Em um ano desafiador para a economia brasileira e global, as cooperativas mineiras registraram um crescimento de 26,6% no faturamento em 2022 na comparação com o exercício anterior. O resultado atingiu R$ 118,4 bilhões no período
Os dados são do Anuário 2023 – Informações Econômicas e Sociais do Cooperativismo Mineiro, divulgado ontem, em Belo Horizonte, pelo Sistema Ocemg – formado pela junção do Sindicato e da Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg).
Os resultados apresentados ontem ilustram o quanto o setor vem ganhando importância no desenvolvimento econômico e social do Estado.
“O cooperativismo vem avançando independentemente de crise e de pandemia. Nossa participação no PIB (Produto Interno Bruto) do Estado saltou de 11,6% para 12,8%, um crescimento considerável e muito relevante. Isso não é pouco e demonstra resultados muito práticos do setor.”, afirmou o presidente do Sistema Ocemg, Ronaldo Scucato.
O sistema cooperativista ainda foi responsável por 4% dos tributos gerados em Minas Gerais no ano passado, somando R$ 3,1 bilhões. O montante representa crescimento de 19,4% em relação a 2021, quando atingiu R$ 2,6 bilhões.
Vale lembrar que o desempenho impressionante do cooperativismo mineiro foi registrado em um ano que o mundo estava se recuperando dos efeitos da pandemia de Covid-19 e abalado pela invasão russa na Ucrânia, o que pressionou a inflação em todo o planeta, uma vez que os suprimentos de commodities importantes foram ameaçados.
Para se ter uma ideia, em 2022, o PIB mineiro avançou 3,5%, segundo dados da Fundação João Pinheiro.
Participação
O modelo transformador de negócio vem conquistando cada vez mais pessoas no Estado. Em 2022, o número de cooperados em Minas cresceu 16,7% na comparação com o ano anterior, alcançando 2,8 milhões. Com este resultado, estima-se que cerca de 40% dos mineiros estão envolvidos de alguma forma com o cooperativismo.
Atualmente, Minas conta com 803 cooperativas registradas. Isto representa um incremento de 0,4% em relação ao ano anterior, quando eram 800.
Geração de empregos
Com toda essa pujança, o cooperativismo é responsável por boa parte dos postos de trabalho criados em Minas Gerais. No ano passado, o setor contava com 54.535 empregados, um aumento de 7% em relação a 2021. A maior parte destes trabalhadores está no ramo agropecuário, que conta com 19.139 postos de trabalho, crescimento de 5,6% na comparação com o exercício anterior.
Perfil
O documento publicado pelo Sistema Ocemg mostra também que, atualmente, 75% das cooperativas mineiras têm mais de 10 anos de atuação, sinalizando que são empreendimentos sólidos, que superam adversidades do mercado e demonstram, cada vez mais, sua relevância.
Do total de cooperativas, 356 estão em atividade entre 10 e 29 anos. Outras 165 operam entre 30 e 49 anos. O Estado conta ainda com 84 cooperativas que estão no mercado há mais de 50 anos.
Sustentabilidade
Além do anuário, a Ocemg lançou também o Relatório de Sustentabilidade 2022.
Somos a primeira organização congênere que faz este lançamento no País”, disse Scucato, destacando o pioneirismo da entidade mineira.
Durante o lançamento do anuário, o presidente apontou também a necessidade de uma melhora na comunicação entre o setor e a sociedade, principalmente, no que tange a atividade agropecuária, que sofre com uma imagem negativa ao ser apontada como desmatadora e poluidora. “É preciso que todos nós falemos diariamente, isso sem modéstia nenhuma, de que nós somos importantes e que nós temos um produtor rural que trabalha diuturnamente para abastecer a mesa não só no País, mas no mundo”, disse.
Outra publicação lançada pela entidade ontem foi o Painel Coop 2023, que traz uma análise sobre o contexto do agronegócio e do segmento de crédito.
Agropecuária e crédito impulsionam o cooperativismo em Minas
Uma das principais atividades econômicas de Minas Gerais, o setor agropecuário está entre os ramos que impulsionam o cooperativismo no Estado. Em 2022, o faturamento atingiu R$ 44,8 bilhões ante R$ 36 bilhões no ano passado, alta de 24,5%.
O ramo agropecuário conta com 193 cooperativas e 189.976 cooperados, de acordo com o Anuário 2023, divulgado pelo Sistema Ocemg. São 19.139 pessoas empregadas no setor em Minas.
Entre as principais cooperativas do ramo estão a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), no Sul de Minas, que fechou o ano passado com um patrimônio líquido de R$ 1,925 bilhão. Outro destaque é a Cooperativa Central dos Produtores de Minas Gerais (CCPR/MG), com patrimônio líquido de R$ 688,4 milhões.
O cooperativismo tem grande importância para o comércio exterior mineiro, uma vez que foi responsável por R$ 9,8 bilhões das exportações do agronegócio no ano passado. Os produtos foram enviados para 59 países.
Crédito
Outro ramo que se destaca no cooperativismo mineiro é o de crédito. Essas cooperativas movimentaram R$ 57,4 bilhões em 2022. O montante é 32,7% superior ao apurado no exercício anterior, quando somou R$ 43,1 bilhões.
As 184 cooperativas de crédito no Estado fecharam o ano passado com 16.384 pessoas empregadas, um aumento de 13,7% na comparação com 2021, de acordo com as informações do Anuário 2023. São 2,3 milhões de cooperados.
De acordo com o documento, as cooperativas de crédito estão presentes em 77,6% dos municípios mineiros e contam com 1.592 pontos de atendimento. Em 72 cidades do Estado, as cooperativas são a única opção para ter acesso a serviços financeiros.
Em patrimônio líquido, a Sicoob Central Crediminas é a maior do Estado, com um total de R$ 864,181 milhões.
Já o ramo saúde registrou um incremento de 7,1% na receita em 2022. O faturamento somou R$ 12,9 bilhões contra R$ 12,1 bilhões no período imediatamente anterior.
São 51,5 mil cooperados em 120 cooperativas no Estado. Estes negócios são responsáveis por 15,5 mil postos de trabalho em Minas, segundo o Sistema Ocemg.
Também se destacaram na mesma base de comparação os ramos de infraestrutura, com alta de 102,7%, e o de transporte, que faturou 60,6% a mais no ano passado.
Fonte: Diário do Comércio
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