As cooperativas de crédito se destacam na região Amazônica alcançando pequenos produtores e garantindo projetos de sustentabilidade. Em alguns municípios sem presença de outros bancos privados, elas são o serviço disponível para atender às necessidades dos pequenos produtores e empresários. Além de oferecerem o serviço de crédito, têm o papel de orientar e elaborar planos de atuação aos cooperados.
As entidades, atuantes em locais que poucas vezes são atrativos a instituições financeiras privadas, devido à distância e logística, também revertem as chamadas sobras – ganhos da cooperativa ao longo do ano – em ações positivas para a própria comunidade em que estão inseridas.
Esse conjunto de ações é realizado pensando também na sustentabilidade. O Sicredi destinou este ano, por exemplo, R$ 57,8 bilhões em crédito verde, assim como o Cresol (R$ 11,9 bi em 2024) e o Sicoob (R$ 3,2 milhões em 2024). As ações são reforçadas na região da Amazônia Legal, principalmente devido à COP30, que será realizada este ano em Belém (PA), em novembro.
Para Wilson Machado, presidente da Sicredi Norte, as cooperativas estão empenhadas em criar um ambiente adequado para que a conferência da ONU tenha “sucesso absoluto”. Atualmente, a Sicredi conta com mais de 100 cooperativas, 45 mil colaboradores e investimentos em produção rural familiar, mulheres empreendedoras e agricultura de baixo carbono, por exemplo.
Pedro Ramos, Superintendente de Tesouraria do Sicredi, detalha que a cooperativa conta hoje com nove milhões de associados e 2,9 mil pontos de atendimento. Em meio ao debate sobre sustentabilidade, ele observa que as “cooperativas nascem sustentáveis” e, por isso, são um caminho para conciliar rendimento e meio ambiente.
“Os resultados obtidos pela cooperativa (as sobras) são devolvidos entre os cooperados, e ela já nasce com níveis de governança elevados (ESG). As cooperativas de crédito, especificamente, nascem com o objetivo de promover aquilo que o mercado não trouxe, principalmente no que se refere ao desenvolvimento local”, observa.
Ramos cita, por exemplo, que, na região da Amazônia Legal, 19 municípios contam com a presença exclusiva do Sicredi.
Desafios e potenciais
O superintendente também comenta os potenciais do cooperativismo na bioeconomia. “Uma das maiores dificuldades do setor bancário tradicional, altamente regulado, é levar crédito para outras áreas do Brasil, devido à falta de formalização das atividades econômicas. A informalidade torna a destinação desses recursos mais complexa, por isso, uma das soluções é explorar o cooperativismo, para que haja o fortalecimento desse setor”, explica.
O diretor de Mercado da Sicoob Cooesa, Michel Brito, acrescenta que o modelo de cooperativismo tem proximidade com os cooperados. “Os gerentes conhecem seus clientes, os cooperados não são apenas um número: é o seu João, o seu Pedro, o seu Antônio, que chegou para ser atendido. E isso também permite que a gente entenda melhor a demanda de cada um deles e auxilie para além do crédito”, observa.
O Sicoob também conta com nove milhões de cooperadores. No âmbito da bioeconomia, por exemplo, a Cooperativa disponibiliza 12 linhas de crédito rotuladas como verde e social. Entre elas, destaca-se a linha “Capital de Giro – Mulheres Empreendedoras”, criada em maio de 2023, com o propósito de fortalecer negócios liderados por mulheres e incentivar o protagonismo feminino no empreendedorismo sustentável.
Michel Brito enumera os resultados alcançados com o crédito verde, como: redução das emissões de CO2, promoção da autonomia energética, estímulo ao respeito à diversidade, incentivo à renovação de frota por veículos menos poluentes e geração local de emprego e renda.
Foco na agricultura familiar
Diretor de Operações do Cresol Amazônia, Douglas Barbosa defende o potencial de transformação de realidades proveniente do cooperativismo. “Acreditamos no poder da transformação do cooperativismo na vida das pessoas e da sociedade. Hoje, a Cresol conta com um milhão de cooperados e tem pelo menos um cooperado em 3.869 municípios. O nosso foco é o micro e pequeno produtor rural, prioritariamente a agricultura familiar”, conta.
Ele define cooperativismo como “inclusão, cidadania e futuro sustentável”. “O que a COP30 traz, o cooperativismo já tem na essência. Falta a gente replicar este modelo, as pessoas conhecerem mais do cooperativismo, da logística. Mas estamos avançando cada vez mais”, ressalta.
Douglas Barbosa lembra que a realização da COP30 em Belém coincide com o Ano Internacional das Cooperativas. “Isso cria uma oportunidade única para destacar o modelo cooperativista como solução prática para os desafios ambientais e sociais”, salienta.
Atualmente, o Cresol conta com um milhão de cooperados e, segundo Barbosa, já chegou a mais de 51 mil pessoas por meio de ações de educação financeira. Além disso, 32 mil crianças e jovens são beneficiados por projetos educacionais.
*Viagem realizada a convite da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).
Perguntas e Respostas
Quais são os principais benefícios das cooperativas de crédito na Amazônia?
As cooperativas de crédito na Amazônia ajudam pequenos produtores e garantem projetos de sustentabilidade. Elas são frequentemente as únicas opções disponíveis em municípios sem bancos privados, oferecendo não apenas crédito, mas também orientação e planos de atuação para os cooperados.
Como as cooperativas de crédito contribuem para a comunidade local?
As cooperativas reverteram seus ganhos em ações positivas para as comunidades onde estão inseridas, promovendo o desenvolvimento local e a sustentabilidade. Elas destinam recursos significativos para crédito verde, que visa apoiar práticas sustentáveis na região.
Qual é o impacto do crédito verde nas cooperativas?
O crédito verde é um diferencial importante, com instituições como o Sicredi destinando R$ 57,8 bilhões, o Cresol R$ 11,9 bilhões e o Sicoob R$ 3,2 milhões em 2024. Essas ações são especialmente relevantes em função da COP30, que ocorrerá em Belém (PA) em novembro.
Como as cooperativas se preparam para a COP30?
Wilson Machado, presidente da Sicredi Norte, afirmou que as cooperativas estão empenhadas em criar um ambiente adequado para o sucesso da conferência da ONU. A Sicredi conta com mais de 100 cooperativas e investe em produção rural familiar e agricultura de baixo carbono.
Qual é a visão sobre o cooperativismo na bioeconomia?
Pedro Ramos, do Sicredi, destacou que as cooperativas são sustentáveis por natureza e podem conciliar rendimento e meio ambiente. Ele mencionou que 19 municípios na Amazônia Legal têm a presença exclusiva do Sicredi, o que demonstra o potencial do cooperativismo na bioeconomia.
Como o Sicoob se relaciona com seus cooperados?
Michel Brito, do Sicoob, ressaltou a proximidade entre gerentes e cooperados, permitindo um melhor entendimento das necessidades de cada um. O Sicoob oferece 12 linhas de crédito rotuladas como verde e social, incluindo uma linha específica para mulheres empreendedoras.
Quais resultados o crédito verde já alcançou?
Os resultados do crédito verde incluem a redução das emissões de CO2, promoção da autonomia energética, incentivo à renovação de frota por veículos menos poluentes e geração de emprego e renda local.
Qual é a importância do cooperativismo segundo o Cresol?
Douglas Barbosa, do Cresol, acredita que o cooperativismo tem um grande poder de transformação na vida das pessoas e na sociedade. A Cresol conta com um milhão de cooperados e foca no micro e pequeno produtor rural, priorizando a agricultura familiar.
Como a COP30 e o Ano Internacional das Cooperativas se relacionam?
Barbosa destacou que a realização da COP30 em Belém coincide com o Ano Internacional das Cooperativas, criando uma oportunidade única para destacar o modelo cooperativista como uma solução prática para desafios ambientais e sociais.
Quais ações educacionais o Cresol realiza?
O Cresol já alcançou mais de 51 mil pessoas com ações de educação financeira e conta com 32 mil crianças e jovens em projetos educacionais, promovendo a inclusão e cidadania.
Fonte: Portal R7 com adaptações da MundoCoop