Os governos do Brasil e de Camarões assinaram um Memorando de Entendimento para estimular o desenvolvimento de um setor cacaueiro mais produtivo e sustentável nos dois países. O acordo, firmado pelos Ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa) do Brasil e da Agricultura de Camarões, estabelece ações de intercâmbio de experiências, inovações e tecnologias.
A medida visa ainda a promoção do cooperativismo e incentivo a novos modelos de gestão e comercialização. A implementação das iniciativas ficará sob a coordenação da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), vinculada ao Mapa, e da Sociedade de Desenvolvimento do Cacau (Sodecaco), de Camarões.
De acordo com o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Cooperativismo do Mapa, Pedro Neto, a assinatura do acordo representa um marco na cooperação internacional do setor. “Nosso desafio agora é fazer acontecer. É compartilhar tecnologia, práticas inovadoras e sustentáveis não apenas do ponto de vista climático, mas também ambiental e econômico”, afirmou.
O secretário destacou ainda que o Brasil já conta com um plano estruturado para a cadeia produtiva do cacau, que envolve: organização da produção, representação consolidada de produtores e indústrias e governança com articulação internacional. “Isso tem nos estimulado a nos reinventar e a buscar novos modelos de gestão”, completou.
O embaixador de Camarões no Brasil, Martin Mbeng, também celebrou a parceria, ressaltando os benefícios que a cooperação poderá gerar. “Nossos países são reconhecidos internacionalmente como grandes produtores de cacau. Essa iniciativa reforça nosso compromisso em aprimorar a produção e ampliar os resultados econômicos e sociais do setor”, disse.
Alta no setor cacaueiro
A valorização internacional da amêndoa nos últimos anos tem fortalecido experiências de cooperativas extrativistas no Brasil. A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), no Pará, mais que dobrou sua receita, passando de R$ 45 milhões até 2023 para R$ 124 milhões no ano passado. O salto foi impulsionado pela disparada do preço do cacau, que chegou a atingir US$ 13 mil por tonelada.
Segundo o presidente da Camta, Alberto Oppata, o momento foi excepcional, mas a expectativa agora é de acomodação. “Foi um boom significativo. Tivemos o preço do cacau saindo de US$ 3 mil para US$ 13 mil dólares. Neste ano, o plano é implementar algo para manutenção do preço. [A cotação] não se mantém em US$ 13 mil, mas deve ficar em US$ 5 mil ou R$ 6 mil”, avaliou.
Com produção entre 800 e mil toneladas anuais, o cacau não é o principal produto da Camta, que concentra 60% do faturamento no açaí. Ainda assim, cooperados têm investido na diversificação, com beneficiamento de chocolate, licores e até planos de geração de energia a partir de resíduos das frutas processadas.
Nova cooperativa em Alagoas fortalece cadeia produtiva
O movimento de organização dos produtores também ganhou força no Nordeste. Em Matriz de Camaragibe (AL), foi fundada a primeira cooperativa de cacau do estado, a Coopcacau, que já reúne 70 cooperados. A iniciativa conta com apoio do Sescoop/AL e prevê, além do cultivo da fruta, a produção de chocolates, chás, panetones e outros derivados.
Para o presidente da cooperativa, Ramon Dantas, o registro no Sistema OCB será fundamental para consolidar o crescimento. “O cooperativismo foi a forma que vimos para nos organizar e crescer. A gente entende que se registrar ao Sistema OCB vai nos ajudar a somar, pois os serviços oferecidos pelo Sescoop vão contribuir para o nosso desenvolvimento”, afirmou em entrevista à OCB.
O superintendente do Sescoop/AL, Adalberon Sá Júnior, destacou o potencial do projeto. “A constituição de uma cooperativa pioneira em produção de cacau é uma vitória para o cooperativismo alagoano. Os cooperados mostram que Alagoas tem condições de cultivar a fruta e oferecer produtos de alta qualidade. A Coopcacau pode contar com o Sescoop para se fortalecer ainda mais”.
Fonte: Agro Estadão com adaptações da MundoCoop