Mudar vidas é uma das especialidades do cooperativismo. Aos 19 anos, Lívia Maria Duarte entrou para a Coopresa – única coop brasileira a prestar serviços de manutenção em aeronaves e componentes de aviação. Ainda muito jovem, ela ingressou na área administrativa em 1998, e se apaixonou pela possibilidade de ajudar aquelas aeronaves a alçarem voo. A paixão foi tanta, que guiou toda a sua carreira. Ela cursou Ciência da Computação, fez especialização em aeronáutica, foi convidada a lecionar na PUC de Minas Gerais e passou uma temporada na iniciativa privada. Mas não teve jeito. O coop falou mais alto. Hoje, aos 44 anos, ela atua como como presidente da Coopresa, cargo que assumiu há sete anos.
“O cooperativismo mudou a minha vida, ao me dar a minha primeira oportunidade de trabalho. E ele segue fazendo isso todos os dias, ao me mostrar de diversas maneiras que as pessoas têm de estar sempre em primeiro lugar, ao contrário do que costuma acontecer na iniciativa privada”, elogia Lívia. “O coop é mais humano, mais solidário e mais justo. E ele ainda gera resultados incríveis para as comunidades onde atuam”.
De fato, a Coopresa — assim como tantas outras cooperativas — movimenta a economia local, gerando emprego e renda para a comunidade. Somente um de seus braços de atuação, focado na manutenção aeronáutica de baixa complexidade, movimenta cerca de R$ 4 milhões por ano. Sem falar que gerou, entre 2019 e 2022, 275 novas oportunidades de trabalho na região.
“O coop faz isso mesmo: ele gera prosperidade por onde passa, na forma de trabalho, renda, programas de inovação, cursos, projetos sociais, ações de sustentabilidade e investimentos diretos na melhoria das comunidades”, explica Marcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB. “É por isso este ano lançamos um desafio para as cooperativas de todo o país: atingir a meta de R$ 1 trilhão de prosperidade e de 30 milhões de cooperados até 2027”.
Essa cifra de R$ 1 trilhão, hoje, equivale à soma dos PIBs gerados pelos estados do Rio de Janeiro e Distrito Federal juntos. Recurso suficiente para construir 14 Brasílias do zero, já considerando os juros e as correções monetárias dos últimos 60 anos. Tudo isso, revertido em trabalho, renda, oportunidades, negócios e prosperidade não apenas para o coop, mas para todos os brasileiros.
“Chegou a hora de mostrar ao Brasil que o nosso jeito de fazer negócios gera resultados, sim. E resultados muito expressivos. Somos inovadores; somos éticos; trabalhamos com propósito e, além de tudo isso, somos sustentáveis! E é por isso que o coop será decisivo na retomada do crescimento da nossa economia”, finaliza Lopes de Freitas.
META DEFINIDA A PARTIR DE DADOS
Ao convidar o coop a gerar R$ 1 trilhão em prosperidade para o Brasil, nos próximos cinco anos, a equipe do Sistema OCB se baseou em dados. “Nosso time analisou o desempenho histórico do cooperativismo e identificou uma média de crescimento de aproximadamente 26% ao ano, mesmo durante a pandemia”, explica a superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella.
A partir daí, foram projetados três cenários econômicos: um otimista, um moderado e um conservador. “Trabalhando em um cenário moderado, no qual ocorra uma recuperação paulatina, porém firme da economia, temos plenas condições de chegar em 2027 com faturamento anual de 1 trilhão de prosperidade para o Brasil. Mas para fazer isso, precisamos do es – forço conjunto de todas as cooperativas e também das representações estaduais”, acrescenta Tania.
Antes mesmo do lançamento do desafio do Sistema OCB — que ganhou o nome de BRC 1Tri —, as entidades de representação da região Sul já estavam engaja – das em campanhas regionais de promoção do crescimento do cooperativismo. O Sistema Ocepar, do Paraná, foi o pioneiro ao lançar o PRC200 — planejamento estratégico com uma meta ambiciosa: dobrar o faturamento das cooperativas do estado de R$ 100 bilhões para R$ 200 bilhões por ano.
“O PRC200 foi uma inspiração para nós”, reconhece Lopes de Feita. “O trabalho de dados e planejamento realizado, pelo Paraná, nos últimos anos é uma referência para todo o cooperativismo”.
Outra entidade que também já adotou a cultura de definir objetivos para o cooperativismo é o Sistema Ocergs. Por lá, o desafio central é alcançar R$150 bilhões de faturamento e 4 milhões de associados em cinco anos. O planejamento também busca gerar 100 mil empregos diretos, realizar R$ 300 milhões de investimentos em capacitação e distribuir R$7,5 bilhões de sobras líquidas anual.
No lançamento do RSCOOP150, em setembro, o presidente do Sistema Ocergs, Darci Hartmann, destacou a relevância da iniciativa, reforçando que, além de resulta – dos financeiros, as cooperativas têm o poder de gerar desenvolvi – mento regional integral.
“O modelo cooperativo privilegia o desenvolvimento da comunidade como um todo, pois parte dos resultados e das sobras são reinvestidos em programas socioambientais, gerando riqueza e distribuição de renda para todos.”, afirmou Hartmann “Temos muitos desafios pela frente, mas onde tem cooperativismo pujante, tem desenvolvimento”.
POTENCIAL PARA CRESCER
Justamente por ter tido a vida transformada pelo coop, a presidente da Coopresa. Lívia Maria Duarte, também é entusiasta do BRC1TRI. “Acredito que o coop brasileiro está maduro e pode ser protagonista no desenvolvimento econômico e social do nosso país”, aposta.
Desde 2015, quando retornou ao coop depois de uma temporada na iniciativa privada, Lílian é testemunha da resiliência e potencial de crescimento do nosso setor.
“Nosso segmento [prestação de serviços para aviação] foi muito afetado pela pandemia, mas não desanimamos. Na baixa, a gente se preparou para a retomada dos voos e, hoje, o cenário oferece muitas oportunidades para os nossos cooperados’, comemora.
Com a reativação dos voos e aumento expressivo das demandas, a Coopresa contratou uma consultoria de melhoria contínua para garantir o crescimento sustentável dos negócios.
“Estamos nos preparando administrativamente e comercialmente para suportar todas as demandas do segmento. A pandemia mostrou a força que o cooperativismo tem. A força de mostrar que, mesmo em tempos difíceis, temos boas ideias, humanidade, capacidade de desenvolver a sociedade ao nosso redor. O cenário pós-pandêmico mostrou para o Brasil e para o mundo a potencialidade da economia solidária, da economia social, que são a base do cooperativismo”, acredita a presidente da Coopresa.
CRESCIMENTO COLETIVO
Assim como transformou a realidade da presidente da Coopresa, o cooperativismo ajuda a tornar mais próspera a vida de um grupo de mais de 30 agricultoras familiares do Sul do Espírito Santo. A iniciativa partiu da Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Estado do Espírito Santo (Cafesul) e hoje o grupo de mulheres está à frente da produção de cafés especiais, com uma marca própria.
Desde que foi criada, em 2016, a iniciativa mudou a rotina de produção e a vida de muitas famílias do município de Muqui e localidades vizinhas. Aline Martins Ferreira Mauri, 33 anos, é uma das cooperadas responsáveis pela marca.
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