Numa época marcada por vários desafios globais, o cooperativismo se apresenta como importante fator de harmonia para o mundo. Em síntese, essa foi a mensagem deixada pelo presidente do Sindicato e Organização das Cooperativas de Minas Gerais (Ocemg), Ronaldo Ernesto Scucato. Junto com outras lideranças do setor e autoridades do governo de Minas, ele participou de reunião da Comissão de Desenvolvimento Econômico, na segunda-feira (23/6/25).
Solicitada pelo deputado Antonio Carlos Arantes (PL), a audiência pública discutiu, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), os avanços, desafios e perspectivas do cooperativismo no Estado.
O evento, que marca o Ano Internacional das Cooperativas, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), e foi o palco de homenagens às cooperativas vencedoras da edição 2023 do Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, categoria Ouro.
Ronaldo Scucato, considerado um dos maiores líderes do cooperativismo brasileiro, destacou alguns desafios a serem vencidos atualmente, como os impactos da mudança climática, a transição energética, a desigualdade social (tendo como consequência a insegurança alimentar e outros problemas) e a insegurança jurídica. “Dizem que o cooperativismo é hoje o soft power, o poder da harmonização, tão necessária”, elogiou.
Na visão do gestor, as cooperativas devem buscar a eficiência econômica, apresentando sobras aos cooperados. Outras áreas, como a social, vêm a reboque do êxito econômico: “Não se constrói paraíso social em cima de uma ruína econômica; tira-se um naco do sucesso econômico para aplicar no social, na qualidade de vida das pessoas”, defendeu.
Por fim, ele colocou como outro desafio para o setor a inserção de jovens no sistema cooperativo. “Eles chegam com fluência motora e cognitiva, para decidir com rapidez, pois tudo acontece com velocidade incrível. Precisamos dos jovens para decisões eficazes, mas, para isso, devemos dar a eles orientação profissional científica, desde a tenra infância”, propôs.
Cooperativas protegem cafeicultura
“Feliz é o povo mineiro, que tem essa qualidade do cooperativismo, desenvolvido pela Ocemg, uma entidade de confiança, que dá resultado, com números reconhecidos”, elogiou o deputado Antonio Carlos Arantes.
Cafeicultor no Sul de Minas, o parlamentar ressaltou a importância maior do setor neste momento de aumento da criminalidade envolvendo a cafeicultura. “Houve um roubo de duas carretas de café recentemente em Buritizeiro (Norte); e provavelmente, esse produto não estava na cooperativa”, afirmou.
Na avaliação de Antonio Carlos Arantes, a atuação conjunta dos cafeicultores nas cooperativas impede que ocorram crimes.
“Várias empresas, vários produtores tiveram o fruto do seu suor indo pelo ralo, muitos quebraram; e com as cooperativas isso não acontece”.
Mais de 23 milhões de cooperados no Brasil
Alexandre Gatti Lages, superintendente da Ocemg, apresentou números que mostram a pujança do cooperativismo, em Minas, no Brasil e no mundo. De acordo com ele, as cooperativas atendem a mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. No Brasil, são 4.509 entidades, com 23,4 milhões de cooperados, empregando 550 mil pessoas.
Em Minas, são 785 cooperativas, com cerca de 3,2 milhões de cooperados. Elas empregam 60 mil pessoas, com salário médio de R$ 3,5 mil, gerando R$ 3,1 bilhões em tributos para o Estado. De acordo com o gestor, são 191 cooperativas do agro, 182 de crédito, 118 de saúde, 160 de transporte, 33 de consumo, 54 de infraestrutura e 47 de trabalho, produção de bens e serviços.
Além disso, um oitavo ramo do cooperativismo foi aprovado, o de seguros. Do total de cooperativas mineiras, o maior percentual (34%) está na Região Metropolitana de Belo Horizonte, seguida do Triângulo, Sul e Zona da Mata.
Ele apresentou o projeto Minas Coop, desenvolvido pela Ocemg, que obteve um grande feito: 45 cooperativas criaram 109 usinas fotovoltaicas, as quais atendem a 65 entidades. Elas recebem energia elétrica gratuita, gerando renda para famílias pobres, que arrendam suas terras para construção de usinas.
Setor contribui muito para o PIB mineiro
Bruno Araújo de Oliveira, secretário-executivo da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SEDE) elogiou a iniciativa da ONU de, pelo segundo ano, homenagear as cooperativas, por meio do Ano Internacional do Cooperativismo.
O representante da secretaria completou que o setor é merecedor, pois vem obtendo crescimento gradual e constante em Minas Gerais. Em 2023, o setor contribuiu com R$ 129 bilhões, cerca de 15% do PIB estadual. Os números de 2024 ainda não foram fechados, mas a expectativa do gestor é de crescimento ainda maior.
Ao lembrar da meta do governo do estado de atingir 1 milhão de empregos gerados de 2019 a 2025, o secretário destacou que já foram gerados até agora 981 mil empregos em Minas, sendo 60 mil de cooperativas. Presidente do Conselho Estadual de cooperativas, ele parabenizou o setor e se colocou à disposição para ajudá-lo.
Agricultura familiar
Gilson de Assis Sales, subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, destacou a criação do Programa Estadual de Cooperativismo da Agricultura Familiar e Agroindústria Familiar de Minas Gerais (Cooperaf). Ele divulgou que, em 2022 e 2023, foram aportados para o programa R$ 1,5 milhão, o que permitiu o fechamento de 12 milhões de contratos. Para 2024 e 2025, a expectativa é de atingir R$ 4 milhões, com melhoria dos resultados.
Diplomas
Ao final da reunião, foram entregues diplomas com votos de congratulações a 13 cooperativas vencedoras da edição 2023 do Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, categoria Ouro. São elas: Coopama, Sicoob Central Crediminas, Cooperativa de Transporte de Cargas de Minas Gerais (Coopmetro), Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo dos Comerciantes de Confecções do Centro Nordeste Mineiro (Sicoob Credicenm), Coopatos, Sicoob credicooper Patrocínio, Sicoob Cred Rio Doce, Sicoob Coopemata, Sicoob Credicom BH, Sicoob Coopjus, Sicoob Nossacoop, Coocatrel e Unimed Conselheiro Lafaiete.
Fonte: Jornal Panorama Minas