Um museu que tem como objetivo contar a história do cooperativismo no Brasil de forma inovadora e atrativa ao público, por meio da tecnologia. Assim pode ser definido o recém-restaurado Memorial Amstad, localizado no prédio da Caixa Rural, em Nova Petrópolis, na serra gaúcha. Após cerca de cinco anos de obras, o espaço foi reaberto para visitação em maio e, desde então, vem recebendo mais do que o dobro de pessoas quando comparado ao período anterior à reforma.
O memorial faz referência ao padre Theodor Amstad, considerado patrono do cooperativismo brasileiro. Além desse espaço, todo o prédio e o sítio histórico do entorno foram revitalizados. Paulo Cesar Soares, diretor executivo da Casa Cooperativa Nova Petrópolis, que é responsável pela gestão do espaço, explica que os restauros iniciaram em 2018 e que o edifício abrigou a sede da primeira instituição financeira cooperativa do Brasil e, atualmente, da Sicredi Pioneira. O local é patrimônio tombado do município desde 2013.
“Em 2021, terminamos a parte estrutural. Toda a parte externa dele está exatamente igual como era na época em que foi construído. Na parte interna, foi permitida fazer uma reestruturação. Então, o prédio da Caixa Rural alinha o antigo e o moderno, sendo um tributo ao movimento cooperativo que iniciou aqui, lá na época do padre Amstad. E o museu é totalmente tecnológico e interativo, tem coisas que são únicas no Brasil”, afirma.
Como exemplo da inovação, Soares cita uma tecnologia austríaca de projeção mapeada. Para esclarecer o que é, compara com os quadros da escola de Hogwarts, da franquia Harry Potter, em que os personagens retratados se movem: “Temos quadros vazios aqui e uma projeção mapeada ocorre neles. Aí os personagens, o padre e a mula dele, Diana, começam a contar a história. Vão interagindo e saltando dos quadros. Dura em torno de sete minutos. A estátua em busto do padre também ganha vida e fala, então o pessoal fica preso. É muito bacana!”, completa.
Logo na entrada do memorial, há uma reprodução em tamanho real do padre e de Diana, onde os visitantes podem tirar fotos. Quando chegam ao local, as pessoas são recebidas por colaboradores que antecipam resumidamente o que será visto nas diferentes áreas do museu e o que podem ou não fazer. Essa contextualização dura em torno de 10 minutos e antecede a parte da projeção mapeada. Depois, podem explorar o espaço, onde encontram itens que contam a história do cooperativismo, de Nova Petrópolis, da imigração e da primeira instituição financeira privada.
Uma das primeiras coisas que chama a atenção é uma réplica do navio Patagônia, que trouxe os imigrantes e o padre Amstad para a região. Miniaturas que representam as profissões da época ficam em outro expositor, assim como a reprodução da mala do padre, o primeiro cofre e objetos antigos. Totens interativos também estão espalhados pelos ambientes. Neles, os visitantes podem obter outras informações sobre a história do cooperativismo, em diferentes idiomas, sem nem tocar na tela: basta aproximar a mão de um sensor e movimentá-la.
Antes da restauração, o espaço do museu, que fica no primeiro andar da Caixa Rural, tinha apenas alguns banners nas paredes e expositores com alguns itens antigos. O segundo piso, que abriga a parte educacional da Casa Cooperativa, também foi todo reformado e conta com salas modernas e adaptáveis.
“O projeto de restauro teve duas etapas. A primeira, de toda a parte estrutural, foi por meio da Casa Cooperativa, em parceria com a administração pública municipal e estadual. E a segunda, que foi a etapa de implementação das tecnologias e do projeto interno, foi a Sicredi Pioneira. Foi um trabalho conjunto. E o que tentamos fazer foi o seguinte: cooperativismo é uma palavra estranha e o pessoal às vezes não entende o que é, então quisemos fazer com que ficasse leve, harmônico e bonito, para que as pessoas se interessassem”, diz Soares.
“Boom” de visitantes
De acordo com Soares, o público do memorial é formado tanto por turistas quanto por pessoas do setor cooperativista, que procuram o local com um objetivo mais técnico e educacional — esse último nicho ainda representa a maioria dos visitantes. O diretor executivo explica que o sítio histórico está inserido dentro do roteiro turístico de Nova Petrópolis, mas, por ficar na Linha Imperial, um trecho entre o município e Gramado, acaba ficando um pouco “esquecido”:
A atração principal acabou se tornando o museu. Em maio inauguramos e, nos primeiros sete dias, foi uma loucura. Recebíamos em torno de 25 pessoas por dia. Hoje, a nossa média está em torno de 70, mais do que dobrou. E agora estamos com um trabalho específico porque queremos nos inserir nesse roteiro, como mais uma atração para os turistas.
Os visitantes acabam ficando mais de uma hora dentro do espaço do memorial, mesmo que não seja muito grande. Além disso, a parte interativa atrai pessoas de todas as idades, inclusive as crianças. O ingresso para visitar o local, que funciona de segunda a sexta-feira, das 9h ao meio-dia e das 13h30min às 17h, e aos sábados, das 9h ao meio-dia, custa R$ 40. Grupos precisam fazer agendamento prévio pelos sites casacooperativa.com.br ou memorialamstad.com.
Sítio histórico
O sítio histórico no entorno do prédio da Caixa Rural é composto por duas casas antigas, o monumento A Pedra no Caminho e o Monumento à Irmandade, uma escola, uma casa paroquial, uma igreja e a praça que leva o nome do padre Amstad. O espaço conta também com monumento do religioso, no qual muitas pessoas tiram fotos, conta Soares. Para a praça, foi elaborado um projeto de paisagismo moderno, com o acréscimo de itens que oferecem maior comodidade ao visitante, mas mantendo os desenhos históricos.
Para o diretor executivo da Casa Cooperativa, as pessoas que visitam a comunidade de Linha Imperial conseguem ter uma experiência no sentido amplo da palavra. Isso porque estarão em um lugar histórico e preservado, com segurança e uma estrutura adequada para receber o turista, mas, ao mesmo tempo, poderão entrar no edifício da Casa Rural, onde começa a história do dinheiro privado.
“A pessoa tem a oportunidade de conhecer um sítio histórico, cultural e totalmente inovador, é uma maneira completamente diferente de contar a história. Queríamos que as pessoas viessem para a Linha Imperial, conhecessem, dessem valor para essa história e que as coisas se complementassem. Aqui fora está o antigo e, lá dentro, o moderno, mas respeitando a história e contando-a de forma inovadora”, finaliza Soares.
Fonte: Gaúcha ZH
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