O mercado de trabalho do agronegócio brasileiro alcançou um marco histórico no segundo trimestre de 2025. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o setor empregou 28,2 milhões de pessoas, o maior número desde o início da série histórica em 2012. O contingente representa 26% do total das ocupações no país, reforçando a força do agro na estrutura produtiva nacional.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, o setor registrou crescimento de 0,9%, o que equivale a 244 mil novos postos de trabalho. No mesmo período, o mercado de trabalho brasileiro como um todo avançou 2,3%, equivalente a 2,43 milhões de pessoas.
Entre os segmentos do agronegócio, os destaques ficaram com insumos (+7,4%), agroindústria (+2,1%) e agrosserviços (+3,2%). Este último, sozinho, adicionou mais de 325 mil trabalhadores ao mercado, totalizando 10,5 milhões de ocupados, também um recorde histórico. Já o segmento primário, que reúne produção agrícola e pecuária diretamente, registrou queda de 2,6%.
Embora os rendimentos do agro ainda estejam abaixo da média brasileira, o setor apresentou avanços relevantes no segundo trimestre. A agricultura liderou com alta de 9,8%, seguida pela agroindústria pecuária (+7,3%), pecuária (+5,1%) e agroinsumos (+5,0%). Entre os trabalhadores por conta própria, a renda subiu 10,1%, reforçando que, mesmo partindo de um patamar inferior, o setor avança em direção a uma remuneração mais sólida e diversificada.
Presença feminina em expansão
Além do crescimento geral do setor, o segundo trimestre de 2025 trouxe avanço significativo na participação das mulheres no agronegócio. O contingente feminino aumentou 1,9%, com a entrada de 203 mil trabalhadoras, superando a expansão masculina, que foi de apenas 0,2% (41,5 mil trabalhadores).
Outro dado que evidencia a transformação do perfil da força de trabalho no campo é o aumento da escolaridade. O número de ocupados com ensino médio cresceu 3,4% (mais 371 mil pessoas), enquanto os com ensino superior avançaram 4,5% (mais 201,9 mil). Em contrapartida, houve retração de 8,5% entre os trabalhadores sem instrução e de 1,8% entre aqueles com apenas o ensino fundamental.
Cooperativismo no agro brasileiro
O agronegócio brasileiro não se destaca apenas pela sua capacidade de gerar empregos, mas também pelo papel das cooperativas agropecuárias na dinamização da economia. De acordo com o Anuário Coop 2025, o Brasil conta com 1.172 cooperativas agropecuárias, reunindo mais de 1,09 milhão de cooperados e responsáveis por 268,2 mil empregos diretos.
O avanço em 2024 foi expressivo: crescimento de 4,3% tanto no número de cooperados quanto no total de empregos em relação ao ano anterior. Esse desempenho reflete a solidez do setor, que ampliou sua atuação em diversos segmentos, com destaque para Insumos e Bens de Fornecimento (46,8%) e Produtos não industrializados de origem vegetal (43,3%), além de serviços (31,6%), produtos animais e industrializados.
Os indicadores financeiros confirmam essa força por meio do volume de ingressos totais, que atingiu R$ 438,3 bilhões em 2024, enquanto o ativo total chegou a R$ 307,5 bilhões. Outro destaque foram as sobras do exercício, que totalizaram R$ 30,2 bilhões, contra R$ 20,5 bilhões em 2023. Diferentemente do lucro nas empresas tradicionais, essas sobras são distribuídas entre os cooperados, injetando valor diretamente nas famílias e fortalecendo a economia regional.
Além disso, as cooperativas destinaram R$ 12,13 bilhões em salários e benefícios a seus funcionários, reforçando seu papel como empregadoras de qualidade e investidoras em capital humano.
Fonte: Agro Estadão e Conexão Safra com adaptações da MundoCoop