No cooperativismo, cada detalhe conta quando o assunto é aproximar pessoas e gerar conexões duradouras. Nos últimos anos, um movimento tem ganhado força entre as cooperativas financeiras: a criação de setores temáticos dentro das agências, projetados para oferecer experiências diferenciadas a perfis específicos de cooperados. Mais do que ambientes de atendimento, esses espaços se transformam em instrumentos estratégicos de relacionamento e identidade.
Inspiradas nas tendências do design corporativo e nas necessidades próprias do sistema, as cooperativas têm investido em projetos arquitetônicos e de interiores personalizados, que vão da escolha da iluminação à definição de paletas de cores, passando por mobiliário, climatização, acústica e elementos de decoração. A ideia é simples, mas poderosa, tornar a agência um reflexo da identidade da cooperativa e, ao mesmo tempo, um ambiente acolhedor para os diferentes públicos que a frequentam.
De acordo com Roberta Cirino, arquiteta e sócia da Cirino Sabadin, escritório responsável por mais de 330 projetos de agências cooperativas em todo o Brasil, cada obra nasce de um estudo aprofundado sobre o público-alvo: “O ponto de partida é sempre um briefing detalhado, seguido de um brainstorming que reúne a expertise da Cirino Sabadin. A partir disso, traduzimos as expectativas do cliente de como eles desejam transmitir para o cooperado, transformando em linguagem arquitetônica. Por exemplo, um setor agro pode ganhar elementos de design com texturas naturais e acabamentos que remetem ao campo, mantendo uma comunicação simples e acolhedora. Já um setor empresarial pode adotar cores mais sóbrias, mobiliários com linhas mais austeras e materiais nobres, transmitindo solidez e confiança”, explica.
Ambientação estratégica de sucesso
Um dos grandes exemplos dessa tendência é a nova Agência Cresol Dois Vizinhos, inaugurada em junho de 2025. Reconhecida como uma das maiores agências do sistema, ela traduz com clareza o potencial da setorização temática como ferramenta de conexão com o cooperado.
Segundo o gerente da agência, Fernando Zanin, a ambientação personalizada tem feito diferença no relacionamento diário. “É uma agência que você vê vários ambientes personalizados e projetados para o perfil de cada cooperado, seja pessoa física, jurídica ou até mesmo o cooperado do agro. Aqui encontramos um ambiente que acolhe, com as características do que o cooperado vivencia no dia a dia e com uma estrutura projetada para um atendimento mais personalizado, trazendo a raiz do campo. Isso para nós não tem preço”, destaca.
O projeto não se limita ao setor agro. A agência oferece ainda espaços preparados para empresas e pessoas físicas, além de ambientes que estimulam a convivência e o fechamento de negócios. “Nos deparamos com o cooperado dando feedbacks positivos. Já concretizamos vários negócios através das mesas do café, por exemplo, porque o cooperado não fica naquela pressão de sentar na sala de reunião. Ele se sente em casa em nossa agência”, acrescenta Zanin.
Uma tendência que veio para ficar
Para Alexandre Sabadin, engenheiro civil e sócio da Cirino Sabadin, a evolução das agências cooperativas seguirá cada vez mais esse caminho de segmentação e personalização. “Se antes o padrão era um layout genérico, com várias mesas no mesmo ambiente, hoje observamos um movimento em direção a espaços mais estratégicos, setorizados e personalizados, que ampliam a identidade da marca e estreitam a relação com o cooperado”, ressalta.
Esse modelo tem mostrado que é possível aliar estética, estratégia e identidade cooperativista. Cada espaço tematizado não apenas acolhe, mas também representa a cultura e os valores do público atendido, reforçando a sensação de pertencimento.
O resultado é claro, mais proximidade, mais negócios e mais confiança entre cooperativa e cooperados. O design estratégico, aliado à segmentação por perfil de público, não é apenas uma tendência, é o futuro das agências cooperativas.



Conteúdo exclusivo publicado na edição 125 da Revista MundoCoop