Antes de Teutônia se tornar Teutônia, as cooperativas já existiam por aqui. Com certeza, foram uma base sólida para a construção do novo município. Algumas mais antigas, como a Certel e a Languiru que beiram os 70 anos, outras mais jovens, mas de igual valor, mantém o cooperativismo vivo em diferentes setores da cidade. Da energia, à produção e transporte elas estão presentes no dia a dia de todos, afinal, quase 100% dos teutonienses são associados a alguma delas. Hoje, Teutônia conta com cinco cooperativas: Languiru, Certel, Sicredi, Cooperagri e Comatra.
História cooperativista forte
As duas cooperativas mais antigas da cidade, e de onde boa parte do restante das cooperativas e associações surgiram, são a Languiru, que fará 68 anos, e a Certel, com 67 anos. A Certel surgiu para garantir sanar o problema da falta de energia, e hoje conta com mais de 72 mil associados. A Languiru, a mais antiga do município, surgiu da união de produtores rurais com o intuito econômico de promover os interesses de seus associados, e hoje atua em diversos ramos voltados a agricultura, comércio e serviços.
O presidente da Languiru, Paulo Birck, avalia que a contribuição de grupos que se unem é visível em Teutônia e demais cidades. “É inegável a contribuição do cooperativismo para o desenvolvimento de muitos municípios gaúchos. Em Teutônia nasceram cooperativas históricas, diversificadas, desbravadoras e pujantes. De diferentes ramos, essas organizações se complementam. A Languiru sempre vai incentivar e, no que for possível, apoiar iniciativas que possibilitam o fortalecimento e crescimento do cooperativismo”, considera.
Já o vice-presidente Fábio Secchi, fala sobre Teutônia ter essa raiz. “O cooperativismo corre nas veias dos teutonienses, pulsa no dia a dia da nossa cidade. É um sistema que traz relevante contribuição em diferentes áreas. A Languiru deseja continuar participando dessa linda história, gerando renda, empregos e desenvolvimento social”, considera.
O presidente da Certel Erineo José Hennemann avalia que o Vale do Taquari se destaca por ter muitos ramos atuando no cooperativismo e associativismo. “Teutônia, especialmente, recebe um prestígio muito grande das lideranças e isso ajuda a desenvolver e melhorar isso”, complementa.
Na sua visão, o cooperativismo aplica as boas ações do associativismo, com uma governança participativa e transparente. “É muito importante ouvir o associado que sempre tem sugestões e pode ajudar”, completa.
A Certel, de acordo com Hennemann, trabalha valorizando e fortalecendo a comunidade. “Além de toda questão de comércio e serviços, temos também a questão social com incentivo a cultura, esporte, educação e saúde, com diversos programas”, observa.
Serviços de banco, essência cooperativista
Junto com Teutônia, em 1981, nasceu a Sicredi Ouro Branco. Em suma, a cooperativa oferece serviços de banco, a diferença é que o cliente, não é cliente, é dono, é o associado. Hoje, a área de atuação da cooperativa é composta por 21 municípios. A sede segue em Teutônia, e a Sicredi é grande fomentadora de outras entidades e projetos.
O presidente da Sicredi Ouro Branco, Neori Ernani Abel vê a contribuição do cooperativismo como fundamental para o desenvolvimento da cidade. “Quando o município nasceu, já tinha duas cooperativas consolidadas, atuando na infraestrutura, com a Certel, e na produção, com a Languiru. No ano da emancipação nasce a terceira cooperativa, desta vez no ramo crédito, que é a Sicredi Ouro Branco. Consolida-se então o tripé: Infraestrutura, Produção e Crédito, que impulsiona o crescimento do município de tão forma intensa que inclusive gerou um ‘município-filho’, Westfália”, lembra.
Por parte do Sicredi, ele salienta que a contribuição é fazer com que a totalidade das riquezas produzidas localmente permanecem na comunidade. “Os recursos são ‘reciclados’ e geram novas oportunidades onde são gerados, tornado o modelo um protagonista de desenvolvimento local sustentável, proporcionando uma melhor qualidade de vida para todos, associados e comunidade”, opina.
Ele acredita que o associativismo deva estar atrelado ao interesse genuíno nas pessoas e a evolução constante das entidades. “Sempre atentas ao dinamismo do mercado, criando oportunidades para melhorias, com alto grau de transparência e ética. Então teremos um terreno fértil para esse movimento moderno e inclusivo que é o coopeerativsmo/associativsimo”, finaliza.
Mais contribuição em prol do setor primário
Mais um braço para o desenvolvimento rural, em 2007 surgiu a Cooperativa Agroindustrial São Jacó (Cooperagri). Já trazia consigo o espírito associativo, pois nasceu em 1989 como uma Associação e Prestação de Serviços e Assistência Técnica (APSAT).
O presidente da Cooperagri, Edson Dahmer, considera que toda região está espelhada no cooperativismo. “Desde os primórdios sempre se espelharam no associativismo e cooperativismo, a colonização trouxe isso para nós”, reforça.
Assim, diz que a Cooperagri sempre focou no associado. “Sempre trabalhamos para o associado, nunca visando resultado para a Cooperagri, sempre para o associado. Assim, nós trabalhamos para a comunidade em geral”, explica.
Ele diz que, para manter o cooperativismo vivo, a cooperativa tem procurado parcerias no setor. Produtor. Temos nossos limites, mas, com certeza, faremos o melhor em prol do produtor”, pontua.
União para ir além
Há quase 31 anos, outra cooperativa se originava dentro da Cooperativa Languiru: a Cooperativa de Manutenção e Transporte (Comatra). Surgiu para reunir os transportadores que, à época, trabalhavam para a Languiru. Hoje, segue consolidada no ramo dos transportes.
O presidente da Comatra, Werner Wiebusch, considera que as cooperativas tendem a melhorar o nível de renda dos seus cooperados e são fonte de muitos empregos para a comunidade local, atuando assim para o desenvolvimento da cidade. “Contribuem com as comunidades locais por meio do apoio a projetos sociais e entidades da região, assim como, tem uma preocupação com a qualidade do meio ambiente, incentivando o uso de práticas ambientalmente corretas”, reforça.
Ele lembra que a Comatra foi criada a partir de uma necessidade de seus cooperados, que precisaram encontrar uma alternativa para manutenção de suas atividades, de boas condições de trabalho e garantia de renda, quando a Cooperativa Languiru optou por terminar com a sua frota própria de transporte, e terceirizar todo o transporte. “Desde então, a Comatra tem uma trajetória de respeito e credibilidade pelos bons serviços prestados. Por meio da cooperativa, os associados possuem diversos benefícios. Assim, além de contribuir para melhores condições de trabalho e oportunidade de renda para os cooperados, procura apoiar projetos regionais, auxiliando as comunidades locais”, comenta.
Ele destaca que Teutônia é destaque quando se fala em cooperativismo. “Temos cooperativas de diversos ramos, o que demonstra que as pessoas do município/da região conhecem a força do cooperativismo, e acreditam que por meio de sua associação conjunta e voluntária, conseguirão obter melhores benefícios e resolver problemas locais, reduzindo sua dependência de iniciativas privadas”, opina.
Ele pondera que, no entanto, as cooperativas estão inseridas na lógica de economias de mercado, e por vezes enfrentam dificuldades, gerando dúvidas e instabilidades. “No entanto, entendo que os cooperados em conjunto tem uma força enorme, e se não esquecerem dos princípios do cooperativismo, encontrarão alternativas”, conclui.
Fonte: Folha Popular
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