O cooperativismo representa parcela significativa do PIB goiano. A de maior faturamento é a Comigo. Isso é o que afirma o o presidente do Sistema OCB Goiás, Luís Alberto Pereira. Apesar da força e tradição, atualmente o cooperativismo rompeu a fronteira do agro e já atua em outros ramos, como saúde e crédito, que surgiram na esteira do sucesso do agronegócio.
A Comigo é a segunda empresa goiana citada na lista da revista que trouxe o ranking das 100 amiores empresas do agronegócio brasileiro, sendo a cooperativa de Rio Verde 21ª maior de Brasil. Com uma receita de R$ 10,30 bilhões, de acordo com a publicação, reúne mais de 10 mil cooperados na região Sudoeste do Estado.
Hoje, as cooperativas representam cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás. O presidente do OCB Goiás estima que só agro movimente cerca de 80% do mercado cooperativista, com 14 cooperativas bilionárias. “A Comigo responde por 50% desse movimento”, completou Luís.
No Brasil, o cooperativismo goiano ocupa a sexta posição. “Só perdemos para os três Estados do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Depois vem Goiás, seguido de perto por Mato Grosso porque as duas economias se parecem muito”, disse o presidente.
Origens e desafios
O cooperativismo nasceu no meio rural. Por esse motivo, o presidente do Sistema OCB Goiás, Luís Alberto Pereira, lembra que muita gente acreditava que as pessoas envolvidas não teriam preparo para gerir uma empresa. “Com o passar dos anos as cooperativas vieram se profissionalizando muito. E principalmente a partir da criação do serviço de aprendizado, o Sescoop, que é o nosso ‘S’, que nasceu em 1991”, destacou.
Hoje, na visão do cooperativista, o maior desafio pro setor atualmente é o próprio mercado. “A medida que as cooperativas se tornam relevantes, aumenta a concorrência. Por exemplo: as cooperativas de leite concorrem com os grandes players como a Piracanjuba”, explicou. Apesar disso, o presidente destaca que o cooperativismo tem uma vantagem competitiva pelo próprio modelo de negócio que possui, uma vez que o cooperado deposita uma confiança muito grande na cooperativa, apoiando-a e privilegiando-a.
O cooperativismo depende ainda de legislações. “Precisamos que algumas leis sejam aprovadas e que outras não. Precisamos de recursos, repasses e subsídios, principalmente par ao agronegócio”, avaliou. Segundo o presidente do OCB/GO, a reforma tributária, inclusive, pode impactar diretamente o setor. “Hoje a nossa principal preocupação é o agro cooperativo seja bem definido na Constituição”, afirmou. A carência dessa definição específica, inclusive, faz com que cooperativas de agronegócio, atualmente sejam taxadas de formas diferentes nos Estados da federação.
A função social do cooperativismo
As cooperativas funcionam ainda como uma importante ferramenta social. “Pessoas que sozinhas não poderiam empreender, juntas conseguem”, relata o presidente. Ele lembra de iniciativas de bordadeiras de Goiânia e de produtores de mandioca que produzem farinha de Bela Vista de Goiás. “Ao invés das pessoas ficarem no subemprego, ficarem dependendo de cesta básica ou indo atrás do prefeito pra arrumar um emprego, elas podem empreender”, arrematou.
Pra ajudar esses arranjos produtivos de empreendedorismo coletivo, o Sistema OCB/GO, em parceria com a Secretaria da Retomada, criou o projeto Encuba Coop. “A gente identifica, orienta esse grupo de pessoas. Verifica se eles realmente tem a vontade de empreender, se o projeto é viável e ajuda a criar o estatuto social e as atas de constituição dessas novas cooperativas”, explicou o presidente.
Para Luís Alberto, mais do que empreendedorismo social, o cooperativismo é um tipo de economia solidária. “Tem o viés de ter resultado, mas depende da união das pessoas. Nas empresas mercantis, o capital é representado pelo dinheiro. Nas cooperativas, pelas pessoas”, classificou.
Fonte: Jornal Opção
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