabalha com a produção de leite e criação de frangos de corte, a instalação de conexão de internet por fibra óptica, realizada há um ano, mudou a qualidade de vida da família, além de resultar em ganhos financeiros.
“Antes nossa comunicação era precária, o sinal de telefone aqui é péssimo. A gente tinha que se deslocar até a cidade para fazer pedidos de insumos, por exemplo, ou ir para outros municípios para mostrar exames médicos e pegar receitas. Agora, fazemos tudo daqui de casa, com a internet”, relata Celso.
A conexão também permite que a família possa desenvolver novos projetos. “Vamos participar de uma rota de turismo rural do município, e minha nora produz artesanato para vender. Agora, podemos fazer contato antecipado com clientes para agendar visitas e também comprar as matérias-primas pela internet”, conta.
A mudança de qualidade de vida para os Panisson foi possível devido ao projeto Agricultor Conectado, da Coprel, cooperativa de energia e telecomunicações que atua em 72 municípios do Rio Grande do Sul. Desde 2014, a cooperativa já investiu mais de R$ 45 milhões para a instalação de 3.620 quilômetros de linhas de fibra óptica, conectando 14.500 propriedades rurais em 46 municípios. Destes, dez já contabilizam todos os seus habitantes do campo com acesso à internet.
“O foco da nossa cooperativa era energia. Mas, pela demanda dos próprios cooperados, tomamos a decisão de investir em internet para o campo”, explica Luis Fernando Volpato, facilitador da Coprel Telecom, ramo de telecomunicações da cooperativa.
Parte dos investimentos é realizada por meio de um Fundo de Internet Rural, no qual são aplicadas sobras dos exercícios da cooperativa. Os recursos também são obtidos por meio de parcerias público-privadas com prefeituras e outras cooperativas, além da contrapartida financeira dos próprios cooperados beneficiados.
Segundo Volpato, com a conexão à internet, os produtores conseguem se qualificar mais e aumentar sua produtividade e renda. “Com a produção agrícola usando cada vez mais tecnologia, a conectividade torna-se uma necessidade para os produtores”, afirma.
Além disso, a facilidade de comunicação também está contribuindo para viabilizar a sucessão familiar rural. “Já estamos observando o retorno de alguns jovens para trabalhar na propriedade dos pais, uma vez que eles já têm acesso às mesmas comodidades de alguém que mora na cidade”, comenta.
Para Adriano De Nardi, 25 anos, de Vila Lângaro (RS), esse processo está ocorrendo em sua região. “Uma vez tinha migração do interior para a cidade, incentivada pelos próprios pais, que queriam que os filhos tivessem uma melhor qualidade de vida. Agora, jovens da minha faixa de idade estão retornando para o interior, porque no campo já podemos ter as mesmas coisas da cidade, e até com qualidade de vida superior”, declara.
Adriano vive com seus pais, Ari (60 anos) e Rosiclair (52), e seu irmão Alisson (20) em uma propriedade de 25 hectares, onde criam gado leiteiro e plantam grãos. A instalação da internet de fibra óptica, realizada em março de 2023, permitiu um grande impulso na gestão da fazenda, que antes contava com conexão por rádio, que era mais instável e de baixa qualidade.
“A fibra me possibilitou usar um software de gestão do rebanho leiteiro e ajuda a acompanhar melhor as cotações. Outra questão é que facilitou muito o contato com fornecedores de insumos e de matéria-prima”, salienta.
Fonte: Globo Rural