O cooperativismo surgiu com o objetivo de promover um sistema econômico mais justo e solidário, e como alternativa para os modelos de negócio tradicionais. Baseado em princípios de união, ajuda mútua e gestão democrática, o cooperativismo coloca o foco no coletivo, onde o protagonismo é dos cooperados — os verdadeiros donos da cooperativa.
O que são as sobras: o “cashback” do cooperativismo
Em organizações tradicionais, chamamos o excedente financeiro, após o pagamento de todas as despesas, de lucro. No cooperativismo, o saldo positivo é chamado de sobras, já que o propósito da instituição não é o lucro, e sim o desenvolvimento econômico e social dos cooperados e da cooperativa.
Para promover essa melhora, as sobras podem ser divididas entre os associados ou reinvestidas na própria organização. Assim, elas são direcionadas às operações, serviços e produtos. Seguindo o princípio cooperativista de gestão democrática, a decisão sobre a distribuição das sobras é feita durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO).
A prática pode ser vista como uma espécie de cashback, já que o associado está recebendo uma espécie de retorno por contribuírem com a cooperativa. Mas, o processo de distribuição não é tão simples quanto um cashback após uma compra. Vamos entender melhor?
Como funciona a distribuição das sobras?
Decidir para onde as sobras serão encaminhadas é uma tarefa que demanda a participação dos cooperados. O primeiro passo é a prestação de contas dos últimos 12 meses. Durante essa análise, feita no início do ano, a cooperativa deve elencar as receitas, os custos, as taxas e os valores arrecadados.
Com a demonstração financeira em mãos, está na hora de mostrá-la aos associados e eles devem aprová-la, ou não, por meio de uma votação. Após a aprovação das contas, os cooperados também decidem o destino das sobras – sempre de acordo com o estatuto da cooperativa.
Levando isso em consideração, uma parte das sobras integra fundos obrigatórios que visam garantir a sustentabilidade e prosperidade da cooperativa no longo prazo. Esse valor é usado para implementar melhorias aos associados, clientes e colaboradores. O restante é dividido entre os cooperados de forma proporcional à participação de cada um nas atividades da organização. Isso garante uma distribuição justa e igualitária.
Os associados podem receber o cashback cooperativo de diversas formas. Há a possibilidade de o valor ser creditado diretamente na conta do cooperado, por exemplo. Em algumas cooperativas, as sobras são convertidas em cotas de capital, aumentando a participação do cooperado nesse ativo.
Os benefícios das sobras para cooperados e comunidades
As sobras no cooperativismo trazem vantagens significativas que vão além do retorno financeiro para os cooperados, beneficiando também as comunidades onde essas cooperativas atuam. Vamos conhecer esses benefícios?
A redistribuição das sobras é importante para incentivar a participação ativa dos cooperados no dia a dia da cooperativa, e os estimular a consumirem mais produtos e serviços da organização. O cashback cooperativo também é responsável por fortalecer o vínculo do associado com a instituição, já que oferece um sentimento de pertencimento.
As comunidades onde as organizações estão inseridas também são beneficiadas pelo cashback das coops. Parte das sobras podem ser destinadas a projetos sociais na região onde a cooperativa atua, alavancando o desenvolvimento e fortalecendo a economia local.
As iniciativas também são responsáveis por melhorar a qualidade de vida da população residente. Os projetos, que podem focar na educação, infraestrutura e saúde, fortalecem a imagem do cooperativismo, incentivando a expansão do modelo de negócios.
Retorno das sobras e cashback: semelhanças e diferenças
Ao olharmos para o conceito do cashback e do retorno das sobras, observamos que ambos proporcionam um retorno financeiro ao usuário. No entanto, as diferenças residem nos seus propósitos e formas de distribuição.
Uma das grandes diferenças entre eles é que o cashback só acontece quando uma compra é feita. Normalmente, o desconto, ou reembolso, que consiste em uma porcentagem do valor pago, pode ser utilizado apenas no mesmo estabelecimento, e não é creditado na conta do usuário.
Já o retorno das sobras não depende de uma compra para ser redistribuído entre os associados. Ele acontece anualmente, após a demonstração financeira ser aprovada pela Assembleia Geral por meio de uma votação. Além disso, a distribuição das sobras acontece de forma proporcional às operações realizadas por cada cooperado.
Por fim, não podemos esquecer que receber cashback significa, na maior parte dos casos, que o usuário faz parte de um programa de fidelidade de algum estabelecimento ou banco. Já o retorno das sobras é prova que o associado faz parte da cooperativa e é um de seus donos.
O cashback é um instrumento cada vez mais usado e atrativo na economia digital, afinal, quem não gosta de receber um desconto nas próximas compras!? Mas, melhor do que isso é poder contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e solidária.
O retorno das sobras evidencia que o cooperativismo é um modelo de negócios inovador e à frente de seu tempo. Sem pensar no lucro da instituição, as cooperativas focam em melhorar a vida dos cooperados, colaboradores, clientes e moradores da região onde estão estabelecidas há cerca de 200 anos!
Fonte: SomosCoop