“Quando uma mulher sobe, puxa a outra.” Essa é uma expressão que reflete o apoio mútuo entre as mulheres. Em um contexto em que a figura feminina precisa sempre se reafirmar em diversos campos da vida – principalmente no profissional – a união é fundamental para a construção de uma sociedade com mais equidade.
Para destacar a importância do papel das mulheres no mundo dos negócios, em 19 de novembro é celebrado o Dia do Empreendedorismo Feminino. A data é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e reforça o protagonismo das mulheres no campo empresarial.
E dentro desse ambiente extremamente competitivo, um grupo de Gramado decidiu se unir e criar uma cooperativa de trabalho, com a máxima de: todas saem ganhando. Esse é o conceito do coletivo Valentinas.
A cooperativa começou como um projeto da Secretaria de Assistência Social, criado em 2018, como um grupo de convivência para mulheres em situação de vulnerabilidade social. Oficinas de costura eram oportunizadas como uma forma de geração de renda e autonomia financeira das participantes. Contudo, por ser uma política pública, algumas barreiras eram encaradas, como a de receber pagamento pela venda dos produtos.
Foi então que, neste ano, as mulheres foram convidadas a participar do AceleraCoop, um programa da Sicredi Pioneira que oferece mentoria e apoio a cooperativas associadas para o desenvolvimento de projetos com impacto social. A iniciativa é considerada pioneira no Brasil e as Valentinas tiveram como “fada madrinha” nesse processo a colaboradora Gabriela Riboli.
Desde abril, as nove integrantes do coletivo estão recebendo treinamentos e realizando encontros com profissionais para a montagem de um plano de negócios e estrutura da cooperativa de trabalho – que conta com um CNPJ desde setembro.
“Estávamos há bastante tempo buscando essa organização. Queríamos ter a autonomia de fechar negócios e chegar naquele lugar de geração de renda para que as mulheres tivessem renda suficiente para que pudessem fazer as suas próprias escolhas de vida”, destaca a presidente do grupo, Potira de Moura.
Foco na qualidade do produto oferecido
Semanalmente, as mulheres se reúnem para discutir as demandas e resolver as burocracias necessárias para o negócio funcionar. Além de Potira, Tauane Proença, Amallia Brandolff, Juliane Ferreira, Paulonne Tropnas e Sandra Beatriz Mantey são as cooperadas. Elas também contam com o apoio de três profissionais da pasta de Assistência Social, que são responsáveis pela articulação de políticas públicas sociais da prefeitura: Francine Bossardi, Emanuela Gasparim e Lisandra Domingues.
Cada uma possui um papel dentro da cooperativa, mas todas se ajudam e fazem essa construção coletiva, incluindo a distribuição dos lucros. “A gente quer fortalecer a nossa marca e ser reconhecida pelos produtos que fazemos. Estou no projeto para auxiliar com a comunicação e está sendo bem desafiador, pois nunca tinha trabalhado com moda”, acentua Amallia. “É muito bacana, pois esse processo todo está acontecendo entre mulheres que buscam o mesmo ideal”, complementa.
Francine é psicóloga de formação e conhece o projeto desde o início. Até março do ano que vem, a cooperativa finalizará todas as questões envolvendo o planejamento e estruturação do negócio e a ideia, segundo ela, é que volte a receber mulheres atendidas pela Assistência Social, mas que tenham esse perfil empreendedor.
“A gente sempre teve foco na qualidade do produto e na possibilidade de venda, mas não tinha uma meta e um plano de negócios. Com a mentoria e workshops, estamos com tudo muito mais profissional”, corrobora a servidora.

Sandra, de 49 anos, é uma das mulheres que conheceu o coletivo ao precisar contar com os serviços da Assistência Social. Como ela já sabia costurar, foi convidada a participar do projeto em meados de 2021. Mesmo com a proposta da cooperativa e das responsabilidades, decidiu continuar.
Atualmente, é vice-presidente. “Estou muito orgulhosa de fazer parte desse grupo. É daqui que vem o meu sustento e quanto mais eu trabalhar, mais vou ver a cooperativa crescer”, conta. Sandra é considerada pelas colegas como “mestre da costura”, pois ajuda a criar modelos de produtos, costura e ainda ensina as demais.
Produtos sustentáveis e coleção Florescer
A produção do grupo é de bolsas e acessórios. Há uma linha fixa de produtos, com ecobag, estojo e carteira, por exemplo. Esses itens são vendidos por uma média de R$ 60. Mas também há coleções que estão sendo trabalhadas e serão sazonais. Neste momento, é a Florescer.
O conceito surgiu como inspiração da primavera e da força da mulher. A definição ocorreu em julho e, como uma grata surpresa, o CNPJ foi ativado no dia 22 de setembro, no equinócio de primavera. A linha conta com uma pochete e quatro bolsas, com valores que vão de R$ 79 a R$ 389. Potira cita que a preocupação com a sustentabilidade é algo bastante presente na cooperativa.
A confecção utiliza materiais de reúso, menos poluentes ou que seriam descartados, como de indústrias calçadistas da região. Além da iniciativa ecológica, isso proporciona peças únicas.
“Temos o cuidado de trabalhar com materiais resistentes e que tenham o maior tempo de durabilidade possível, mas também que, quando forem descartados, não sejam uma matéria-prima tão agressiva”, assegura Potira.
Os produtos da cooperativa podem ser adquiridos no espaço físico, que fica na casinha 208 do território criativo Vila Joaquina, junto ao lago Joaquina Rita Bier, de segunda a sexta, das 9 às 12 horas e 13h30 às 17h30. Também é possível comprar pelo Instagram @coletivovalentinas ou em feiras.
Fonte: ABC Mais com adaptações da MundoCoop












