Ainda com poucos volumes de emissões, os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) Verdes têm alto potencial para ganhar espaço diante dos desafios das mudanças climáticas, metas de descarbonização e desenvolvimento da bioeconomia, que são tendências no Brasil e no mundo.
Os CRAs verdes fazem parte do conceito de green bonds. Eles são títulos de renda fixa de crédito privado, mas com a particularidade de que os recursos captados devem ser destinados para financiar projetos que gerem benefícios socioambientais. Ou seja, acabam direcionando fluxo de capital para produção responsável e soluções inovadoras.
De acordo com especialistas do mercado, esses ativos tendem a avançar gradativamente. Por enquanto, vigora, entretanto, muito a questão: ‘o que vem antes, o ovo ou a galinha?’.
Isso porque ainda há poucos investidores focados em ESG, assim como, do outro lado, são poucas empresas dispostas a fazer o processo de certificação e mostrar a cara ao mercado sobre o comprometimento com critérios sustentáveis. Essa engrenagem, no entanto, deverá se fortalecer.
“O Brasil pode se destacar em crédito verde. O país tem vocação agro, conta com regras ambientais, possui muita conservação e já há iniciativas sustentáveis interessantes sendo feitas. Então, existe um potencial muito grande para destravar esse mercado”, diz Mathias Teixeira, diretor de Relacionamento Institucional e Distribuição, responsável pela criação de novos produtos do Grupo Ecoagro.
Alternativa para as cooperativas
A Capal Cooperativa Agroindustrial, com sede em Arapoti no Paraná, captou R$ 150 milhões com CRA Verde. A emissão foi em novembro do ano passado.
“No momento do bookbuilding, chegamos a uma sobreoferta de 153% desse valor, mas optamos por manter o nosso objetivo de R$ 150 milhões”, conta Amilton Brambila, diretor financeiro da Capal.
Atualmente, são mais de 3.400 cooperados, em 90 municípios, que atuam na agricultura – soja, milho, trigo, feijão e café – e na produção de suínos, gado de corte e leite, além de rações.
Conforme Brambila, a cooperativa atua dentro de técnicas sustentáveis, como plantio direto, que tem menor intervenção, protege o solo e conta com a rotação de culturas.
“Adotamos controles e rastreabilidade, portanto, garantimos a origem dos grãos, certificamos que essa produção é feita em áreas regulares no que tange meio ambiente, conservação de reservas e áreas livres de trabalho infantil e escravo”, comenta.
A atuação da Capal e a emissão de seu CRA Verde foram chancelados pela certificação ESG da ERM Nint.
“Existe uma limitação para as cooperativas acessarem alguns instrumentos do mercado financeiro, então, o CRA Verde revelou-se uma alternativa. Os recursos estão sendo utilizados como giro, dando condições para os cooperados fazerem uma ótima produção”, destaca o diretor.
Em 2025, a Capal pretende emitir uma nova série de CRA Verde, porém, também com rating de agência de risco.
Pontos de avaliação
Antes de investir em CRAs Verdes, os investidores precisam conversar com profissionais de investimentos e analisar se as características dos ativos estão alinhadas com seus perfis e objetivos.
Entre os pontos de atenção, estão os retornos oferecidos, prazos, liquidez e riscos. A maior parte das emissões rotuladas no Brasil possuem o prazo de 4 a 6 anos.
Fonte: InfoMoney