O ‘Manifesto do Cooperativismo da Agricultura Familiar para a COP 30’ foi lançado em maio pela União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (UNICAFES), que reúne 1.500 cooperativas da agricultura familiar e 1 milhão de cooperados em todo o país. O documento define 12 propostas estruturantes em áreas como agroecologia, bioeconomia, justiça climática, energias renováveis e acesso a financiamento verde; e busca promover uma mobilização nacional em torno de propostas voltadas para a agenda climática, mostrando que a agricultura familiar cooperativada não é só vítima da crise do clima, mas também agente de soluções que devem ser divulgadas na COP 30, a Conferência do Clima da ONU, em novembro deste ano, na cidade de Belém, no Pará. No debate sobre o assunto na Comissão de Meio Ambiente, Alex Macedo, da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), disse que 53% da produção agrícola do país é originada em cooperativas, mas a agricultura ainda é vista como vilã no debate sobre mudança do clima.
(Alex Macedo) “A gente entende que sim, 25% das emissões brasileiras advém da agricultura; mas ela também é parte da solução. E a agricultura familiar tem um papel fundamental; porque exerce uma baixa emissão, utiliza menos mitrogênios, tem menor uso de fertilizantes, realiza cultivos em áreas consolidadas e tem um papel já de práticas de produção de baixo carbono.”

Para Aparecido Souza, da UNICAFES, é fundamental que a agricultura familiar e a economia solidária tenham espaço nos debates da COP 30. Liara Carvalho, representante da Diretoria-Executiva da Presidência da COP30, explicou que o “Círculo dos Povos”, chefiado pela ministra Sônia Guajajara, será o espaço da agricultura familiar e do cooperativismo na conferência.
(Liara Carvalho) “Nós temos organizações nacionais e internacionais que estarão presentes; com povos indígenas, comunidades tradicionais, agricultores familiares, quilombolas, pescadores e outros povos. Dentro desse círculo, nós temos duas comissões: Uma comissão de lideranças indígenas; e nós temos outra comissão com representantes de agricultores familiares, comunidades quilombolas e afrodescendentes, que está sendo comandada pela ministra Aniele Franco.”
O senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo, autor do pedido do debate, espera que a organização da COP 30 tenha sensibilidade para ouvir o cooperativismo.
(senador Fabiano Contarato) “Acho mais do que louvável que num evento mundial como é a COP30, o cooperativismo que é responsável pela transformação e dignidade da população e principalmente do pequeno agricultor, da agricultura familiar, seja ouvido. Tem a vez e voz para alavancar a economia, gerar emprego e renda, ter dignidade tanto na educação, na saúde.”
Andrea Porro, da Organização Mundial dos Agricultores, destacou que a agricultura familiar não é um hobby, já que responde hoje por 80% da produção de alimentos do mundo; e a senadora Tereza Cristina, do Progressistas de Mato Grosso do Sul, lembrou que o cooperativismo é fundamental para os pequenos agricultores e defendeu a sua inserção como tema de debates na COP 30 para mostrar ao mundo o que tem sido feito nessa área no país.
Fonte: Rádio Senado com adaptações da MundoCoop