Durante os dias 17 a 19 de agosto, aconteceu o Congresso Andav 2022, no Transamerica Expo Center, em São Paulo. Reunindo profissionais, palestrantes, expositores, congressistas e visitantes, o evento também contou com a realização da primeira edição presencial do Fórum “Distribuição Veterinária”, debatendo os principais temas de saúde e nutrição animal e trazendo empresas com foco em produtos, equipamentos e serviços para o setor. Na área de exposição, foram mais de 120 marcas nacionais e internacionais referências do setor, com diversos lançamentos e novidades para o mercado.O evento é uma realização da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumo Agrícolas e Veterinários (Andav) e organizado pela Zest Eventos.
Um dos destaques da ocasião foi o protagonismo do Brasil, tanto como produtor quanto como exportador de alimentos com sustentabilidade. Essa foi a conclusão do painel “Sistemas Alimentares e a Responsabilidade Brasileira”. Para o presidente da Croplife Brasil, Christian Lohbauer, moderador do painel, o país ainda precisa resolver o problema de como aumentar a renda da população para que ela possa participar desse universo de produtividade e consumo.
O pesquisador da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, disse que o Brasil alimenta o mundo e o mundo espera e cobra mais alimentos do Brasil, que desenvolveu a capacidade de gerenciar os solos pobres e ácidos, tropicalizou variedades agrícolas (soja e trigo) e pecuárias (animais) e desenvolveu um pacote tecnológico de máquinas e insumos. “Os sistemas alimentares globais dependem, cada vez mais, da agropecuária brasileira. Aqui inovação, produtividade e sustentabilidade viraram quase sinônimos”, completou.
Por outro lado, o diretor de Programas do MAPA, Luis Rangel, afirmou que “o Brasil tem a capacidade de ser competitivo e produtivo em diversos segmentos dentro do agro, mas precisamos ainda evoluir em políticas públicas. Precisamos mudar a forma como o Brasil se comunica lá fora, pois somos mais do que apenas um país produtor de alimentos”, observou. Já vice-presidente Institucional da ABRAS, Marcio Millan, recordou que o Brasil conseguiu passar o problema causado pela pandemia do Covid sem afetar o abastecimento da população. “O impacto da inflação do período foi causado pelos preços da energia, combustível e frete”, resumiu.
Tecnologia em benefício do agro
O agronegócio é feito de relacionamentos e que, a cada vez mais a tecnologia tem feito parte do dia a dia do setor. “A necessidade evolui em todos os segmentos e no agro não é diferente, mas a tecnologia só tem valor quando as pessoas têm acesso a ela, para que possa atender as suas necessidades, que têm mudado dia após dia. Para isso também é preciso desmonetizar e democratizar o acesso às novas tecnologias”, analisou Alberto Yoshida, presidente da Yoshida &Hirata e diretor do Conselho da Andav, moderador do Painel Inovação e Tecnologia na Distribuição de Insumos, durante a Plenária do Congresso Andav 2022.
Sibele Silva, diretora do Departamento de Apoio à Inovação para Agropecuária do MAPA, ressaltou que os distribuidores de insumos são também distribuidores de inovação e é a tecnologia que completa as demandas dos produtores. Sibele citou um levantamento da Esalq, encomendado pelo MAPA, segundo o qual 70% das propriedades rurais não têm conectividade. “Essa conectividade é fundamental para o desenvolvimento da cadeia produtiva de alimentos”, explicou. Para ela, o 5G terá um grande impacto no agronegócio, não só nas atividades no campo, como também na capacitação dos produtores e colaboradores (mão de obra especializada). “O grande benefício do 5G será possibilitar que tanto o 3G quanto o 4G possam atender localidades que ainda não tem acesso à conectividade e às novas tecnologias”, explicou.
Silvia Massruha, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital, também afirmou que a pandemia acelerou o processo de tecnologia. “O que poderia demorar dez anos, aconteceu em dois anos. Hoje, tecnologias como internet das coisas (IOT, em inglês), drones, imagens de satélite no campo, blockchain estão presentes e geram valor para o processo de produção e distribuição. Tudo isso tem um papel importante para melhorar o modelo de negócio, para atender melhor o cliente e o consumidor que hoje está mais preocupado com a nutrição, com a saúde e com a origem dos alimentos, pois ele tem mais acesso à informação”, detalhou.
Na opinião de Silvia, a tecnologia veio para agregar qualidade de vida para as pessoas, não para substituí-las. “Assim, o perfil do engenheiro agrônomo deve ser muito mais multidisciplinar, mais digital, para desenvolver novos nichos de mercado, fazer a capacitação em todos os elos da cadeia, assim como trabalhar a convergência das tecnologias”, comentou.
Mudanças no perfil da cadeia da carne no Brasil
Investimentos em ciência e tecnologia resultaram na mudança de perfil da cadeia da carne no Brasil nos últimos 40 anos, hoje figurando entre os players no mundo na produção e exportação do produto. Para Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, a mudança se deve ao tripe genética, saúde animal e nutrição alicerces da produção bovina com sustentabilidade.
Em sua apresentação no Fórum Distribuição Veterinária, Malafaia ponderou que para continuar a produzir mais carne com eficiência e utilizando menos área de pasto, mantendo a liderança conquistada, o Brasil precisa enfrentar os novos desafios que vêm pela frente. O pesquisador ressalta a oferta de mão de obra (87% está nas cidades) e até mesmo tecnologia diante das novas demandas, entre outras.
Ele citou em sua palestra o estudo da Embrapa sobre as Megatendências para 2040, entre elas: biotecnologia transformando a pecuária e a carne; carne com denominação de origem; Brasil, mega exportador de carne e genética; digital transformando toda a cadeia produtiva e o apagão de mão de obra.
Distribuição de insumos para pecuária
O perfil dos gestores da distribuição de insumos para a agricultura e os gestores de insumos veterinários foi apresentado pelo consultor Marcus Rezende, na palestra “A Excelência na Gestão e a Distribuição de Insumos para Pecuária”, durante o Fórum de Distribuição Veterinária. Para os dois tipos de gestores, a grande dificuldade está na gestão de pessoas, seguida da margem de lucro. Do mesmo modo, também se identificam diante da confiança que representa o fornecedor.
O consultor cita como exemplo, as ações em redes sociais, enquanto a gestão de insumos agro ocupa a faixa de 75%, contra 50% dos gestores insumos veterinários. Eles empatam no quesito fazem ou já fizeram negócios online. “O pulo do gato da gestão é aliar o talento do componente humano mais os dados de inteligência de mercado”, sintetizou Rezende.
No painel “Relatos e Experiência de Distribuidores em um Cenário de Transformações”, apresentado por Feres Soubhia, diretor presidente da Alvorada; Roberto Motta, presidente da Agro Amazônia; e Thiago Sandri, CEO da AgroSandri, comentaram sobre fatos enfrentados no dia a dia de suas empresas, incluindo a necessidade de investir em tecnologia e a gestão de pessoas. O painel, moderado pelo jornalista Otávio Ceschi Jr. também apresentou a importância da indústria e das distribuidoras dentro do setor.
Compromisso ESG
Na palestra “Prepare sua empresa para o compromisso ESG”, a professora da Fundação Dom Cabral, Maria Flávia Bastos, questionou o que tem sido feito para minimizar a produção de resíduos. “O ESG não é uma evolução da sustentabilidade, ele é a própria sustentabilidade. Podemos dizer que, atualmente, o ESG é uma diferenciação de mercado, porém, a tendência para a sobrevivência das empresas no mercado passa pela obrigatoriedade da implementação desse sistema nas questões da empresa”, disse Maria Flávia.
O encerramento das atividades de conteúdo do primeiro dia do Congresso Andav ficou com o cantor e empresário Léo Chaves, que contou sua história e afirmou que o caminho que ele e seu irmão, Victor, percorreram não foi fácil. “Tivemos que ser persistentes e aprender a lidar com o não nos 15 anos”.
A dupla, ao longo de sua carreira, sempre objetivou criar uma marca e não um produto, por isso eles trabalharam para ter uma identidade, que se destacou nas músicas compostas por Victor e em sua forma de cantar. “Não queríamos ser mais um. E, pelo legado que deixamos, acredito que conseguimos alcançar nosso objetivo”.
Fonte: Assessoria Andav
Discussão sobre post