O futuro do cooperativismo mineiro já está sendo construído e os jovens são protagonistas das transformações que impulsionam a inovação e a sustentabilidade nas cooperativas do Estado. Atento ao papel da juventude para um coop cada vez mais conectado às demandas contemporâneas, o Sistema Ocemg promoveu a 19º edição do Encontro de Jovens Cooperativistas, realizado de 7 a 9 de agosto, em Caeté. O evento reuniu 300 representantes de 151 cooperativas para debater temas como meio ambiente, impacto social e governança.
Com idades entre 18 e 35 anos, os participantes vivenciaram três dias de formação, integração e troca de experiências em um ambiente de protagonismo e valorização. O presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato, abriu o evento com entusiasmo e um recado direto: a renovação do cooperativismo depende da abertura de espaço para as ideias e habilidades das novas gerações.
“Acreditamos que investir nos jovens é garantir que o cooperativismo siga existindo de forma sustentável, por isso pensamos em cada detalhe desse encontro”, afirmou. “O jovem de hoje pensa diferente, enxerga além do cifrão e entende que o sucesso também passa por gerar impacto positivo na comunidade”.
Segundo Scucato, a capacidade de inovar é um ativo estratégico, e os jovens são parte da transformação do segmento para o futuro. “Precisamos de um cooperativismo cada vez mais atraente para a juventude. Eles dominam a internet das coisas, a inteligência artificial e tantas outras tecnologias que já moldam o presente. Cabe a nós abrir espaço para a capacidade de empreender, criar e inovar que só a juventude tem. É essa energia que vai manter o cooperativismo vivo, competitivo e conectado”.
Formação estratégica
O superintendente do Sistema Ocemg, Alexandre Gatti Lages, destacou que o Encontro de Jovens funciona como um laboratório para desenvolver competências essenciais às lideranças cooperativistas do futuro. “É uma oportunidade para que os jovens pratiquem a colaboração, exercitem a criatividade e aprendam a tomar decisões com visão de longo prazo”, detalhou. “São habilidades que fortalecem as cooperativas e ajudam a construir negócios mais sustentáveis e conectados com a comunidade”.
O que se aprende nos encontros tem repercussão direta nas cooperativas mineiras, impulsionando a entrada de jovens no cooperativismo e a formação de lideranças. Desde 2022, essa tarefa ganhou reforço com a criação do Comitê Estadual de Jovens do Sistema Ocemg, que ampliou a voz da juventude e o diálogo para criação de redes de apoio e articulação.
Segundo Hendrik Laviola, membro dos comitês Nacional e Estadual de Jovens, essa valorização já está dando frutos. “Hoje temos 16 comitês locais ativos em Minas, realizamos workshops regionais e incentivamos a criação de grupos internos nas cooperativas. Nosso papel é representar, ouvir e transformar demandas em propostas concretas”.
Perspectivas que inspiram
O 19º Encontro de Jovens também reuniu especialistas, lideranças e profissionais de diferentes áreas que, com trajetórias distintas, compartilham a vivência e a defesa do cooperativismo como ferramenta de transformação. Ao longo dos três dias, eles trouxeram aprendizados para fortalecer a atuação das novas gerações no setor.
Com ampla experiência na integração entre empresas e causas socioambientais, Onara Lima, executiva de Sustentabilidade ESG, reforçou que a participação jovem precisa vir acompanhada de maturidade e visão coletiva. “Eventos como este mostram que o cooperativismo é espaço de mudança e construção coletiva”, destacou. “Os jovens chegam com energia e ideias novas, mas precisam equilibrar a ansiedade com o amadurecimento do processo. É sobre entender o próprio papel, agir de forma colaborativa e nunca perder a essência do cooperativismo: construir juntos, de forma equitativa e sustentável”.
Especialista em empreendedorismo de impacto social, a cofundadora e diretora do FA.VELA, Tatiana Silva, ressaltou a necessidade de criar mais oportunidades para a juventude se expressar e liderar. “Os jovens têm potência para criar e transformar, mas ainda faltam espaços para isso acontecer”, ponderou. “Precisamos de perseverança e preparo para ocupar e abrir portas. Encontros como este fortalecem relações, estimulam a cooperação e criam oportunidades para que ideias se tornem projetos concretos, capazes de gerar impacto econômico, social e ambiental”.
Com um chamado à ação aos jovens cooperativistas, Raquel Virgínia, CEO da Nhaí! — agência de ideias focada em diversidade e inclusão — reforçou a importância de persistir e buscar caminhos para além das barreiras impostas. “Faltam espaços. É preciso estudar, criar estratégias e manter a perseverança para driblar os nãos. Especialmente para jovens negros, mulheres e pessoas LGBTQIA+, a persistência é fundamental. Reuniões assim ampliam conexões e mostram que o cooperativismo é, acima de tudo, relacionamento e construção coletiva. É preciso vir para construir”.
Referência em temas de futuro e transformação digital, Gil Giardelli, professor e especialista em inovação, alertou para a necessidade de manter valores humanos no centro das mudanças. “O maior desafio não é a tecnologia, mas manter valores como ética, cooperação e inteligência coletiva no centro”, listou. “O cooperativismo precisa se comunicar melhor com os jovens e aproveitar encontros físicos para gerar conexões reais. Essas iniciativas despertam a criatividade, estimulam a inclusão e mostram que inovação e diversidade caminham juntas”.
Engajado em ações de sucessão e renovação nas cooperativas, o conselheiro de Administração da Cogran, Gabriel Camargos, vê o encontro como uma ponte entre diferentes gerações. “É uma oportunidade de mostrar que é possível chegar a cargos de liderança e contribuir para a sucessão no cooperativismo”, disse. “Experiência e juventude podem caminhar juntas, unindo inovação e tradição. É preciso que as lideranças abram espaço para novas ideias e tecnologias, garantindo a renovação e a continuidade do setor”.
Com foco na força transformadora da juventude, a psicóloga, artista e ativista ambiental indígena Artemisa Xakriabá, destacou que a sustentabilidade é um valor que atravessa gerações. “O cooperativismo atrai mais jovens quando conecta causas ambientais e valoriza saberes ancestrais, como os dos povos indígenas, que praticam sustentabilidade há séculos. A juventude tem papel decisivo nesse processo, usando a comunicação e a articulação entre grupos para criar soluções sustentáveis e imediatas”.
Construindo o futuro
Entre os jovens que se destacam pela atuação em suas cooperativas, a vice-presidente da Cooperativa Solar Geração Distribuída, Ana Brito, disse que quer transformar o aprendizado em ações concretas. Para ela, a participação no encontro é uma forma de fortalecer projetos sociais e ampliar a presença da cooperativa nas comunidades. “Estamos em fase de crescimento e queremos levar para dentro da organização práticas que fortaleçam nossa atuação e engajem ainda mais os cooperados”.
Já Jessé Cesário, presidente da Cooper Saúde Brasil, iniciou sua trajetória no movimento já no cargo de liderança, unindo experiência na área de saúde, formação em comunicação e psicologia e uma gestão voltada ao bem-estar dos cooperados. “O olhar jovem contribui muito para o sucesso da cooperativa. Temos atenção especial à qualidade de vida no trabalho, diferencial que aproxima o cooperado e fortalece a gestão”.
Fonte: Sistema Ocemg com adaptações da MundoCoop