O Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025, divulgado nesta quinta-feira (31), destaca o crescimento e a solidez das cooperativas do Ramo Infraestrutura, que alcançaram uma movimentação financeira de R$ 6,01 bilhões em 2024 — crescimento de 14% em relação ao ano anterior. O total de ativos saltou de R$ 6,26 bilhões em 2021 para R$ 10,38 bilhões no último ano, enquanto as sobras do exercício bateram recorde e chegaram a R$ 720 milhões, alta de 37%.
O documento também comprova que as 264 cooperativas do ramo seguem exercendo papel estratégico na universalização do acesso à energia elétrica no Brasil, especialmente em áreas rurais e remotas (44%), bem como na promoção do desenvolvimento urbano e rural, por sua atuação na construção civil (32%), e na geração de energia elétrica para consumo próprio, reduzindo custos e ampliando a preservação dos recursos naturais (30%).
As cooperativas distribuidoras de energia garantem o fornecimento de um serviço essencial com altos índices de satisfação e reconhecimento nacional pela qualidade do atendimento. Em 2024, o desempenho delas foi novamente destacado no Índice Aneel de Satisfação dos Consumidores (IASC), que avalia a percepção dos usuários em relação às distribuidoras de energia elétrica. As cooperativas figuraram entre as 20 melhores empresas do Brasil, superando concessionárias de grande porte em quesitos como qualidade, continuidade do serviço e relacionamento com o consumidor.
Na construção civil, as cooperativas viabilizam obras de moradia, pavimentação, saneamento básico e infraestrutura pública com foco na inclusão social e na geração de emprego e renda. Ao reunir profissionais autônomos e pequenos empreendedores do setor,elas fortalecem a cadeia produtiva local, oferecem serviços com qualidade e custo competitivo e contribuem para a melhoria da qualidade de vida nas comunidades onde estão inseridas. Além disso, estimulam a formalização do trabalho e a capacitação técnica dos cooperados, promovendo um modelo mais justo e colaborativo de atuação na construção civil brasileira.
Já as cooperativas de infraestrutura que produzem energia para consumo próprio representam uma solução estratégica para a autonomia energética e a sustentabilidade das comunidades. Ao investir em geração distribuída, especialmente por meio de fontes renováveis como solar, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas, elas reduzem a dependência da rede convencional, diminuem custos operacionais e aumentam a segurança no fornecimento de energia. Além disso, contribuem ativamente para a transição energética do país, promovendo o uso responsável dos recursos naturais e estimulando a inovação tecnológica no setor. Esse modelo fortalece o protagonismo dos cooperados na gestão da própria energia, promovendo eficiência, economia e responsabilidade ambiental.
A atuação das cooperativas de infraestrutura se concentra principalmente nas regiões Sul e Sudeste, mas está em expansão para áreas do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O modelo se mostra eficiente e adaptável, especialmente em territórios com baixa densidade populacional, onde grandes distribuidoras não têm interesse econômico.
- Sul: 89 cooperativas e 1.085.265 cooperados
- Sudeste: 88 cooperativas e 244.577 cooperados
- Centro-Oeste:42 cooperativas e 22.835 cooperados
- Nordeste: 39 cooperativas e 98.641 cooperados
- Norte: 6 cooperativas e 475 cooperados
“As cooperativas de infraestrutura são essenciais para garantir cidadania energética e inclusão social. Elas levam energia onde ninguém mais chega e fazem isso com excelência e compromisso comunitário”, destaca o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.
Expansão
O Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2025 também revela que o movimento manteve forte ritmo de crescimento em 2024, mesmo diante de desafios econômicos e climáticos enfrentados globalmente. O número de cooperados chegou a 25,8 milhões, o equivalente a 12,14% da população brasileira e a 23,32% da população ocupada. Isso representa um salto de 66% em apenas cinco anos.
O Brasil conta com 4.384 cooperativas, presentes em 3.586 municípios — o que reforça a forte presença territorial do modelo. Só no ramo agro, as cooperativas estão concentradas especialmente nos estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde há forte presença do agronegócio.
O setor cooperativista gerou ainda 578.035 empregos diretos em 2024, com crescimento de 5% em relação a 2023, superando em mais de três vezes a taxa de crescimento da força de trabalho nacional (1,4%). Um destaque importante é o avanço da participação feminina, que agora representa 52% dos empregados nas cooperativas.
O desempenho econômico do cooperativismo em 2024 também foi expressivo. Os ingressos das cooperativas brasileiras somaram R$ 757,9 bilhões, um crescimento de 9,5% em relação a 2023 — quase o triplo do crescimento do PIB nacional (3,4%). O pagamento de salários e encargos sociais também teve alta significativa, alcançando R$ 41,5 bilhões, aumento de 30,9%.
Outro destaque foram as sobras distribuídas aos cooperados, que somaram R$ 51,4 bilhões — um crescimento de 32% em relação ao ano anterior. Esse valor é reinvestido nas comunidades, movimenta o comércio local e impulsiona o desenvolvimento das regiões onde as cooperativas atuam.
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