O ano de 2022 foi bastante produtivo e recheado de resultados positivos para as cooperativas, cooperados e colaborares do movimento. A participação em temas estratégicos tanto na política como nas relações institucionais no Brasil e no mundo acarretou novos negócios, produtos e serviços ofertados, melhorando o desempenho econômico e social do país.
Entre os principais destaques está o aumento do número de cooperados, que atingiu 18,8 milhões pessoas e já representa quase 8% da população brasileira, segundo dados do AnuárioCoop 2022. O número é 10% superior ao de 2020, quando foram registrados mais de 17 milhões de cooperados no país. O total de cooperativas subiu para 4.880. Outro dado importante é que a participação feminina em cargos de liderança passou de 17% para 20%.
A Casa do Cooperativismo também contribuiu significativamente para a construção de políticas públicas relevantes como o Projeto de Lei Complementar (PLP 27/20), que se transformou na Lei Complementar 196/22 e modernizou a legislação que rege a atuação das cooperativas de crédito, e a elaboração do Plano Safra 22/23, que destinou o montante de R$ 340,88 bilhões em financiamentos para apoiar o agro nacional, um aumento de 36% em relação ao ano anterior.
Além disso, o adequado tratamento tributário ao ato cooperativo foi um dos principais pontos de debate da Reforma Tributária (PEC 110/2019), que continua em tramitação no Congresso Nacional e representa uma das demandas primordiais do movimento para manter sua competividade.
Institucionalmente, também foram promovidos diversos eventos como, por exemplo, a Semana de Competitividade, o lançamento da Agenda Institucional do Cooperativismo, o Dia C, a entrega do Prêmio SomosCoop Melhores do Ano, entre outros.
Para complementar, as publicações técnicas, jurídicas, e-books, boletins com estudos e tendências, bem como radar de boas práticas, foram outras atividades importantes para fortalecer o movimento ao longo do ano. Os cursos de capacitação presenciais e em EAD integraram a pauta de formação e, permitiram, inclusive, que outros países fossem ajudados com as técnicas e táticas do coop brasileiro, em especial, nos ramos Agro e Crédito.
“Tivemos tantas vitórias, que temos certeza de que estamos no caminho certo. Os resultados deste ano expressam quão sólida é a base do nosso movimento e o quanto o nosso modelo de negócios tem sido cada vez mais acessado pela população. Mesmo diante de uma crise sanitária mundial criamos oportunidades, inovamos e nos fortalecemos. Está claro que somos essenciais para a retomada da economia brasileira, mas sobretudo, para levar prosperidade para o Brasil e para o mundo”, destaca o presidente, Marcio Lopes de Freitas. Ele também agradeceu a cada cooperativa, cooperado e colaborador que atua em prol das ações e atividades do cooperativismo e renovou o desejo para que, juntos, seja possível continuar essa jornada por um mundo mais justo, equilibrado e feliz para todos. “O cooperativismo tem em sua natureza, o desafio de pensar o futuro a partir de perspectivas que contribuam para consolidar cada vez mais uma economia social, centrada no bem-estar da sociedade e no desenvolvimento sustentável. Acreditamos na prosperidade. E isso não significa apenas gerar riqueza. É muito mais. É um conjunto de boas práticas que transborda e derrama valores por onde passa e transforma a vida das pessoas”, complementou.
Representação Internacional
Em âmbito internacional, o presidente Marcio Lopes de Freitas foi eleito, em junho, por maioria expressiva para compor o Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão máximo do movimento em todo o mundo. A presença dele garantirá, entre outras possibilidades, acesso a novos mercados para o coop brasileiro. Atualmente, produtos de 508 cooperativas estão nas prateleiras dos mais diversos países. “Estamos trabalhando para fortalecer a cultura da cooperação e garantir mais legitimidade, maior representatividade e interlocução mais direta entre os países membros da ACI”, destacou o presidente.
A Aliança Cooperativa Internacional (ACI) tem 126 anos de existência e é uma organização não-governamental independente que reúne, representa e atende organizações cooperativas em todo o mundo. É a voz mundial das cooperativas e trabalha com governos e organizações globais e regionais para criar ambientes legislativos que possibilitem a formação e o crescimento das cooperativas. O Sistema OCB é filiado a ela desde 1989 e o primeiro presidente não europeu foi o cooperativista brasileiro Roberto Rodrigues.
Missões Internacionais marcaram significativamente as atividades do Sistema OCB durante todo o ano. Além de recepcionar embaixadores, autoridades e dirigentes de outros países, a equipe técnica da Casa do Cooperativismo participou de inúmeros eventos e ofertou, inclusive, capacitação para cooperados de outras nações.
Um dos destaques da atuação da entidade foi a participação da superintendente e da gerente de Relações Institucionais, Tania Zanella e Clara Maffia, no Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito (Woccu), na Escócia. O Conselho engloba 86.451 cooperativas de crédito em 118 países, que atendem 375 milhões de pessoas e já implementou mais de 300 programas de assistência técnica em 90 países.
Outro destaque foi a participação das cooperativas de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec) e Prata da Cuesta Sustentavel (Coopercuesta) na feira de agronegócios Thaifex Anuga 2022, na Tailândia, o que representou um importante reconhecimento internacional dos produtos coop. A Thaifex atrai milhares de expositores e visitantes de todo o mundo e é considerada uma porta de entrada estratégica para negócios que visam capitalizar e crescer nos países do Sudeste Asiático.
Em Botsuana, na África, o Sistema OCB capacitou 26 representantes do governo local e da cooperativa de Kweneng Norte para fortalecimento do movimento no país. O foco do treinamento foi na área de contabilidade com explicações sobre demonstrações contábeis, balanço patrimonial e demonstrativo de resultados por exercício.
Parcerias e iniciativas
Em maio, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançaram edital voltado às pesquisas científicas sobre o cooperativismo. O edital recebeu 131 projetos e selecionou 44. Com fomento de R$ 4 milhões, os pesquisadores podem custear bolsas, passagens, hospedagens, participação em congressos e até comprar equipamentos e materiais para execução do estudo.
A parceria entre o Sescoop e o CNPq teve início em 2017, quando foi assinado o Acordo de Cooperação Técnica e Financeira para a operacionalização de chamadas públicas para financiamento de projetos de pesquisa científica. O primeiro edital, em 2018, recebeu 374 inscrições. Foram contemplados 41 projetos, de 14 estados diferentes, com recursos que somaram R$ 2,8 milhões, repassados às universidades e institutos de pesquisa.
Durante a Semana de Competitividade do Cooperativismo, evento realizado em agosto no formato híbrido (presencial e online), mais de 600 cooperativistas estiveram em Brasília para aprimorar seus conhecimentos sobre inovação, gestão e governança, além de divulgar seus produtos e serviços. Os comitês de jovens e mulheres, Geração C e Elas Pelo Coop, marcaram presença e tiveram a oportunidade de apresentar o Manifesto Coop, em defesa do movimento, para um auditório lotado.
O desafio BRC R$ 1 Tri de Prosperidade e o Programa ESGCoop também foram lançados durante o evento. O BRC tem por objetivo aumentar, até 2027, a movimentação financeira do coop para R$ 1 trilhão e o número de cooperados para 30 milhões. Já o ESGCoop pretende promover as estratégias de governança, respeito ambiental e cuidado social com indicadores do que comprovem as atividades nesse sentido já desenvolvidas e coordenadas pelo cooperativismo.
Além disso, a Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul (RECM), definiu o cronograma de trabalho para o próximo biênio (2023-2024) e ficou acordada a realização de missão internacional comercial conjunta à Ásia, com visitas à Singapura, Tailândia e Vietnã com o objetivo de impulsionar a exportação de produtos das coops do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Cooperativismo na COP27
O cooperativismo brasileiro foi convidado a integrar painel na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP27, para falar sobre a contribuição das cooperativas para o alcance das metas globais de sustentabilidade e de desenvolvimento social. A indicação das coops foi feita pelos ministérios do Meio Ambiente (MMA) e de Minas e Energia (MME). CCPR (MG), Coopercitrus (SP), Cocamar (PR) e Coplana (SP) apresentaram suas ações em defesa de um ambiente produtivo mais sustentável. Na ocasião, o coop reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade, por meio do Manifesto publicado no site https://cooperacaoambiental.coop.br/
Avanço no Congresso
Eleito em 2019 para comandar a Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), o deputado Evair de Melo (ES) considera expressiva as conquistas em prol do movimento registradas durante os últimos dois anos na Câmara e no Senado. Em entrevista exclusiva para o Sistema OCB, o parlamentar fez um rápido balanço das ações da frente durante esse período.
“O modelo de negócio cooperativista busca a construção de uma sociedade mais justa por meio da colaboração, equilíbrio, transformação e inclusão. Ele é, com certeza, um caminho seguro pelo qual nosso país pode alcançar sua recuperação e reorganização econômica. Por isso, só posso agradecer aos meus pares pelo apoio que temos recebido e celebrar a celeridade e consciência com que as pautas em prol do setor têm sido apreciadas”, afirmou.
Para ele, medidas estruturantes foram aprovadas e transformadas em Lei, como a LC 196/22, que modernizou as regras de funcionamento do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), enquanto outras avançaram significativamente com a aprovação na Câmara dos Deputados, caso do PL 1.303/22, de sua autoria, que prevê a prestação de serviços de telecomunicação por cooperativas, e que se encontra aguardando deliberação no Senado.
“A questão da definição do adequado tratamento tributário ao ato cooperativo, debatido na PEC da Reforma Tributária (PEC/110), demanda uma atenção primordial do setor para evitar a dupla incidência de tributos. Nesta legislatura, caminhamos bem nas discussões sobre o tema e a nossa expectativa é de que já no início do próximo ano precisemos retomar as discussões sobre o texto constitucional, para garantir maior segurança jurídica e competitividade às cooperativas”, acrescentou.
Fonte: Sistema OCB, com adaptação da MundoCoop
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