O montante de recursos reservados para o agronegócio brasileiro pelo governo federal por meio do Plano Safra (2023/2024) é recorde. O pacote anunciado para pequenos produtores é de R$ 77 bilhões, 30% a mais do que em 2022. Já para médios e grandes agricultores, o valor é de R$ 364 bilhões, um aumento de 27% em relação à safra anterior.
Dos R$ 364 bilhões, R$ 272 bilhões estão destinados para custeio e comercialização e R$ 92 bilhões, para investimentos. Com relação às taxas de juros, para médios e grandes produtores, variam entre 8% e 12,5% ao ano. Já os pequenos produtores, da agricultura familiar, foram beneficiados com a queda dos juros de 5% para 4% ao ano.
No Espírito Santo, o programa vai liberar R$ 7,76 bilhões para apoiar a expansão e o aumento de produtividade de todas as cadeias do agronegócio.
“Para a próxima safra, temos um valor recorde de aplicações, o que indica o dinamismo econômico rural capixaba, a confiança dos agricultores nas suas atividades, a ampliação da produção e a melhoria da qualidade dos alimentos ofertados”, destaca o secretário estadual de Agricultura, Enio Bergoli.
Somente o Banestes, instituição pertencente ao governo do Estado, vai disponibilizar R$ 1 bilhão. A grande novidade do pacotão de crédito vai para quem utiliza sistemas de produção ambientalmente sustentáveis, com uma maior redução nos juros, o que significa que o produtor pode ter desconto nas taxas.
Para auxiliar nesse processo, o diretor de Negócios e Recuperação de Ativos do Banestes, Carlos Artur Hauschild, ressalta que os gerentes que atuam no atendimento ao produtor rural na instituição são treinados para orientá-los a cada safra. Como conhecem bem a economia da região em que atuam, podem indicar com segurança a linha de crédito que melhor atenderá o cliente dentro da finalidade desejada.
“Para o acesso às linhas de crédito, o produtor rural também conta com o apoio de consultorias agropecuárias credenciadas, que ajudam na elaboração do projeto técnico”, disse Carlos Artur Hauschild, Diretor de Negócios do Banestes.
Mas, antes de solicitar uma linha de crédito, Carlos Hauschild dá uma dica importante: é primordial o produtor rural observar, além da taxa de juros da operação, se o valor e o prazo estão adequados a sua expectativa.
Meio ambiente
As iniciativas que contribuem para a preservação do meio ambiente também são um dos objetivos principais do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
O superintendente de Agronegócio e Microfinança Rural do BNB, Luiz Sérgio Farias Machado, lembra que a instituição já vem buscando há tempos difundir, entre seus clientes, práticas de exploração sustentável dos recursos naturais, bem como a produção orgânica e de base agroecológica, promovendo eventos de sensibilização e capacitação.
“Além dos benefícios do consumo de alimentos saudáveis, as produções orgânica e agroecológica representam a oportunidade de inserção dos agricultores familiares em um mercado lucrativo em plena ascensão”, garante.
Luiz Machado destaca que, para o Plano Safra 2023/2024, o orçamento previsto é de R$ 20 bilhões, um crescimento de 33% em relação ao ano anterior. Para o Espírito Santo, serão destinados R$ 275,9 milhões.
Outras instituições financeiras tradicionais também operam o Plano Safra no Estado, como o Banco do Brasil, que tem R$ 3,2 bilhões na carteira para aplicar no território capixaba, e a Caixa Econômica Federal. São R$ 35 bilhões em suas principais linhas de crédito rural para agricultores familiares, pequenos e médios produtores, além de agroindústrias e cooperativas em todo o país. Para a agricultura familiar, estão disponíveis R$ 1,3 bilhão.
Foco na agroindústria
A agroindústria é o foco das linhas de crédito no Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), que vai disponibilizar recursos para implantação e modernização de empresas capixabas, atuando com financiamento específico de repasse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disponíveis para contratação desse tipo de projeto.
O gerente Comercial e de Relacionamento do Bandes, Ezequiel Loureiro, explica que, ao falar em agroindústria, as fronteiras entre o campo e as fábricas deixam de existir. Afinal, esse ambiente compreende um conjunto de atividades ligadas à transformação de matérias-primas vindas de diferentes segmentos, como agricultura, pecuária, aquicultura e silvicultura.
“Entre as opções de investimentos oferecidas pelo Bandes com as linhas de financiamento, estão aquelas ligadas à aquisição de maquinário, contribuindo para a melhoria da qualidade dos produtos agroindustriais e oferecendo soluções tecnológicas inovadoras e de impacto para a produção”, Ezequiel Loureiro, Gerente Comercial e de Relacionamento do Bandes.
Além disso, a instituição segue fomentando a busca por soluções mais sustentáveis, como as linhas de crédito para a aquisição de unidades de geração solar. Conforme balanço da instituição financeira cooperativa, o volume financiado em 2022 no Espírito Santo chegou a R$ 60 milhões, o que representa cerca de 1 mil unidades com geração desse tipo de energia.
“O conceito de agrotech tem tudo a ver com isso. A ideia é apoiar os empresários do setor agrícola para modernizar processos, gerar renda, aumentar a competitividade no mercado e contribuir com toda a sociedade capixaba”, explica Loureiro.
Cooperativas de crédito financiam ações sustentáveis
Assim como os bancos públicos, as cooperativas de crédito oferecem suporte financeiro aos produtores rurais para expandir o modelo de agronegócio mais sustentável no Espírito Santo.
O Sicoob disponibiliza recursos do Plano Safra. O gerente de Crédito e Agronegócios da organização, Eduardo Ton, explica que as produções sustentáveis, que estão sendo muito incentivadas pelo governo federal e contam com reduções de taxas, serão analisadas de acordo com o objetivo de cada projeto e enquadramento do produtor rural.
“Para o ano-safra 2023/2024, disponibilizaremos R$ 2,2 bilhões aos nossos associados, um aumento de mais de 46%. O agronegócio faz parte da história do Sicoob, pois nascemos no agro, apoiamos e continuaremos a apoiar o setor”, destaca Ton.
Já o Sicredi vai disponibilizar para o ciclo 2023/2024 do Plano Safra mais de R$ 60 bilhões aos produtores rurais em todo o país, o que representa um incremento de 16% em relação ao concedido no ano anterior. A previsão é que o volume liberado represente mais de 375 mil operações no país.
“Por estarmos muito próximos do associado capixaba, entendemos suas necessidades e conseguimos oferecer soluções sustentáveis que poderão contribuir para o desenvolvimento local, fomentando à geração de renda e emprego”, pontua o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port.
Na avaliação dele, há um interesse legítimo do associado capixaba em buscar alternativas mais sustentáveis para seus negócios e sua vida.
Eduardo Ton acrescenta que, com a obtenção dos recursos no momento real de suas necessidades, os produtores conseguem garantir a cobertura dos custos de produção ou compra de bens desejados e adquirir e aplicar os insumos nas épocas corretas, melhorando sua produtividade.
É bom lembrar que, para ter acesso às linhas de crédito, são levados em conta pelas instituições financeiras alguns fatores, como a atividade exercida, o tamanho da propriedade, a renda média e a finalidade de aplicação do dinheiro.
Os recursos podem ser aplicados em custeio, investimento, comercialização e industrialização.
As linhas de crédito são disponibilizadas por bancos públicos e privados e cooperativas de crédito, sendo financiadas com recursos próprios e com repasses do governo federal.
Em nível nacional, os maiores incentivos financeiros do Plano Safra são as linhas de crédito como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que ajudam o produtor – pequeno, médio e grande – a garantir as atividades produtivas para atender a demandas brasileiras e internacionais.
Fonte: A Gazeta
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